Após retornar de viagem à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu duas vezes com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na terça-feira (10), para finalizar os detalhes da Medida Provisória (MP) que propõe alternativas ao decreto que elevou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
As medidas apresentadas já vinham sendo negociadas com os presidentes da Câmara e do Senado desde o último domingo. No entanto, a demora em submeter o texto à análise de Lula criou um vácuo político, segundo parlamentares da base governista, que acabou sendo ocupado pela oposição, fortalecendo críticas ao governo.
Esses mesmos parlamentares avaliam que a centralização das decisões no presidente atrasa a articulação política e prejudica o andamento das negociações com o Congresso Nacional. De forma reservada, ministros admitem que Lula tem conduzido medidas econômicas com pouca agilidade, dificultando a construção de consensos.
A situação se agravou ainda mais na quarta-feira (11), quando lideranças do PP e do União Brasil, partidos que possuem ministérios, se manifestaram publicamente contra as propostas do governo.
As alternativas apresentadas, que envolvem aumento de tributos para compensar a perda de arrecadação com o IOF, foram rejeitadas pelas duas siglas, que devem fechar questão contra o texto do executivo.
O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, criticou duramente a estratégia do governo:
“Taxar, taxar, taxar não pode e não será nunca a saída. É preciso cortar despesas. Se o governo não assumir sua parte e apresentar propósitos reais de enxugar essa máquina pesada e pouco eficiente, nós não vamos aceitar entregar essas contas ao brasileiro.”
A reação dos partidos evidência, segundo parlamentares, a crescente dificuldade do governo Lula em equilibrar responsabilidade fiscal com sua agenda de gastos sociais.