Entenda como funciona o novo sistema de alertas ‘intrusivos’ em celulares para avisar a população sobre o risco de tragédias climáticas


Chamado de ‘Defesa Civil Alerta’, o sistema usa a rede de telefonia para emitir avisos para celulares de pessoas que estejam em áreas que podem ser afetadas por desastres ambientais, como deslizamentos e enxurradas, por exemplo. Vila Sahy, em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, no dia 26 de fevereiro de 2023
GloboNews/Reprodução
A partir deste sábado (10), onze cidades da região Sul e Sudeste do Brasil vão iniciar os testes de um novo sistema de alertas de emergência de desastres. Moradores das áreas vão receber o aviso como uma demonstração.
O início da operação do novo método de alertas será feito na Vila Sahy, em São Sebastião (SP). Em fevereiro de 2023, a região foi atingida por um temporal devastador que causou a morte de 64 pessoas.
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No teste, todos os celulares que estiverem na cidade e municípios vizinhos vão receber a mensagem de demonstração e vão ficar momentaneamente “travados” com o alerta, avisando sobre o risco de desastres na região.
“As mensagens vão ser enviadas aos dispositivos móveis sem que seja necessário qualquer cadastro prévio. A mensagem chegará nos aparelhos com a emissão de um aviso sonoro e um travamento, se sobrepondo a outros aplicativos que estejam funcionando no momento. Os alertas deverão ser emitidos pelos órgãos de Defesa Civil federal, municipal e estadual. Além do alerta sobre os riscos, a ferramenta deve informar sobre locais para evacuação e pontos seguros”, explica Roberto Farina, Capitão da Defesa Civil do estado de São Paulo.
O sistema usa a rede de telefonia para emitir alertas para celulares que estejam em áreas que podem ser afetadas por tragédias.
“O cell broadcast vai identificar todas as pessoas que estiverem na região de risco e vai disparar as mensagens. O SMS vai continuar funcionando e o cell broadcast vai funcionar em situações muito graves. Ele é um aviso que, de certa forma, gera uma situação de muita atenção”, conta Gustavo Borges, superintendente da Anatel.
‘Alerta invasivo’ nos celulares: veja como vai ser
Todo celular que esteja na área definida pela Defesa Civil como uma região de risco receberá o alerta, mesmo sendo de outro DDD ou até mesmo de outro país.
“A transmissão será feita por antenas de telefonia móveis com sinais 5G e 4G. As mensagens são recebidas quase instantaneamente por todos os usuários em áreas de risco, sem necessidade de cadastro prévio ou indicação de CEP. A maioria dos dispositivos lançados a partir de 2020 são compatíveis, abrangendo uma grande parte dos usuários de smartphones”, afirma o capitão da Defesa Civil.
Caso o aparelho use um sistema operacional anterior ao de 2020, é necessário atualizar as configurações do celular para receber os alertas. É possível fazer a atualização acessando as configurações e procurando por “atualizações do sistema” e selecionar a opção de utilizar a mais recente. A grande maioria dos smartphones faz a atualização automática ou envia avisos aos usuários.
Buscas por desaparecidos em meio à lama de um deslizamento que derrubou casas na Vila do Sahy, em São Sebastião, em 2023.
Fábio Tito/g1
O sistema é chamado ‘Defesa Civil Alerta’ e usa a rede de telefonia celular para emitir alertas com aviso sonoro e vibratório. Esses alertas apareceram na tela do celular de pessoas em áreas consideradas de risco e se sobressaem a qualquer outro conteúdo em uso na tela do usuário.
“O alerta será soado mesmo que o celular esteja no modo silencioso. Tanto residentes em áreas de risco como visitantes, inclusive estrangeiros, que estejam passando pelo local vão receber as mensagens. A notificação só desaparecerá da tela depois da confirmação de que a mensagem foi recebida”, declara Farina.
Alerta de emergência vai ‘pular’ na tela do celular em sistema que será lançado até dezembro
Atualmente, o órgão já emite alertas por celular, mas apenas por SMS e é necessário se cadastrar para receber os avisos.
Com o novo método de alertas, o usuário não vai precisar se cadastrar em nenhuma plataforma. Somente por estar usando o sinal de antenas em áreas de risco, o próprio sistema da Defesa Civil reconhece a localização e envia o aviso.
Além de São Sebastião, outros 10 municípios vão iniciar o período de testes. As cidades foram escolhidas com base no volume de alertas emitidos em 2023 e na quantia de pessoas afetadas por desastres no mesmo período.
As cidades escolhidas foram:
São Sebastião (SP)
Angra dos Reis (RJ)
Petrópolis (RJ)
Indianópolis (MG)
Cachoeiro de Itapemirim (ES)
União da Vitória (PR)
Morretes (PR)
Gaspar (SC)
Blumenau (SC)
Muçum (RS)
Roca Sales (RS)
O sistema vai passar por essa operação assistida durante um mês. No período, a Defesa Civil e a Anatel vão avaliar a necessidades de possíveis ajustes no método. Após esta etapa, os órgãos planejam ampliar o serviço para todo o Brasil, embora ainda não exista um cronograma para isso.
Com o lançamento, a Defesa Civil já planeja atualizar o sistema com meios para expandir ainda mais o alcance das mensagens.
“Há a possibilidade de incluirmos o envio de alertas em múltiplos idiomas, como inglês e espanhol, a integração com outros dispositivos e atualizar o softwares para que sejam compatíveis com ainda mais aparelhos”, conta Farina.
Muçum, cidade do Rio Grande do Sul, foi atingida por fortes temporais em 2024
Jornal Nacional/ Reprodução
Tragédia
Uma chuva histórica atingiu o Litoral Norte de São Paulo no dia 19 de fevereiro de 2023, em pleno carnaval. O temporal provocou enxurradas e deslizamentos de terra, que deixaram 65 mortos na região, sendo 64 em São Sebastião.
Além das vítimas fatais, dezenas de pessoas ficaram feridas e mais de mil desabrigadas ou desalojadas. Rodovias foram bloqueadas e casas ficaram destruídas após a chuva, que causou destruição.
A tempestade começou em um sábado (dia 18). Durante a noite, ela já era muito forte e não parou mais. Por conta disso, a maioria dos estragos começou já na madrugada de domingo (19).
Estudo aponta aumento expressivo da população na Vila Sahy, em São Sebastião
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