Se alguém não gosta do seis que tal trocar por meia dúzia? É o que o governo está tentando fazer com o Congresso, que não gostou nem um pouco do seis — isto é, aumento do IOF para cobrir buraco no Orçamento.
O governo então deu em parte uma recuada no aumento do IOF e para cobrir o mesmo buraco veio com outras propostas de aumento de receitas: leia-se aumento de impostos. Ou seja, propôs no lugar do seis um meia dúzia.
Houve apenas uma troca de receitas para resolver um problema fiscal, mas sem cortes efetivos de gastos públicos. Seguindo uma grande resistência na sociedade, que não aguenta mais aumento de impostos, os chefes das casas legislativas ameaçaram eles mesmos tomar as rédeas de uma politica fiscal que contemple não só aumento de receitas, mas sobretudo cortes de gastos.
Mas isso é só parte da postura dos líderes parlamentares. A outra é o velhíssimo jogo político de Brasília, no qual empurra-se questões de fundo em troca de posturas políticas vantajosas — para esses líderes partidários — no curtíssimo prazo. Ou seja, ter o Executivo acuado acaba sendo sempre um bom negócio.
O ponto central é o fato de que a atual política fiscal traz embutido um colapso já logo após as próximas eleições — isto, segundo o próprio governo. Um pacote levado ao Congresso que simplesmente troca seis por meia dúzia não resolve o confronto político com o Congresso. E muito menos a questão de fundo, a mesma de sempre. A de um governo achando que consegue viver com despesas sempre subindo mais que receitas.