Comandante-geral da PM é investigado por interferir em caso do assassinato de casal em RR


Oficial Helton John Silva de Souza, que está preso, disse que ligou para o chefe da PM, Miramilton Goiano, para receber orientação porque os dois são amigos e por ele ser pastor. Capitão da PM, Helton John, preso suspeito de participação no assassinato de casal e comandante-geral da PM, coronel Miramilton Goiano
Arquivo pessoal e Secom/Divulgação/Arquivo
O comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano de Souza, passou a ser investigado por “interferir nas investigações” do assassinato do casal de agricultores no Cantá, Norte de Roraima. Ele é investigado após um dos suspeitos, o capitão da PM Helton John Silva de Souza, de 48 anos, ter dito em depoimento que o coronel pediu para ele trocar de celular após o crime.
Helton está preso. No dia 23 de abril deste ano, dia do ataque ao casal, Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, o capitão ocupava a função de chefe da segurança do governador. Ele é amigo do empresário Caio Porto, que está foragido. Três dias após, o capitão foi afastado da segurança do governador e foi colocado à disposição da PM.
O g1 procurou o comandante-geral coronel Miramilton Goiano, questionou se há o interesse em responder e aguarda resposta. Também procurou o governo de Roraima, mas ainda não foi respondido.
Miramilton passou a integrar a lista de investigado após o desembargador Ricardo Oliveira, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), ter aceitado a denúncia do Ministério Público de Roraima (MPRR) no dia 2 de agosto.
De acordo com o desembargador, há a suspeita de uma tentativa de interferência nas investigações no dia do crime. Para o desembargador, o coronel prestou auxílio moral ao capitão suspeito.
“[…] no que tange ao Comandante-Geral da Polícia Militar, observo que, a princípio, a referida autoridade prestou auxílio moral ao investigado HELTON JOHN com o fim de subtraí-lo à ação da autoridade pública, na medida em que foi orientada a trocar de aparelho celular, o que, em tese, interferiu nas investigações, uma vez que o telefone apreendido com o investigado não era o mesmo que ele utilizava no momento do crime”, consta na decisão.
Depoimento do capitão Helton
Durante o depoimento, o capitão Helton John disse que a intenção de ligar para Miramilton foi porque, além de ser comandante-geral da tropa, é um antigo amigo e pastor da igreja. Helton afirmou que estava preocupado porque Caio disse que se entregaria à polícia, o que não aconteceu. A ligação para o comandante ocorreu via WhatsApp.
“Fiquei assim: ‘pô, vou ter que avisar para alguém, vou ter que avisar, vou pensar aqui. Rapaz, vou ligar pro coronel Miramilton’. Além dele ser pastor, é meu amigo, a gente se conhece desde que eu não era polícia, conhece meu pai, conhece meu avô e é comandante da polícia”, detalhou.
Segundo Helton, o comandante ainda questionou se ele estava com o celular na hora do crime e motivo de ele não ter dado voz de prisão a Caio. No entanto, o capitão disse que explicaria depois.
“Eu falei ‘tava’ [com o celular no local do crime]. Ele [Miramilton] disse ‘pois então troca essa celular. E eu ‘sim, senhor’”.
Diante da orientação do comandante, Helton trocou de aparelho e deu o antingo para o filho vender. Além disso, o capitão ficou com a arma usada no crime e escondeu em casa.
Ao todo, até a agora, a Polícia Civil identificou quatro suspeitos de envolvimento no assassinato do casal: o capitão, que está preso, o empresário, que está foragido, além de Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35, e Johnny de Almeida Rodrigues que chegaram a ser presos, mas já estão em liberdade.
Morte do casal em Surrão
O crime contra o casal aconteceu em uma terça-feira, no dia 23 de abril, na vicinal do Surrão, na propriedade do casal. Jânio Bonfim morreu no dia do ataque. Já a esposa, Flávia, ficou internada em estado grave, mas não resistiu e morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Flávia Guilarducci e Jânio Bonfim foram baleados após ter a casa onde viviam invadida por quatro homens, em Roraima.
Arquivo pessoal
Antes de ser baleada, Flávia gravou as vozes dos suspeitos quando eles chegaram na propriedade e capturou toda a discussão e o ataque a ela e o marido. Foi por meio dessa gravação que a Polícia Civil conseguiu identificar os autores do crime, incluindo o empresário Caio e o capitão Helton.
Áudio registra conversa e seis tiros em 15 segundos no assassinato de casal em disputa por
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