Por que achamos alimentos fritos tão gostosos? Consumo equilibrado é o segredo, orienta nutricionista


Profissional também explica quais são os óleos mais indicados para fritar alimentos. Veja o relato de quem há dez anos parou de comer frituras. Descarte de óleo após fritura
Wine Dharma/Unsplash
O sabor dos alimentos está diretamente relacionado à quantidade de gordura que ele contém ou que é acrescentada durante o preparo.
Isso pode explicar o porquê frituras podem ser tão gostosas, já que os alimentos perdem água e absorvem gordura ao serem fritos.
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Porém, o consumo excessivo de fritura está relacionado ao desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como a obesidade. A doença atinge quase 36% das pessoas entre 20 e 59 anos que tiveram peso e altura coletados em Unidades de Saúde no Paraná no ano passado, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).
A fritura também está associada ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares e aumento da pressão arterial, por exemplo.
“A gente precisa pensar que não existe um único alimento que vai prejudicar nossa saúde. Tudo vai depender da composição do nosso padrão alimentar. Mas o alimento frito, em geral, vai ter uma quantidade de gordura bastante excessiva e isso, a longo prazo, se for algo rotineiro, que faça parte do hábito alimentar, com certeza vai trazer prejuízos”, explica Cristina Klobukoski, nutricionista da Divisão de Promoção da Alimentação Saudável e Atividade Física da Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa).
Equilíbrio é o segredo, diz nutricionista sobre consumo de frituras
Neste texto você vai ler:
Qual o melhor óleo ou gordura para fritar alimentos
Por que consumir a gordura é importante
Se alimentos feitos na fritadeira elétrica são mais saudáveis
O que diz uma pessoa que está há 10 anos sem comer frituras
Qual o melhor óleo ou gordura para fritar alimentos?
Para quem faz questão de comer alimentos fritos, há algumas formas de deixar o processo menos prejudicial para a saúde. A mais importante delas está no tipo de óleo utilizado no preparo do alimento.
Angelica Aparecida Mauricio, nutricionista e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que a forma mais indicada para se utilizar os óleos e gorduras é aquela em que as propriedades físico-químicas deles são mantidas.
Ela cita o “ponto de fumaça”, temperatura na qual o óleo começa a se decompor e liberar fumaça. Esse processo faz com que o óleo forme alguns compostos tóxicos, entre eles a acroleína, substância considerada cancerígena. Entenda no vídeo abaixo:
Na fritura, óleo passa por processo de degradação; entenda
Cada tipo de óleo tem um ponto de fumaça diferente. Confira:
Ponto de Fumaça de cada tipo de óleo ou gordura
Cristina Klobukoski reforça também que a reutilização de óleos para a fritura não é adequada.
“Quando você expõe esse óleo a uma temperatura elevada, ele começa ali um processo de degradação. Se você for reutilizar esse óleo, ele já vai ter degradado um tanto, então ele vai produzir compostos tóxicos muito mais rápido do que se você pegar um óleo novo”, explica.
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Gordura cumpre um papel importante na nutrição
Apesar de a fritura utilizar gordura no processo de preparação, as duas coisas não podem ser confundidas.
A nutricionista reforça que a gordura é um nutriente importante para o funcionamento do organismo. Entre as funções cumpridas por ela, por exemplo, está a gordura subcutânea, que auxilia no controle de temperatura corporal.
Além disso, a gordura é importante para absorção de algumas vitaminas lipossolúveis, – ou seja, que se dissolvem em gordura –, como as vitaminas A, D, E e K.
Alimentos feitos na fritadeira elétrica são mais saudáveis?
Alimento preparado com a ajuda de fritadeira elétrica é mais saudável do que um frito em imersão
Vecstock/Freepik
De acordo com a nutricionista, um alimento preparado com a ajuda de um fritadeira elétrica é mais saudável do que um frito em imersão.
Ela explica que, nesse processo, o alimento é assado.
“Por mais que você coloque um pouquinho de óleo, vai ser uma quantidade bem menor do que em um processo de fritura por imersão. Então, com certeza vai ser uma quantidade calórica muito menor”, afirma.
Klobukoski exemplifica por meio de uma comparação com formas diferentes de preparar uma batata em casa.
“Se a gente vai pegar uma batata cozida ou assada, por exemplo, ela vai até em torno ali de 90 calorias a cada 100 gramas do alimento, dependendo da quantidade de óleo que você adicione. Se a gente for fritar esses mesmos 100 gramas de batata, ela vai dar em torno de 250 calorias, então o alimento ele vai ficar muito mais calórico”, detalha.
‘Não voltaria atrás de maneira nenhuma’, diz quem deixou de consumir alimentos fritos
Raquel Barth da Silva cortou fritura da alimentação
Arquivo Pessoal
Apesar do sabor diferente proporcionado pelos alimentos fritos, há cerca de 10 anos Raquel Barth da Silva decidiu cortar a fritura da alimentação.
A escolha veio após o filho dela optar por deixar de comer carne, o que a motivou procurar por novas receitas e ingredientes, especialmente orgânicos.
“Eu decidi que a gente ia passar a ter uma alimentação saudável e eu pensei: ‘Bom, eu tenho que eliminar a fritura. Eu não vou mais fazer nada fritura aqui em casa'”, relembra.
O processo, porém, não foi fácil.
“No começo foi um pouco difícil, porque eu adorava comer um bife acebolado, um quibe frito, uma batata frita… No começo foi difícil até para achar substituições. A gente quase desiste, porque realmente não é fácil, além de você não ter mais aqueles sabores, você ainda ter que ir atrás, verificar o que você vai usar para substituir, mas hoje eu não voltaria atrás de maneira nenhuma”, conta.
No processo de adaptação, a fritadeira elétrica foi uma ferramenta poderosa para ajudar, tanto na praticidade, quanto na vontade de fritura.
Para Raquel, a principal melhoria na qualidade de vida após o corte do consumo de frituras está no processo de digestão. Ela conta que sente que o aparelho digestivo passou a funcionar de maneira mais eficiente depois que parou de comer frituras e disse que se sente mais disposta.
Equilíbrio é o segredo
Prato de comida alimentos variados.
Freepik
Para Klobukoski, o segredo para quem gosta dos alimentos fritos e não quer abrir mão deles é o equilíbrio, com especial atenção para a quantidade e a frequência em que as frituras são consumidas.
“De repente, você está indo visitar sua avó e ela faz um bolinho de chuva que é maravilhoso. Você não vai deixar de comer aquele bolinho de chuva. Ele vai trazer também o prazer daquele momento, a memória afetiva daquela refeição. Mas é importante que isso não faça parte da rotina, que seja algo pontual”, afirma.
Bolinho de chuva
Divulgação
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