Avião que caiu em Vinhedo estava em condições regulares e, segundo especialistas, é um modelo seguro


O ATR 72-500 é uma aeronave produzida na França pela ATR, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo. Avião que caiu em Vinhedo estava em condições regulares e, segundo especialistas, é um modelo seguro
Jornal Nacional/ Reprodução
O avião que caiu nesta sexta-feira (9) em Vinhedo, em São Paulo, era um turboélice de médio porte considerado seguro por especialistas e estava em condições regulares.
O ATR 72-500 é uma aeronave produzida na França pela ATR, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo. O modelo tem 27 m de comprimento e 27 m de envergadura – a distância entre as pontas das asas. Foi projetado para operar em pistas curtas, principalmente rotas regionais, com autonomia de 1.324 quilômetros. Na comparação com os aviões a jato, os modelos movidos por hélices, exemplo do ATR, são muito mais lentos.
“O 737 voa a cerca de 900 e poucos km/h, 800 e tantos, 900 e poucos, e esse aí voa a 500, 500 e poucos km/h”, afirma o ex-piloto e escritor Ivan Santana.
A altitude de cruzeiro também é menor. Por voar mais baixo, os turboélices costumam balançar mais.
“O avião a jato voa muito alto. O avião a pistão voa baixo, e o turboélice geralmente, isso por convenção, quer dizer, ele poderia voar baixo ou alto, voa em uma altitude que coincide geralmente com a altitude das camadas de mau tempo, que foi o caso hoje, provavelmente”, diz Ivan Santana.
O piloto e mecânico de avião Lito Sousa mostra um dos sistemas de segurança que podem ser acionados quando o avião encontra nuvens com gelo.
“Aí você liga o sistema, e o sistema infla essa borracha que fica aqui na frente, e essa borracha quebra esse gelo e ele sai da asa. Então, é um processo que fica modulando constantemente, não é alguma coisa que você liga e desliga. É um processo que fica modulando e quebrando todo o gelo”, explica Lito Sousa.
“Ela tem sistema de proteção para que seja evitada a formação de gelo na superfície da aeronave, mas também, caso haja essa formação de gelo, ela tem dispositivos para eliminá-lo”, afirma Carlos Henrique Baldin, chefe da Divisão de Investigação do Cenipa.
O ATR 72-500 começou a operar no mundo em 1997, possui seis pás de hélices e maior capacidade de carga em comparação com a versão anterior, o ATR 200. É considerada uma aeronave de médio porte e segura.
“Ele atende todos os requisitos de segurança. Então, pode-se confiar nele. Dá para se confiar nele. É lógico que tem que se levar em consideração a conservação dele, a operação e tudo. Mas ele, basicamente, é um avião seguro”, afirma Roberto Peterka, perito e especialista em acidentes aéreos.
Avião com 62 pessoas a bordo cai em Vinhedo e não há sobreviventes
O ATR da Voepass que caiu nesta sexta-feira (9) foi fabricado em 2010, e o certificado de verificação da Anac, que atesta as boas condições da aeronave, venceria em junho de 2026. O modelo tinha 73 assentos e levava 57 passageiros e quatro tripulantes.
Em janeiro de 2023, um ATR 500 caiu no Nepal, matando 68 passageiros e quatro tripulantes. O relatório final que investigou os motivos do acidente avaliou que a aeronave estava em boas condições técnicas. Segundo o documento, o piloto não percebeu que o avião estava perdendo altitude.
Outro acidente envolvendo a fabricante aconteceu 12 anos atrás, na Rússia. O ATR 72-200 caiu pouco depois de decolar de um aeroporto na Sibéria. Das 43 pessoas a bordo, 33 morreram. A investigação apontou que o sistema de degelo não funcionou.
Avião que caiu em Vinhedo estava em condições regulares e, segundo especialistas, é um modelo seguro
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Em nota, a fabricante do avião disse que foi informada do acidente em Vinhedo e que os pensamentos estão com todos os envolvidos por esse incidente. Afirmou ainda que os especialistas estão totalmente empenhados em apoiar a investigação e os clientes.
O chefe de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos do Cenipa reforçou que o avião estava em condições de voo.
“Toda aeronave que é certificada para operar com passageiros tem que demonstrar que ela cumpre qualquer requisito de desempenho, tanto em condições normais quanto de emergências também. Essa aeronave, como qualquer outra aeronave certificada, atende aos mesmos requisitos e cumpre os mínimos de segurança de qualquer outra aeronave dessa categoria no mundo”, diz Carlos Henrique Baldin.
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