O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9) que avisou o ex-presidente de que os militares que assinaram carta de pressão aos comandantes das Forças Armadas seriam punidos. Segundo Cid, Bolsonaro “ficou só olhando”.
Durante interrogatório no STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) questionou Cid sobre se Bolsonaro teria manifestado algum apoio ao incentivo à divulgação da carta. Cid disse que não.
O tenente-coronel afirmou que “era obvio” que os militares seriam punidos, já que manifestações políticas são proibidas e “inadmissíveis” no meio militar.
“Mas depois que informei ao presidente sobre a carta que estava sendo feita, não houve nenhuma determinação ou nada para incentivar que essa carta fosse assinada. Até comentei com o presidente, avisei que os militares seriam punidos. […] Sinceramente, acho que o presidente só ficou olhando para mim, não comentou nada”, disse.
A carta a qual Cid e a PGR se referem foi assinada por oficiais da ativa das Forças Armadas e divulgada após as eleições daquele ano. De acordo com a denúncia, a intenção era que o documento pressionasse os comandantes das Forças Armadas a tomar alguma iniciativa para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O STF começou a realizar, nesta segunda (9), os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. Mauro Cid é o primeiro a ser ouvido.
Ao todo ainda serão ouvidos oito réus, são eles:
- Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022.