É público e notório que o governo brasileiro não enxerga o país dentro de uma crise fiscal. Embora seja obrigado a contingenciar e bloquear verbas, pela simplérrima razão de que receitas não cobriram despesas.
No máximo, o governo Lula 3 enxerga dificuldades no controle das contas públicas. Dificuldades que, seguindo o velho cacoete do partido do governo, o PT, foram causadas pelo governo anterior — e por um Congresso cioso apenas das próprias verbas, sem responsabilidade fiscal.
Mas de jeito nenhum pela própria política fiscal, cuja principal característica é um esquema pelo qual despesas sobem mais do que as receitas.
É bastante óbvio que alguma coisa mais abrangente, profunda e, como ficou na moda dizer agora, estruturante, tem de ser feita.
Mas, enquanto isso não acontece, o Lula 3 sobe impostos — e na base da improvisação.
Chocou-se, porém, com a aversão generalizada por vastos setores da sociedade. E uma fatia bem relevante do Congresso, com o qual abriu uma disputa ácida.
“Vocês, parlamentares, aprovam o que eu, governo, quero — inclusive aumento de impostos — ou eu dificulto suas queridas emendas.” Com uma mãozinha do STF.
Causou bem menos repercussão o apelo do Lula 3 à cartilha populista de sempre, que é dizer que está tomando dos ricos para ajudar os pobres.
Essa disputa política assumiu contornos mais ácidos do que o jogo de empurra-empurra habitual entre Congresso e Executivo.
Mas nenhuma solução à vista para o problema de fundo.
Todos estão falando muito, enquanto todos nós afundamos juntos.