O governo da Bolívia afirmou nesta sexta-feira (6) que o aeroporto de Chimoré, em Cochabamba, foi ocupado por mais de mil seguidores do ex-presidente Evo Morales, que teriam gerado destroços no local.
“Hoje mais de mil pessoas da ala evista tomaram violentamente, pela segunda vez, o aeroporto de Chimoré. Quebraram cadeados, entraram no aeroporto e obviamente deixaram destroços neste aeroporto”, afirmou, em coletiva de imprensa, o ministro boliviano de Obras Públicas, Serviços e Moradia, Edgar Montaño.
Em vídeos divulgados pelo governo boliviano, é possível ver um grande grupo de pessoas caminhando no que parece ser a pista do aeroporto cerca das 10 da manhã do horário local (11h do horário de Brasília).
À CNN, o ministério de Obras Públicas, Serviços e Moradia afirmou no fim da tarde que algumas pessoas que invadiram o aeroporto continuavam no local e que “uma grande quantidade de troncos, galhos e pedras dispersas” foram deixadas na pista de aterrissagem.
Há vários dias, Cochabamba é palco de intensos protestos, com bloqueios de estradas, por apoiadores de Morales. Eles reivindicam que o ex-presidente possa concorrer nas eleições presidenciais de 17 de agosto.
Representantes de Morales chegaram a ir ao Tribunal Supremo Eleitoral para inscrever sua candidatura em maio, mas não foram autorizados. De acordo com justiça eleitoral do país, o ex-chefe de Estado não pode se candidatar porque seus partidos, Evo Pueblo e Partido de Ação Nacional Boliviano (Pan-Bol), não estão com a personalidade jurídica vigente.
Também há protestos contra a escassez de combustível e o encarecimento do custo de vida. Na última terça, 19 policiais ficaram feridos e dezenas foram presas durante as manifestações.
Nesta quinta, o governo de Luis Arce afirmou que irá recorrer à força pública se necessário para garantir a realização das eleições presidenciais. Para o ministro da Justiça da Bolívia, apesar de “desculpas” de temas conjunturais, as mobilizações parecem ter o objetivo de interromper o calendário eleitoral.
Morales acusa o atual governo de perseguição política. Já Arce afirma que o ex-presidente está disposto a levar a população à “violência generalizada, ao derramamento de sangue e à ruptura da ordem constitucional por suas ambições doentias de poder”.
A CNN procurou a equipe de Morales para comentar as acusações do governo Arce sobre a ocupação do aeroporto e aguarda retorno.