Digitais, odontologia e exame genético: entenda protocolo internacional para identificar 62 mortos em acidente aéreo de Vinhedo


Segundo diretor do Instituto Nacional de Criminalística, a previsão é de que todos os corpos sejam removidos até o final deste sábado (10) para o IML de São Paulo (SP). Previsão é de retirada de corpos de acidente aéreo até final do dia, diz diretor do INC
Impressão digital, odontologia ou exame genético serão as três metodologias principais utilizadas para identificação dos corpos dos 62 mortos no acidente aéreo que ocorreu em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9).
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Segundo o perito criminal federal e diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), Carlos Palhares, será seguido um protocolo internacional neste procedimento e a previsão é de que todos os corpos sejam removidos até o final deste sábado (10) para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo (SP).
A seguir, entenda passo a passo como vai funcionar esse trabalho de identificação, que vai envolver peritos da Polícia Federal e da Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo.
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Quais são os objetivos das perícias?
Segundo Palhares, a atividade pericial é dividida em dois grupos: um grupo que trabalha para a identificação dos corpos e outro que trabalha para a investigação do acidente aeronáutico para fins criminais, para entender se houve negligência, imprudência e imperícia.
Quais são os cuidados adotados na remoção?
Segundo o perito criminal, a equipe utiliza uma veste de proteção biológica.
“Os corpos estão numa situação especial para que nós façamos a remoção. Houve fogo, todos viram nas imagens que houve incêndio na aeronave. Isso demanda da polícia uma atividade um pouco mais cuidadosa para a remoção”.
Segundo ele, esse trabalho recebe apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Federal seguem com trabalho de perícia na manhã deste sábado (10) após desastre aéreo com 62 mortes em Vinhedo (SP)
Polícia Federal
Quais são as etapas de identificação?
Palhares explica que a atividade de identificação é dividida em etapas.
“Aqui, tem uma etapa de lidar com os corpos. A gente retira os corpos com todo cuidado, utilizando aquelas vestes, com metodologias e sistemática especial. Esses corpos são levados para IML [Instituto Médico Legal], tem uma abordagem com os familiares e, depois, é feita a comparação desses dados. E aí, sim, os corpos são trazidos para os familiares”.
Ele detalhou a etapa de acolhimento dos familiares das vítimas. “Essa atividade está sendo feita pela SPTC [Superintendência de Polícia Técnico-Científica], com o apoio da VoePass. Foi montada um local adequado para receber os familiares, com apoio psicológico, com todo o suporte necessário para que as pessoas que estão vivendo talvez o pior momento da vida delas possam ser tratadas com dignidade e com respeito”.
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Miguel Schincariol/AFP
Como é o protocolo internacional de identificação?
De acordo com o diretor do INC, são três metodologias principais: impressão digital, odontologia ou exame genético. No entanto, também há uma quarta possibilidade:
“Podemos, também, fazer entrega por exame antropológico, caso o passageiro tenha placas ortopédicas, ou alguma característica médica especial, e o familiar também nos comunique”.
Palhares explica que a identificação por impressão digital é a mais rápida, quando é possível. Já a por odontologia depende de etapas como localizar o dentista da vítima e colher informações com ele, para iniciar o trabalho de comparação com o material colhido. Já a identificação por exame genético depende de coleta de material biológico de familiares das vítimas, preferencialmente pais e avós. “É um exame mais demorado”, observou.
Corpo de Bombeiro realiza trabalho de perícia na manhã deste sábado (10) no local onde avião caiu em Vinhedo
Polícia Federal
Quanto tempo demora para as identificações?
Palhares destacou que não é possível responder isso no momento atual.
“Não temos como dar prazo. Se o corpo for identificado por impressão digital, basicamente o processo de identificação é um processo comparativo. A gente tem que ter o mesmo tipo de informação no corpo e uma informação de referência. Esses três métodos que são utilizados, são utilizados porque normalmente as pessoas têm esses registros prévios, antes de morrer. A impressão digital é utilizada como registro civil, então todos os brasileiros, provavelmente os que estavam no avião tinham algum tipo de impressão digital. A maioria fez algum tipo de tratamento odontológico e o exame genético permite que a gente, mesmo sem ter alguma informação da própria pessoa, consiga estabelecer vínculos familiares”.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte/g1
Quando termina a etapa de remoção dos corpos?
A previsão do diretor do INC é de que isso ocorra até o final do dia. No entanto, ele também relatou que a chuva e o frio atrapalharam os trabalhos durante a madrugada.
“A retirada dos corpos é gradual para que possamos preservar ao máximo os corpos. Mas, apesar de ter sido um sinistro aeronátuco complexo, nós entendemos que a situação dos corpos não vai ser um elemento complicador para a identificação, pelo menos dos corpos que foram retirados até agora. Existem corpos que estavam próximos da região onde estava o fogo, esses provavelmente serão mais complexos de serem identificados, mas não dá para dizer o que vai acontecer, não dá para prever também o prazo. O que dá para dizer é que os melhores peritos […] estão trabalhando no caso e todos os esforços serão feitos para que as identificações sejam feitas o mais rápido possível e os corpos sejam devolvidos aos familiares”.
Foto mostra local da queda em Vinhedo
Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
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Arte g1
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