MP arquiva denúncia contra policiais militares que participaram de vídeo queimando cruz no interior de SP


O Ministério Público (MP) arquivou a denúncia na esfera cível contra os policias militares do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP). O g1 tenta contato com a PM. Vídeo de policiais militares queimando cruz em São José do Rio Preto (SP)
O Ministério Público (MP) arquivou a denúncia contra os policiais militares do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP) que participaram do vídeo onde queimavam uma cruz.
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Segundo apurado pela TV TEM junto ao promotor de Justiça Sérgio Clementino, o arquivamento ocorreu na esfera cível, que não analisa obrigações e direitos entre pessoas físicas e jurídicas, excluindo crimes e infrações administrativas.
À época, as imagens foram publicadas no Instagram do Baep e geraram críticas entre os internautas. O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) também adotou medidas em relação à gravação.
O g1 fez contato com a Polícia Militar neste sábado (14), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Denúncia encaminha à ONU
Em 16 de abril, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) encaminhou uma denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) relacionada à conduta desses policiais militares.
A publicação feita no dia 15 do mesmo mês mostra uma cruz em chamas, uma trilha com velas e um brasão de fogo no chão, no qual consta a palavra “Baep”, com pelo menos 14 policiais ao redor (assista acima).
Um dia depois, o comandante do batalhão, tenente-coronel Costa Junior, afirmou que esse ato é considerado rotineiro dentro da corporação. Segundo ele, o objetivo é valorizar o empenho e o esforço que os policiais dedicaram ao longo do período de estágio.
Na denúncia encaminhada às Nações Unidas, a CNDH menciona que existem semelhanças entre os gestos praticados pelos PMs e as ações de colocar fogo em uma cruz a saudações nazistas e o ritual da “Ku Klux Klan” dos Estados Unidos.
Ainda conforme a denúncia, há correlação do vídeo com rituais supremacistas: “historicamente, a queima de cruzes significa um ato de intimidação contra minorias, incluindo pessoas negras, judeus e imigrantes”.
O que diz a Polícia Militar
À época, a Polícia Militar justificou que o vídeo mostra a cerimônia de encerramento de um treinamento noturno, com o intuito de representar simbolicamente a superação dos limites físicos e psicológicos enfrentados, mas que em nenhum momento houve intenção de associar a ideologias políticas, raciais ou religiosas.
Ainda assim, a corporação disse que investigaria as circunstâncias da produção dos vídeos. A Polícia Militar ainda completou que repudia qualquer alusão a símbolos nazistas, bem como qualquer manifestação de intolerância, preconceito ou discriminação.
Cerimônia para novos policiais
Tenente-coronel Costa Junior, comandante do 9º Baep em São José do Rio Preto (SP)
Reprodução / Rede Social
Em 16 de abril, o comandante do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP) se pronunciou por meio de um vídeo publicado nas redes sociais da corporação.
Segundo ele, as imagens em que agentes aparecem colocando fogo em uma cruz com o braço erguido na altura do ombro fazem parte da cerimônia para novos policiais que serão integrados à unidade após concluir treinamento.
O tenente-coronel Costa Junior afirmou que esse ato é considerado rotineiro dentro da corporação, e o objetivo principal é valorizar o empenho e o esforço que os policiais dedicaram ao longo do período de estágio (assista abaixo). No linguajar policial, é uma entrega de braçais.
Comandante do Baep explica sobre vídeo em que policiais colocam fogo em cruz em Rio Preto
Ainda de acordo com o comandante, os elementos que faziam parte da cerimônia têm uma simbologia dentro dos princípios da Polícia Militar.
Devido à repercussão negativa na web, o vídeo da cerimônia foi apagado do Instagram do Baep, pouco tempo depois de ter sido publicado. A medida foi tomada para evitar que houvesse algum tipo de confusão por parte dos internautas, conforme Costa Junior.
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