Rússia e Ucrânia trocaram prisioneiros de guerra com menos de 25 anos nesta segunda-feira (9), em cenas emocionantes de retorno ao lar, o primeiro passo de uma série de trocas que podem se tornar as maiores da guerra até o momento.
O evento foi resultado de negociações diretas entre os dois lados em Istambul, em 2 de junho, que concordaram em um acordo para a troca de pelo menos 1.200 prisioneiros de guerra de cada lado e para o repatriamento de milhares de corpos daqueles que morreram na guerra entre Rússia e Ucrânia.
O retorno dos prisioneiros de guerra e a repatriação dos corpos dos mortos é um dos poucos pontos em que os dois lados conseguiram chegar a um acordo, já que negociações mais amplas não conseguiram acabar com a guerra, agora em seu quarto ano.
Os combates continuaram, com a Rússia afirmando nesta segunda-feira que suas forças haviam tomado o controle de mais território na região centro-leste de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, e Kiev afirmando que Moscou havia lançado seu maior ataque de drones da guerra.
Autoridades em Kiev disseram que alguns dos prisioneiros ucranianos que voltaram para casa nesta segunda-feira estavam em cativeiro russo desde o início da guerra.
Em um ponto de encontro para os prisioneiros ucranianos que retornavam, logo após cruzarem de volta para o norte da Ucrânia, um oficial entregou um celular a um dos homens libertados para que ele pudesse ligar para sua mãe, segundo o que mostrou um vídeo divulgado pelas autoridades ucranianas.
“Oi, mãe, cheguei, cheguei!”, gritou o soldado ao telefone, lutando para recuperar o fôlego, tomado pela emoção.
Os ucranianos libertados foram posteriormente levados de ônibus para um hospital no norte da Ucrânia, onde passariam por exames médicos e receberiam banho, alimentação e kits de cuidados, incluindo celulares e sapatos.
A alegria foi misturada à tristeza, pois do lado de fora do hospital havia uma multidão de pessoas, a maioria mulheres, procurando por parentes que desapareceram enquanto lutavam pela Ucrânia.
As mulheres seguravam fotos dos homens desaparecidos na esperança de que um dos prisioneiros de guerra que retornavam os reconhecesse e compartilhasse detalhes sobre o que aconteceu com eles. Algumas esperavam que seus entes queridos estivessem entre os libertados.
Oksana Kupriyenko, de 52 anos, segurava uma imagem de seu filho, Denys, desaparecido em setembro de 2024.
“Amanhã é meu aniversário e eu esperava que Deus me desse um presente e me devolvesse meu filho”, disse ela, em meio às lágrimas.
Assistência psicológica
Nenhum dos lados informou quantos prisioneiros foram trocados nesta segunda-feira, mas o Ministério da Defesa russo afirmou em seu próprio comunicado que o mesmo número de militares foi trocado por ambos os lados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um discurso em vídeo, disse que as trocas, em conversa com o lado russo, seriam conduzidas em várias etapas.
“O processo de troca deve levar mais de um dia. Os detalhes do processo são bastante delicados”, afirmou. “É por isso que atualmente há menos informações do que o normal.”
Zelensky também disse que as forças ucranianas estavam envolvidas em combates intensos perto de Pokrovsk, no leste, dentro da região russa de Kursk, e também na região ucraniana de Sumy, onde as forças russas tentam estabelecer presença em vários vilarejos fronteiriços.
O assessor do Kremlin, Vladimir Medinsky, afirmou no fim de semana que uma primeira lista de 640 prisioneiros de guerra havia sido entregue à Ucrânia.
O exército russo informou que seus militares retornados estavam agora na Belarus, um aliado próximo da Rússia, onde recebiam assistência psicológica e médica antes de serem transferidos para a Rússia para cuidados adicionais.
Imagens transmitidas pela agência de notícias estatal russa RIA mostraram um grupo de soldados russos libertados a bordo de um ônibus levantando as mãos e gritando: “Viva, estamos em casa!”.
O mesmo grupo foi mostrado segurando uma bandeira russa e gritando “Rússia! Rússia!” antes de embarcar no ônibus.
“É muito difícil expressar o que estou sentindo agora. Mas estou muito feliz, orgulhoso e grato a todos que participaram deste processo, da troca e de nos trazerem para casa”, disse um soldado russo libertado.
Ambos os lados afirmam que a intenção da rodada de trocas de prisioneiros é também entregar pessoas gravemente doentes ou gravemente feridas. As pessoas vistas sendo entregues até agora nesta segunda-feira pareciam estar saudáveis e em boas condições.