‘Doeu em mim’, diz testemunha que presenciou estagiária de banco ser chamada de ‘macaca’ por cliente


Luciana dos Santos estava na agência no momento das ofensas e acionou a polícia. Shirley Bezerra Borges foi presa e vai responder pelo crime de injúria racial. Luciana dos Santos chamou a polícia após presenciar cliente de banco chamando funcionária de ‘macaca’ em Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
A balconista Luciana dos Santos estava com o marido em um banco em Ribeirão Preto (SP) quando percebeu que uma mulher ofendia uma estagiária, chamando-a de macaca. O caso aconteceu na tarde quarta-feira (7) e ela fez questão de intervir.
Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
A vítima tem 19 anos e, segundo Luciana, ficou sem reação.
“Doeu na minha pele. Ela está falando comigo também. Eu senti a dor daquela moça, porque, automaticamente, ela começou a chorar quando essa senhora chamou ela de ‘macaca’. Eu vi que ela deu um impacto assim [para trás] e começou a chorar. Senti que ela teve muita dor e isso transferiu pra mim”.
Luciana foi a responsável por acionar a Polícia Militar. A aposentada Shirley Bezerra Borges, de 55 anos, foi encaminhada para uma delegacia e um boletim de ocorrência foi registrado pelo crime de injúria racial.
“Eu tomei minha atitude, e a gente tem de ser assim. Qualquer um que ver qualquer coisa nesse sentido, tem de tomar uma atitude. Eu não sei qual seria a reclamação, mas a pronúncia foi grave. Ela falou ‘eu estava falando com essa macaca'”, disse a balconista.
Shirley foi presa em flagrante, mas foi liberada na quinta-feira (8), após passar por audiência de custódia. Ela não pode deixar a cidade por mais de 15 dias e deve se apresentar mensalmente à Justiça.
Shirley Bezerra Borges, de 55 anos, foi presa em flagrante após ofender funcionária de banco em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
A EPTV, afiliada da TV Globo, tentou contato com a agressora, mas ela não encontrada até a publicação desta reportagem.
Luciana, que testemunhou tudo, espera que a mulher pague pelo crime.
“Ela precisa pagar de alguma forma, nem que seja prestando serviço público, pagando cesta básica, mas ela tem de entender que a palavra que ela direcionou, seja a qualquer ser humano, tem de ser paga de alguma forma pra não existir mais. Não tem de existir”.
O caso
O caso aconteceu em uma agência bancária no Centro de Ribeirão Preto. Segundo testemunhas, Shirley teria se irritado com a demora no atendimento e chamou a atendente de “macaca”.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Luciana contou que ouvi a palavra claramente.
“Eu estava sentada esperando atendimento quando ouvi essa senhora chamando a estagiária e falou ‘eu estava falando com essa macaca’. Quando ela falou ‘eu estava falando com essa macaca’ eu olhei e quando eu olhei, ela ainda fez um afirmativo com o gerente na mesa dele e falou ‘e não é uma macaca?’. Foi aonde que eu interferi, levantei de onde eu estava, cheguei até a mesa do gerente e falei o que ela pensava, quem ela era, aí ela foi levantando da mesa, foi saindo e eu falei ‘a senhora não vai sair de dentro da agência, a senhora vai esperar a viatura chegar”.
Procurado pelo g1, o Banco Mercantil disse, por meio de nota, que lamenta o fato e que prestou toda assistência necessária, tendo acompanhando a funcionária até a delegacia.
O banco também afirmou que repudia qualquer tipo de discriminação e que permanece à disposição das autoridades para esclarecimentos sobre o caso.
“O banco segue comprometido em manter um ambiente seguro e respeitoso para todos os colaboradores e clientes, investindo constantemente em campanhas relacionadas à diversidade e inclusão”.
Assista à reportagem do EPTV2 na íntegra:
Mulher é presa por injúria racial dentro de banco em Ribeirão Preto, SP
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto e região
Adicionar aos favoritos o Link permanente.