
Rafael Augusto Serafim, de 30 anos, adotou o cão Barthô no dia 15 de maio, em São José do Rio Preto(SP). Já Ana Carolina Washington, de 20 anos, levou o gatinho Brasa para casa em Araçatuba (SP). Barthô (à esquerda), cachorro que foi adotado após 11 anos em Rio Preto, e Brasa (à esquerda), gato que estava havia pouco mais de um ano esperando adoção em Araçatuba (SP)
Arquivo pessoal
Quando o assunto é adoção, é comum que as pessoas pensem em escolher um animal jovem, com poucos meses de vida, mas como ficam aqueles que já são mais velhos? Pensando nisso, um morador de São José do Rio Preto (SP) levou para casa um cão que aguardava uma família havia 11 anos em um abrigo.
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O analista de planejamento sênior Rafael Augusto Serafim, de 31 anos, teve o primeiro contato com o pet em uma feira no dia 15 de maio, promovida pela empresa onde ele trabalha atualmente. Serafim, que teve convívio com animais de estimação durante a infância, revelou ao g1 que foi amor à primeira vista.
“Sempre tivemos cachorros e sempre amei eles. Então, queria trazer essa experiência para a minha vida adulta. Eu e minha esposa começamos a morar juntos há cerca de dois anos, e uma iniciativa da empresa, com a feira de adoção, foi esse ‘empurrão’ para tornar isso realidade”, explica.
Em seu novo lar, o bicho recebeu o nome de Barthô. O fato de ser um cachorro idoso foi algo que chamou a atenção de Rafael e justamente o preconceito que muitos têm foi o que o motivou a tomar essa decisão.
“Muita gente acredita que cães idosos são mais difíceis, mas, na verdade, é o oposto. Eles têm um temperamento definido, são mais tranquilos, não mordem tanto quanto os mais jovens e fazem menos barulho”, explica.
O analista de planejamento revelou ainda que, por morar em apartamento, a rotina do cão precisou ser adaptada e monitorada pelos moradores do local.
“Os primeiros dias foram desafiadores, pois ele passou muito tempo no abrigo, ganhou peso e sentiu falta do ambiente com o qual estava acostumado. Mas estabelecemos uma rotina com alimentação regrada e caminhadas pela manhã e à tarde para ajudá-lo na adaptação. Hoje ele é meu companheiro”, explica.
Barthô, cachorro que foi adotado por um analista de planejamento de Rio Preto (SP) em uma feira de adoção
Arquivo pessoal
No começo, o cachorro mal conseguia se levantar da cama, mas, com o tempo, passou a fazer isso sozinho e, hoje, já tem outra disposição. Apesar dos desafios, Serafim revela que receber o carinho de Barthô é algo gratificante e se tornou a prova de que valeu a pena levá-lo para casa. O clima ficou mais leve e descontraído no imóvel.
“Agora, ele nos recebe com pulos e lambidas quando chegamos do trabalho. Ver essa alegria e evolução mostra que está reconhecendo o carinho e a rotina que criamos para ele. Esses pequenos avanços nos mostram que estamos melhorando a vida dele e, sem dúvida, ele está melhorando a nossa”, conta.
Para aqueles que ainda têm dúvidas sobre os benefícios da adoção, o tutor do Barthô deixa um conselho: “Não se deixem levar por rótulos de cachorros idosos ou cachorros novinhos. Todos eles precisam de um lar e alguém para amar”, finaliza.
Barthô foi adotado pelo analista de planejamento de Rio Preto (SP) justamente por ser um cachorro com mais idade
Arquivo pessoal
A companheira que faltava
A adoção tardia também faz parte da história de Brasa, um gato sem raça definida que foi resgatado pela equipe do hospital veterinário de uma faculdade de Araçatuba (SP), no dia 2 de fevereiro de 2024.
O animal foi localizado na rua, machucado e em estado de abandono. A suspeita dos veterinários do hospital é de que alguém tenha jogado água quente na cabeça dele, o que explica as cicatrizes de queimadura na cabeça e na pata.
Depois de pouco mais de um ano, o felino foi adotado pela estudante de medicina veterinária Ana Carolina Washington, de 20 anos. À reportagem, ela revelou que já procurava uma companhia, afinal começou a morar sozinha ao ingressar no ensino superior.
Brasa foi adotado por Ana Carolina, de Araçatuba (SP)
Arquivo pessoal
“Eu já procurava um animalzinho que estava havia mais tempo para adoção. Eu já fui voluntária de uma ONG e sei que sempre tem algum que fica mais tempo esperando um lar”, explica.
Em 10 de fevereiro, a jovem assistiu a uma palestra na faculdade, quando foi apresentado o hospital veterinário aos calouros. Na ocasião, a responsável pelo local falou sobre Brasa, que estava necessitando de um lar.
“De cara me apaixonei. Ao longo dos dias, eu fui visitar ele, mas primeiro ele precisava fazer uma cirurgia na boca. No dia em que ele fez a cirurgia, já levei para casa para que ele se recuperasse e eu cuidasse dele no pós-operatório” , conta.
Brasa quando precisou ficar internado por conta dos machucados
Arquivo pessoal
Devido aos indícios de maus-tratos, o felino demorou alguns dias para entender que sua nova moradia era segura e repleta de amor e carinho.
“Antes da adoção, ele já sabia o que era carinho e amor. Ele recebeu muito isso no período em que ele estava internado. Mas, depois, ele ainda era um gato que tinha muito medo, receio de tudo e preferia ficar no cantinho dele. Após a adoção, ele descobriu ainda mais o que é o amor, casa, segurança e aprendeu também a ser confiante”, explica.
Brasa e sua tutora Ana Carolina Washington, de Araçatuba (SP)
Arquivo pessoal
Paciência e flexibilidade são algumas das qualidades que a tutora desenvolveu após iniciar o convívio com seu parceiro de quatro patas.
“Ele me ensinou a ser paciente e cuidadosa. Todo dia não vejo a hora de chegar em casa para abrir a porta e ele vir miando me receber. Ele ganhou uma melhor amiga, e eu ganhei um melhor amigo.”
Entretanto, antes de praticar o gesto de amor e generosidade, é importante ter consciência da responsabilidade que um animal requer. Para Ana Carolina, foi uma decisão muito bem pensada. “É algo que exige responsabilidade, mas que transforma as vidas”, finaliza.
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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