Secretário diz que vai apurar ‘com rigor e total imparcialidade’ se houve excesso de médico no caso de jovem morto


A Delegacia de Homicídios investiga a morte de Richard Cruz. Hospital diz que paciente atacou profissionais, que adotaram ‘medidas de proteção’ e que óbito foi por ferimento anterior. Morte de jovem dentro do Hospital Lourenço Jorge é investigada pela polícia
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, informou que “vai apurar com todo o rigor e com total imparcialidade” o caso da morte de Richard Ferreira da Cruz, de 20 anos, no último sábado (10), no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. A família de Richard afirma que as agressões de um médico mataram o jovem.
“A gente vai verificar se houve um excesso, uma agressão do médico”, declarou Soranz, em entrevista ao Bom Dia Rio desta segunda-feira (12).
Soranz considerou a denúncia “gravíssima”. “É muito importante que todos sejam ouvidos, todos os profissionais de saúde ou outros pacientes que estavam no local”, disse.
Segundo o secretário, o incidente foi às 21h30 de sábado. Richard deu entrada com um ferimento de faca no pescoço que, segundo a mãe, já estava “estabilizado” quando começou a confusão.
A identidade do médico não foi divulgada. Soranz afirmou que o profissional “não tem nenhum histórico de agressão anterior”.
“Tinha muita gente no hospital. Pelo relato da equipe, o paciente [Richard] estava muito agressivo, se negando a receber os cuidados, e o médico alega que teve que conter o paciente numa situação muito delicada e de muita agressividade”, descreveu Soranz.
“Fato é que era um paciente que tinha tido uma lesão por arma branca no episódio anterior, também uma situação delicada, e tinha um sangramento intenso”, detalhou.
“Então, para conter esse sangramento intenso, o paciente precisava ficar em repouso tranquilo. Tudo que ele não estava; também não era possível utilizar nenhum tipo de contenção química devido à instabilidade que o paciente tinha”, prosseguiu.
Richard foi levado para a sala vermelha, para pacientes graves, e “vários médicos e enfermeiros estavam envolvidos nesse cuidado”. “Infelizmente ele não resistiu.”
“O fato é que a equipe ficou bastante mobilizada para esse cuidado. Eram muitos profissionais envolvidos nesse tratamento, porque o objetivo do hospital sempre tem que ser salvar vidas. É cuidar com muito carinho dos nossos pacientes.”
No domingo (11), o caso – inicialmente registrado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) – passou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios.
Richard tinha 20 anos
Arquivo pessoal
‘Meu filho foi assassinado’
Mãe de Richard, Alessandra Ferreira da Silva contou que o filho deu entrada na unidade após ser vítima de um assalto e ter levado uma facada no pescoço. Segundo ela, o jovem recebeu atendimento e estava no quarto quando a família recebeu uma ligação do hospital, no início da madrugada de domingo (11), informando que ele estava muito agitado.
Ela disse que foi ao local e explicou para a equipe do plantão que o filho sofria de depressão e bipolaridade. A mãe contou que pediu que o filho fosse sedado. Foi quando, segundo ela, ele levantou da cama e disse que iria embora.
À polícia, ela relatou que uma enfermeira deu uma advertência a Richard, dizendo que ele precisava ficar deitado. Em seguida, segundo a mãe, um médico, de forma agressiva, gritou com o filho, dizendo que ele não podia se comportar daquela maneira.
De acordo com a mãe, o filho foi, então, na direção do médico, que o teria agredido com chutes e socos, reabrindo a ferida causada pela facada.
“Começou a dar golpes e pegou o meu filho duas vezes (…) Um deles [um soco] pegou e acertou em cheio a veia”, disse.
A mãe disse que ainda tentou impedir a agressão, mas disse que foi ameaçada pelo médico.
O paciente teria começado a sangrar e foi levado para a sala vermelha. Depois de ser retirada da sala, Alessandra foi para a delegacia registrar a agressão. Quando voltou para o hospital, algumas horas depois, foi informada que o filho estava morto.
“Ele já estava estabilizado. Essas agressões todas foram a causa da morte do meu filho”, disse Alessandra.
A íntegra da nota da Secretaria Municipal de Saúde:
“A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ) esclarece que, na noite deste sábado (10), por volta das 21h30, o paciente deu entrada na unidade trazido pelo Corpo de Bombeiros após sofrer lesão por arma branca com sangramento intenso.
É importante destacar que o paciente se apresentava agitado e agressivo e, conforme o relato da equipe de plantão, ele atacou os profissionais de saúde, que precisaram adotar medidas de proteção até conseguir contê-lo e encaminhá-lo à sala vermelha. Devido ao intenso sangramento, o paciente não resistiu e, infelizmente, veio a óbito.
Por se tratar de caso de violência – ferimento por arma branca, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e a situação foi comunicada à polícia para investigação.”
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