Exclusivo: documentarista brasileiro flagra bombardeios no sul do Líbano


Gabriel Chaim conversou com libaneses que possuem ligação com o Brasil e que convivem diariamente com ataques vindos de Israel. Documentarista Gabriel Chaim registra o medo que se espalhou pelo Líbano
O fotógrafo e documentarista brasileiro Gabriel Chaim estava em Beirute nesta semana e acompanhou de perto a mobilização para socorrer feridos depois de explosões que atingiram o Líbano.
Ele mostra para o Fantástico como foram os momentos seguintes ao ataque que aumentou ainda mais a tensão no oriente médio. Tudo por conta de um ataque coordenado e surpreendente onde milhares de pagers explodiram ao mesmo tempo, deixando mortos e feridos.
No sul do Líbano, Chaim conversou com libaneses quem têm ligação com o Brasil e presenciou ataques feitos por aviões israelenses. (Veja mais abaixo)
Ataque coordenado
No dia seguinte ao primeiro ataque coordenado que atingiu aparelhos eletrônicos, Chaim teve acesso a hospitais da capital. Um oftalmologista mostra que muitos pacientes foram atendidos com ferimentos nos dois olhos.
“Todos os pacientes chegaram nos primeiros 30 a 60 minutos e a parte mais difícil foi dar prioridade a cada ferido. Quem levar primeiro à oftalmologia”, diz o médico.
Em outros hospitais, o diretor-médico falou sobre alguns quadros bem graves.
“Rostos machucados, mãos machucadas, pernas amputadas. Foi difícil”, falou o médico, que diz que todos os hospitais do Líbano estão bem preparados porque foram bem treinados.
Médico mostra imagens de feridos após explosão de aparelhos eletrônicos.
TV Globo/Reprodução
Escalada violenta
A recente escalada de violência começou bem antes das explosões desta semana. No dia 30 de julho, um ataque aéreo de Israel matou um dos principais comandantes do Hezbollah, no sul de Beirute.
Israel afirma que Fuad Shukr foi responsável pela explosão que matou 12 crianças, dias antes, nas Colinas de Golã, área síria ocupada por Israel.
Chaim registrou o funeral de Shukr. O cortejo contou com dezenas de integrantes do Hezbollah.
Gabriel Chaim registrou o funeral de Shukr
TV Globo/Reprodução
Flagra de explosões
O foco dos recentes ataques de Israel ao Hezbollah no Líbano vai além da capital. O sul do país, onde Chaim está desde o fim de julho, também vive dias de tensão.
Na semana passada, ele esteve numa área conhecida como Blue Line, a Linha Azul, que é a demarcação da fronteira entre o Líbano e Israel. Para registrar as imagens na região, Chaim precisou acompanhar uma missão de soldados da Onu.
Na região, é possível encontrar muitas famílias que têm parentes no Brasil, país que abriga a maior comunidade libanesa do mundo.
É o caso de Mohamed Ali Magim, que mora na divisa com Palestina e Síria. Quando conversava com Chaim, um estrondo forte.
“Entra, é ataque”
“É um avião, vem, vem, vem. Vem pra cá! Me segue”
As pessoas correm para um local seguro, um bunker subterrâneo.
A casa não está no radar dos foguetes israelenses, mas as áreas bem próximas podem estar. E essa já é uma rotina para Mohamed.
“Sempre tem [um ataque]. Um dia queimou tudo isso aqui”, fala ele, que diz estar acostumado. “Eu nasci na guerra”, relata.
Ataque aéreo no sul do Líbano
TV Globo/Reprodução
Na casa da família Ghobar, o almoço com feijão do Brasil é interrompido por mais um bombardeio.
Diana Ghobar diz que ainda se assusta com as explosões. “Dá um pouquinho de medo, mas a gente está acostumado, né?”.
De volta a Beirute, Gabriel Chaim acompanha o funeral de vítimas das explosões da última terça-feira. Ontem, o fotógrafo acompanhou a remoção dos destroços de um prédio destruído por um bombardeio de Israel, na sexta-feira.
Remoção dos destroços de um prédio destruído por um bombardeio de Israel.
TV Globo/Reprodução
Caldeirão explosivo
O Líbano é uma nação árabe que abriga várias religiões. Convivem no país cristãos de diferentes denominações, como greco-ortodoxos, maronitas e armênios, muçulmanos sunitas e xiitas, além dos Drusos.
O grupo extremista é formado por muçulmanos xiitas. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Israel consideram o grupo terrorista.
Assim como o Hamas, na Palestina, o Hezbollah tem apoio do Irã. Mas, por ser xiita como o regime iraniano, tem mais proximidade.
O arsenal do Hezbollah tem capacidade para atingir cidades no território israelense. É essa organização, e não o estado libanês, que está em conflito com Isral.
Os alvos de ataques de Israel são justamente as áreas ocupadas pelo Hezbollah. Só que o Líbano é um país pequeno e, por isso, mesmo para quem não mora nessas áreas, o risco pode estar ao lado.
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