Por falta de chuvas, produtores rurais enfrentam dificuldades para escoar a produção de bananas em Rio Branco: ‘Muito prejuízo’


Defesa Civil de Rio Branco deve iniciar a “Operação Estiagem” ainda em junho, que distribui água para os produtores rurais através de carros-pipas. Produtores de banana enfrentam dificuldades por conta do período da seca que já iniciou no Acre
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Os produtores rurais de Rio Branco enfrentam dificuldades para escoar a produção de bananas durante o verão devido à má qualidade das estradas e a seca dos rios. Com previsão de estiagem até dezembro, a Defesa Civil Municipal prepara a “Operação Estiagem” para mitigar impactos após perdas de 50% na produção rural em 2024.
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Segundo os produtores de banana, o transporte da fruta chega a durar até três dias, prejudicando a qualidade do alimento e as vendas na Central de Abastecimentos (Ceasa).
A produtora rural Rosilene Câmara produz e vende na Ceasa há 23 anos e, durante esse tempo, viu as vendas oscilarem entre o inverno e o verão.
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No caso dela, que depende principalmente dos ramais e da estrada, o inverno dificulta o acesso, enquanto no verão, o problema é outro: as bananas acabam ficando com aparência inferior, o que afeta as vendas.
“No inverno tem que puxar com o trator. No verão o caminhão entra até a roça e a gente está com medo por causa do verão. A produção diminui, as bananas ficam feias. Vamos ver o que Deus prepara para a gente”, torceu ela.
Rosilene comentou que recebe 600 caixas de banana cada vez que compra a mercadoria, porém, no próximos dias acredita que a produção vai ser menor.
“Vai dar uns 10 mil quilos. É a média agora, mas diminui daqui a uns dias. O período de estiagem acaba prejudicando a produção. Ela [a banana] fica mais fina, mais feia e no período chuvoso a produção fica melhor, a qualidade, tudo é melhor, mas nós temos que passar por isso, pelo verão”, comentou ela.
Dificuldades
As dificuldades na produção também afetam a produtora rural Maria Rodrigues, mais conhecida como Loura. O transporte, que pode levar até três dias, frequentemente danifica as frutas, inviabilizando a venda.
Segundo ela, caminhões enfrentam buracos constantes e quando chegam, muitas vezes não há compradores.
“Tem muita ocasião que quando o caminhão chega aqui, a banana da toda madura. Depende muito da estrada pra poder chegar o nosso produto, e quando chega tá toda ralada. Aqui tem tanto buraco que o caminhão pode até cair. A gente ainda depende de rio pra poder puxar. Eu dependo de rio bastante”, afirmou.
A produtora rural comentou que a banana sai em um dia por volta das 4 da manhã e chega no Ceasa dois dias depois de madrugada.
“Aí chega aqui não tem cliente, não tem ninguém pra comprar banana. Já sofri muitos prejuízos por conta disso. Está com três carradas [caminhões] que eu trago. Só não jogo fora porque eu não gosto, eu pego e dou quando está bem madura”, explicou ela.
1º bloco: Produtores rurais enfrentam dificuldades para escoar produção de banana no AC
Operação Estiagem
O coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, esclareceu que haverá um reflexo forte nos próximos meses, uma vez que há previsão de poucas ou quase nenhuma chuva, até o início de dezembro, o que impacta diretamente os produtores rurais que comercializam na capital.
“Isso vai modificar todo o nível do Rio Acre, vai modificar os seus afluentes, inclusive agora, nós já temos afluentes no Acre com 30 centímetros de lâmina da água, e também vai influenciar o lençol freático de toda a nossa região, trazendo a questão da seca, tanto de poço para abastecimento e do Rio Acre. A zona rural também que sofre bastante nesse período”, mencionou ele.
A operação Estiagem, que distribui água em carros-pipas para comunidades rurais da capital, deve começar até o fim de junho. A zona rural de Rio Branco foi afetada por perdas de 50% na produção em 2024, devido a inundações. A Defesa Civil comunicou que a previsão para 2025 é preocupante.
“Os próprios produtores, comunidades, vilas já estão nos procurando para que a gente comece essa Operação Estiagem. Isso é um ponto. Ao mesmo tempo, nós vamos trabalhar também todo o prejuízo da área rural, uma vez que em 2024 nós tivemos as 50% de perda da produção rural pela inundação e pela seca 2025 não se mostra diferente”, disse ele.
Falcão explicou que até, aproximadamente, dia 23 deste mês, acredita que deve ser iniciado o abastecimento dessas comunidades rurais.
“Nós vamos fazer, a partir dessa semana, todas as vistorias nas comunidades verificando direitinho. A ideia deste ano é que a gente atenda pelo menos as comunidades que já estavam sendo atendidas no ano passado. O que é que na realidade aumentou, não aumentou as comunidades, mas aumentou as demandas”, informou.
O coordenador comentou que esse aumento gera um custo ainda maior e a ideia é que pelo entre 38 e 40 comunidades sejam atendidas.
“Em uma localidade a gente atende 600 famílias, que dá aí em torno de 2,4 mil pessoas, no caso. Então ao total a gente atende milhares de pessoas, milhares de famílias e nessas localidades, que é no quadrante de Rio Branco, ficam em todas as direções, direção a Porto Velho, direção a Sena Madureira, Transacreana, Porto Acre, Quixada”, comunicou.
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