Inhame ou Cará? Conheça a diferença entre as raízes que confundem consumidores na hora da compra


Apesar de serem parecidos em aparência, tubérculos não são da mesma espécie e possuem diferenças, especialmente no sabor. Inhame ou Cará? Conheça a diferença entre as raízes que confundem consumidores
TV Gazeta e Embrapa
O inhame e o cará são raízes populares no Brasil e podem ser encontradas com facilidade em mercados e feiras. Os dois são utilizados como ingredientes em diversos pratos, que vão desde sopas e caldo até sobremesas, e são excelentes fontes de carboidratos complexos. Mas, você sabe a diferença entre eles na hora de escolher e comprar?
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O Espírito Santo é líder nacional na produção de Inhame, responsável por 44% do que é colhido no Brasil. Cerca de 30 municípios produzem o tubérculo no estado, sendo o principal deles Alfredo Chaves, na Região Serrana, com 28,4% da produção. Por isso, o g1 procurou especialistas no estado que ajudaram a explicar a diferença entre as raízes. Confira abaixo.
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Inhame produzido em Alfredo Chaves, no Espírito Santo.
TV Gazeta
O produtor rural Jandir Gratieri é detentor da marca “O Rei do Inhame”, referência na cultura em sua propriedade em São Bento de Urânia, em Alfredo Chaves, onde possui seis hectares plantados com o tubérculo. Aos olhos do produtor, que também é estudioso e pesquisador do tubérculo, o inhame e o cará são espécies totalmente diferentes.
“Tecnicamente, o primeiro é uma colocasia esculenta, dotado de uma planta mãe, podendo ter sete rizomas primários, de sete a oito secundários e até mesmo terciários. Já o cará é uma dioscorea alata, dotado de uma só planta mãe, ele tem ramas trepadeiras, ou seja, forma ramos e precisa ser escorado”, explicou.
Enquanto um inhame pesa em torno de 2 kg, o cará pode pesar até 20 kg.
Diferença entre o inhame e o cará. Espírito Santo. A e B mostram inhame; C e D mostram o cará.
UFV
O pesquisador e coordenador do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Serrano do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Luiz Fernando Favarato, acredita que a confusão entre os dois produtos surgiu mais por causa do nome do que pela aparência.
“São duas espécies totalmente diferentes, apesar de ter essa confusão. Nas regiões Norte e Nordeste do país, utilizam muito o que para gente é o cará, e lá chamam de ‘inhame’. Por isso, nasceu esse conflito. […] Isso já foi até discutido em congressos brasileiros de horticultura, e é debatida a possibilidade de alterar o nome do nosso inhame para ‘taro’, nome também dado à raiz”, disse.
Fontes de carboidratos e diferença no sabor
Pão de queijo de inhame.
Ana Maria Braga/receitas.globo.com
A nutricionista materno infantil e funcional, Giselle Guzzo, apontou diferenças e falou sobre as questões nutricionais dos tubérculos. Segundo ela, ambos são fontes de carboidratos complexos, possuem fibras, vitaminas e minerais, e auxiliam na regulação do sistema digestivo.
“Os dois são excelentes fontes de carboidratos complexos, dão energia para o corpo, após o consumo, a glicose não cai direto na corrente sanguínea, ela vai sendo liberada aos poucos. […] Como não são ultraprocessados, eles não inflamam o corpo e melhoram a microbiota intestinal, melhorando o intestino e a absorção de nutrientes”, explicou.
Ainda de acordo com Giselle, o inhame é uma opção mais neutra, e permite preparações tanto salgadas como doces. Já o cará é mais adocicado, o sabor precisa ser regulado com sal dependendo do preparo.
A nutricionista alerta que o inhame só não pode ser consumido cru.
“Pode ser consumido cozido, assado ou frito, e é frequentemente utilizado em receitas de sopas e purês. Eu que trabalho com criança, falo sempre sobre receitas diferentes, como queijinho de morango e pão de queijo de inhame”, exemplificou.
Consistência
Jandir Gratieri lembrou também de uma diferença na consistência dos dois.
“O cará é mais rígido, o inhame dissolve mais, é de palatabilidade diferenciada, de entrada de boca mais suave, ou seja, desmancha mais fácil na boca, desmancha pressionando a língua no céu da boca, o cará não faz isso”, disse.
Aparência
Folhas de inhame.
TV Gazeta
Quando ainda plantado, uma característica importante também difere as duas raízes. O inhame tem folhas grandes, o cará forma um ramo que precisa ser estruturado.
“É preciso colocar um tutor nos ramos do cará, como um bambu ou uma cerca pra ele ficar pendurado”, lembrou Luiz Fernando.
Já foram na terra, aos olhos do consumidor, o inhame possui casca marrom e grossa, e polpa branca. É menor e mais arredondado do que o cará. Este segundo é maior, mais comprido, com casca ainda mais ‘peludinha’.
“Na hora de escolher para comprar, ambos devem estar bem firmes e sem rachaduras. O tubérculo mole já não possui uma consistência boa para comprar e serve menos para o preparo”, alertou Giselle.
Inhame produzido em Alfredo Chaves, no Espírito Santo.
TV Gazeta
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Semelhança também com a taioba
Luiz Fernando lembrou de mais um alimento que se assemelha com o inhame: a taioba. Segundo ele, neste caso, são plantas extremamente semelhantes, da mesma família, só de gêneros diferentes.
Folhas de taioba.
Giselda Person / TG
“A diferença é na folha, a da taioba tem um rasgo que vem até a base, a do inhame vai até um terço dele, os dois naquele formato que se assemelha a um coração”.
O sistema de cultivo da taioba é igual ao do inhame, só que o seu tubérculo possui oxalato de cálcio, substância que provoca uma espécie de coceira, como se fossem microagulhas, que não conseguimos ver a olho nu, só no microscópio.
Produção de Inhame no Espírito Santo.
Luiz Fernando Favarato/Incaper
“Pode causar asfixia por edema de glote, é um sistema de defesa da planta contra herbívoros. Se consumida sem fazer o tratamento adequado, pode provocar problemas, é como se fosse tóxico. […] Ou seja, acaba sendo o contrário do inhame, ele a gente come a polpa, a taioba a gente come a folha”, diferenciou.
No Espírito Santo, a produção de taioba se concentra no Norte do estado.
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