BC não deve baixar juros a 9% nos próximos dois anos, diz Itaú BBA

O vice-presidente de Política e Economia do Itaú BBA, Luiz Cherman, afirmou nesta quarta-feira (11) que não vê espaço para o Banco Central (BC) diminuir a taxa de juros abaixo dos dois dígitos no curto prazo.

Em encontro com CFOs realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF) de São Paulo, Cherman disse que a inflação persistente no setor de serviços não deve permitir que a autoridade monetária realize um ciclo de corte mais robusto.

“Na nossa avaliação o Banco Central pode começar a cortar os juros no início do ano que vem, mas cortará até 12,25%, não vemos menos que isso. É um processo gradual de convergência de inflação para a meta, que vai fazer com que os juros mantenham esse nível, ou tenham quedas pequenas, por um bom momento”, declarou.

Segundo o executivo, a alta dos preços persistente mesmo com o crédito mais restrito pela alta dos juros se deve ao aquecimento do mercado de trabalho.

“A inflação de serviços está quase 7% porque o mercado de trabalho está muito apertado. A taxa de desemprego é a menor há muito tempo”, pontuou.

Cherman citou uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) na qual o número de trabalhadores que dizem estar difícil arranjar emprego tem caído. Além disso, declarou que o nível dos brasileiros buscando outro emprego aumentou, o que mostra perspectivas mais altas de carreira dos profissionais.

Vantagens do Brasil

O vice-presidente de Política e Economia do Itaú BBA disse que enxerga oportunidades para o Brasil devido ao cenário macroeconômico.

Em razão das tarifas dos Estados Unidos e das incertezas provocadas pelas políticas econômicas do presidente Donald Trump, o real pode acabar se valorizando e o Brasil se beneficiando com a ampliação de atuação nos mercados.

“O Brasil pode se beneficiar exportando mais manufatura dos EUA, que vai comprar menos da Ásia. E pode exportar mais para a Ásia também, se eles pararem de comprar dos americanos”, declarou.

Para o executivo, as incertezas geradas pela guerra comercial em vigor fazem com que o mercado passe a buscar proteção com a ampliação do portfólio em outras moedas.

“Tudo o que acontece com o real nós achamos que é por causa do que acontece aqui, mas geralmente é o oposto”, acrescentou.

“A palavra chave para os investidores americanos e de outras partes do mundo é diversificação. Diversificar para outras moedas além do dólar, ainda que a maioria da posição seja na moeda americana”, concluiu.

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