O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, declarou, nesta terça-feira (10), que a minuta do golpe, encontrada pela Polícia Federal em sua casa, era “minuta do Google”.
“Na verdade, ministro, eu brinquei, não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque tá no Google até hoje. Esse documento, ministro, foi entregue ao meu gabinete, no Ministério da Justiça, eu levava diariamente duas pastas pra minha residência. Uma delas com agenda do dia seguinte, eventuais minutas de discurso e outra com documentos gerais que vinham do Ministério. Eu realmente nem me lembrava dessa minuta, fui ver isso quando foi apreendido pela Polícia Federal, foi uma surpresa.”, disse o réu durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF).
Torres disse ainda que a minuta ser encontrada em sua residência foi “uma fatalidade” e que deveria ser “destruída”.
“Isso foi colocado pra ser descartado. Eu nunca tratei isso com o presidente da República, eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete no Ministério da Justiça. Foi organizado pela minha assessoria que isso veio num envelope dentro e foi parar na minha casa. Mas eu nunca discuti esse assunto, nunca trouxe isso a tona. Foi uma fatalidade que aconteceu, porque já era pra ter sido destruída há muito tempo. Não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer. Eu nunca nunca nunca discuti esse assunto”.
Durante operação da Polícia Federal, foi encontrada na casa do ex-ministro um documento que pedia uma intervenção contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o chamado “estado de defesa”, para anular o resultado da eleição, de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Interrogatório no STF
O STF está no segundo dia de interrogatório, nesta terça-feira (10). Os oito réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022 serão ouvidos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, o delator tenente-coronel, Mauro Cid, e o ex-ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto.
A Primeira Turma do STF reservou os cinco dias desta semana para os interrogatórios.