O Brasil e Omã completam 50 anos de relações diplomáticas, com cerca de US$ 1,8 bilhão em trocas comerciais. Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado enquanto fornecedor de produtos alimentícios ao país árabe, enquanto Omã se tornou um dos principais fornecedores de fertilizantes para o mercado brasileiro.
Mas por que esse sultanato que faz fronteira com Emirados Árabes, Árábia Saudita e Iêmen está atraindo tantos brasileiros e investimento nacional?
Uma das respostas é que Omã tem benefícios e facilidades para quem quer investir. E tem tentado atrair empresas brasileiras para as zonas francas do país, com o foco no desenvolvimento da agenda sustentável.
“Estamos honrados de ter uma delegação brasileira aqui em Omã, na Câmara de Comércio. E porquê os investidores brasileiros devem investir em Omã? Nós temos muitos incentivos para investidores, como dez anos de residência, acordo com vários países para o Brasil capitalizar. E mais importante: temos uma localização estratégica perto de grandes mercados, portos e zonas francas”, destacou à CNN Saba Qaboos Al Rawas, chefe do setor de economia da Câmara de Comércio e Indústria de Omã.
Na semana passada, foi realizado o 2º Fórum Econômico Brasil-Omã, em Mascate, capital do país, com empresários brasileiros fechando parcerias com empresários omanis.
Jéssica Cavalcante, de Belém (PA), foi uma delas. Participou do evento para apresentar seu projeto sustentável chamado de “Oásis”, que trata água de indústrias e também da chuva para abastecer cidades, regiões ou campos.
“O projeto de sustentabilidade é de extrema importância para a região. Ainda mais quando trazemos um projeto que se adequa ao clima árido da região”, conta.
Oscar Froener é cirurgião dentista do Rio Grande do Sul e também foi a Omã conhecer as clínicas da região para fazer negócios. Outros setores, como construção civil e entretenimento também foram levados.
O advogado de Brasília Marcelo Lucas está pela segunda vez no país. Ele tem escritório na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes, mas os olhos se voltaram para Omã recentemente e até criou essa delegação de empresários.
“A gente começou a observar que as empresas estão interessadas nos produtos brasileiros e estamos prontos para o novo fórum do ano que vem”, explicou.
Omã tem três portos de frente para o Oceano Índico, no Golfo de Omã e no Mar Arábico. E todos estão se tornando parceiros de empresas e da agroindústria no Brasil.
Em 2023, para se ter uma ideia, o Brasil exportou cerca de US$ 330 milhões para Omã em produtos do agronegócio, um aumento de 70% em comparação com 2022. Esse valor dá mais de 1 bilhão de reais.
Uma das empresas brasileiras que mais investe em Omã é a multinacional Vale, que é líder global em mineração e opera um centro de distribuição e uma usina de pelotização em Sohar, no golfo, a duas horas de distância da capital, Mascate.
Em Omã, a empresa também pretende construir um dos três mega hubs anunciados para o Oriente Médio.
Mega Hubs são complexos industriais para produção de HBI (hot-briquetted iron ou ferro-esponja), produto intermediário entre o minério de ferro e o aço que pode ser usado para a produção de aço de baixa emissão nos fornos elétricos a arco.
A empresa explica que os mega hubs utilizarão a rota de redução direta com gás natural como combustível e poderão adotar o hidrogênio verde no futuro, favorecendo a produção de aço com zero emissão.
A produção de HBI pela rota de redução direta emite 50% a 70% menos CO2 do que a produção de ferro-gusa pela rota de alto-forno. Os outros dois mega hubs no Oriente Médio serão na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Dessa forma, além das belezas das cidades construídas no deserto, há as oportunidades que o país oferece e até convida para que investidores internacionais conheçam esse sultanato conservador, religioso, mas receptivo a turistas.
*O repórter viajou a Omã a convite do Fórum Econômico Brasil-Omã