O ativista brasileiro Thiago Ávila desembarcou por volta das 6h40 da manhã desta sexta-feira (13) no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, após ter sido detido por forças de segurança de Israel. Ele participava de uma missão humanitária internacional com destino à Faixa de Gaza, quando o barco em que estava com outros 12 ativistas — com Greta Thunberg entre eles — foi interceptado em águas internacionais.
Visivelmente cansado e ainda vestindo as roupas do presídio israelense, Ávila foi recebido por dezenas de pessoas, além de sua esposa e da filha pequena, que o aguardavam no saguão do aeroporto. Em suas primeiras palavras aos jornalistas, ele falou sobre os valores que, segundo ele, motivaram a missão.
“A gente tentou o máximo que a gente pode levar a nossa missão humanitária com alimentos, medicamentos, muletas, filtros de água, próteses para crianças amputadas, pro lugar que elas são mais necessárias para o mundo hoje”, disse.
Segundo Ávila, o barco foi interceptado ainda em águas internacionais, a mais de 100 milhas náuticas da costa, após horas de bloqueio de comunicações.
“Esse processo de interceptação aconteceu em águas internacionais, a mais de 100 milhas náuticas. Tinham três horas que eles já estavam interceptando o nosso sistema de navegação e a nossa comunicação. Só que a gente tinha outros métodos de navegação, que não dependem de aparelhos eletrônicos, e estávamos indo rumo a Gaza mesmo assim. Primeiro eles enviaram dois barcos, depois dois drones — e a gente sem saber quais drones eram esses. Depois interceptaram a gente, renderam todo mundo”, afirmou.
Ao comentar sua prisão, o ativista confirmou que se recusou a assinar os documentos de deportação, como fizeram outros ativistas, entre eles Greta Thunberg e dois cidadãos franceses que optaram por retornar imediatamente aos seus países. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, os que se recusassem a assinar seriam submetidos a processos judiciais.
O ativista cobrou uma reação mais contundente do governo brasileiro diante do episódio e fez um apelo por mobilização internacional. “Está todo mundo nas ruas, todo mundo nas redes, todo mundo nas mais variadas ações, pra gente fazer alguma coisa. O que que é que o mundo vai fazer pra deter esse horror? Eu só sou mais um aliado.”
A missão humanitária da qual ele fazia parte levava mantimentos, medicamentos, equipamentos médicos e próteses para crianças vítimas da guerra em Gaza. A ação foi organizada por ativistas internacionais e tentava romper o bloqueio imposto por Israel à região.