O ativista brasileiro Thiago Ávila é um dos voluntários que estavam no barco humanitário interceptado pelo exército israelense, na noite deste domingo (8).
A embarcação “Madleen” estava a caminho da Faixa de Gaza para entregar um carregamento simbólico de ajuda humanitária, incluindo arroz e medicamentos. A ativista climática Greta Thumberg também estava entre os passageiros.
Thiago é um ativista humanitário reconhecido com mais de 750 mil seguidores em suas redes sociais, onde se dedica a publicações em ações humanitárias em diversos países como Líbano, Cuba e Bolívia. Ele é membro do Freedom Flotilla Coalition (FFC), uma organização voltada a prestar ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.
O brasileiro compartilhou toda seu trajeto marítimo dos últimos dias para quebrar o cerco de Israel em Gaza. Há cerca de 13 horas, ele publicou um vídeo, já no mar, em que afirma: “nós estamos para ser atacados pelo mais cruel e odioso exército do mundo“.
As publicações seguintes são de Thiago e dos outros voluntários durante a interceptação israelense. “Nós estamos sendo atacados!”, escreveu.
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Poucas horas depois, com a página do Instagram de Thiago já controlada por familiares, foi publicado um vídeo do ativista em que ele diz que, “se você está assistindo a esse vídeo, quer dizer que fui detido ou sequestrado por Israel ou outra força cúmplice no Mediterrâneo, em nosso caminho para a Faixa de Gaza para romper o cerco”.
Assista abaixo:
Em seguida, a esposa de Thiago, Lara, divulgou uma mensagem também confirmando a iniciativa israelense. O casal é pai de uma menina de 1 ano, Teresa.
“Nós precisamos da ajuda de vocês, que cobrem todos os parlamentarem que conhecem, o Itamaraty, o governo brasileiro, todo mundo… para trazer o Thiago de volta”, disse Lara na mensagem.
Em nota, a assessoria de Thiago Ávila denunciou o sequestro, “em clara violação do direito marítimo e humanitário“. Leia abaixo na íntegra:
“A Flotilha da Liberdade denuncia a interceptação ilegal da embarcação Medleen, que partia em missão humanitária rumo à Faixa de Gaza com alimentos e suprimentos médicos para a população palestina cercada e em situação crítica.
Entre os tripulantes estavam a ativista sueca Greta Thunberg, reconhecida mundialmente por sua atuação em defesa do clima e dos direitos humanos, e o brasileiro Thiago Ávila, militante de justiça climática e integrante de movimentos sociais latino-americanos. O barco foi violentamente abordado por forças navais de Israel em águas internacionais, em clara violação do direito marítimo e humanitário. Desde então, toda comunicação com a tripulação foi cortada, e os ativistas estão desaparecidos sob custódia do exército israelense, em um ato que configura sequestro de civis em missão humanitária.
Condenamos com veemência este ataque contra defensores dos direitos humanos e da vida, e exigimos a imediata libertação dos tripulantes, a restituição da embarcação Madleen e a entrega da ajuda humanitária ao povo palestino. A Flotilha da Liberdade reafirma seu compromisso com a solidariedade internacional, com a justiça e com o fim do bloqueio ilegal à Faixa de Gaza”.
Governo acompanha interceptação
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota nesta segunda-feira (9) afirmando que está acompanhando a detenção e interceptação feita pela marinha de Israel, da embarcação que levava o ativista brasileiro Thiago Ávila à Faixa de Gaza.
O navio, interceptado por Israel no domingo (8), levava uma tripulação de 12 ativistas. Além do brasileiro, a ativista climática Greta Thunberg, o ator de “Game of Thrones” Liam Cunningham e Rima Hassan — deputada francesa no Parlamento Europeu — estão entre os passageiros do Madleen.
“Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, escreveu o ministério.
A embarcação partiu da Itália em direção à costa de Gaza no domingo (1º) com o objetivo de levar itens básicos de ajuda humanitária ao território palestino.
O comunicado ainda reforçou o pedido para que Israel remova imediatamente as restrições à entrada de ajuda humanitária no local, seguindo as próprias obrigações “como potência ocupante”.