Curso em um dia, disfarce de médica e privação de sono: veja os pontos que levaram dona de clínica a ser indiciada por morte de influencer


Grazielly da Silva Barbosa foi indiciada por cinco crimes. Aline Maria Ferreira pagou R$ 3 mil para fazer o procedimento estético. Dona de clínica estética, Grazielly da Silva Barbosa (esquerda) e influenciadora digital Aline Maria Ferreira, que morreu após procedimento estético (direita)
Reprodução/Redes Sociais
A empresária Grazielly da Silva Barbosa foi indiciada por cinco crimes após a morte da influencer Aline Maria Ferreira, de 33 anos. Ao fim das investigações, a delegada Débora Melo detalhou sobre a atuação de Grazielly no procedimento e os pontos que levaram ela a ser indiciada pela Polícia Civil.
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A polícia divulgou o indiciamento de Grazielly na última quarta-feira (2). Ao g1, o advogado Thiago Huascar informou na quinta-feira (3) que a defesa de não irá se pronunciar sobre o indiciamento. Na época da prisão, Huascar disse que Grazielly jamais quis esse resultado, se referindo à morte de Aline.
O g1 questionou o Ministério Público de Goiás (MPGO) sobre a denúncia contra Grazielly à Justiça, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Questionado, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) afirmou que o processo contra a empresária está em segredo de justiça.
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Dona de clínica de estética é indiciada por cinco crimes após morte de influencer
Veja os pontos que levaram dona de clínica a ser indiciada:
A delegada explicou os pontos que levaram a dona da clínica a ser indiciada. “A privação de sono, o possível uso de substâncias psicotrópicas, a omissão no atendimento e a interferência no atendimento hospitalar nos levaram a concluir que, de fato, houve um homicídio”, exemplificou Débora Melo.
Privação de sono
As investigações identificaram que, na noite anterior ao procedimento da influencer, Grazielly foi para uma festa e não dormiu à noite. “Na época, ela não nos contou [sobre não ter dormido], mas ela sabia de tudo isso e ainda assim assumiu o risco de realizar o procedimento”, destacou a delegada.
Grazielly da Silva Barbosa, dona de clínica estética em Goiânia e investigada por morte de paciente
Reprodução/Redes Sociais
Omissão no atendimento
Débora disse ainda que a empresária não orientou a paciente, ou a família dela, a procurar um pronto-socorro. Conforme depoimento do marido de Aline à polícia, Grazielly tentou convencê-lo a não levar a influencer para um hospital dizendo que iria prescrever medicamentos para ela.
Disfarce de médica e interferência no atendimento hospitalar
Conforme investigações, enquanto Aline estava internada em um hospital, em Brasília, no Distrito Federal (DF), a empresária se passou por médica para entrar no local e aplicar uma injeção de anticoagulante na influencer. “Sem a autorização da família e conhecimento dos médicos”, disse Melo.
Clínica Ame-se, localizada em Goiânia, Goiás
Divulgação/Polícia Civil
Curso em um dia e falta de formação
Grazielly se apresentava como biomédica, mas, segundo a polícia, ela cursou três semestres de medicina no Paraguai e fez dois cursos livres de um dia na área. “Ela estava brincando com a vida das pessoas ao injetar produtos sem ter a qualificação técnica para fazer o procedimento”, destacou.
Compra irregular dos produtos
Além dos pontos acima, a delegada destacou que a empresária adquiriu o produto aplicado nas pacientes de forma irregular, sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O marido de Aline, Pablo Batista, relatou à polícia que o procedimento em Aline durou 15 minutos.
“Há evidências da cadeia de compra e venda do produto, e os laudos identificaram o PMMA no corpo da vítima”, destacou.
Em nota, a fabricante do PMMA, MTC Medical, informou que as investigações do caso apontam que produto que foi injetado foi retirado de potes da bolsa da falsa biomédica e que as seringas foram então enchidas com esse material. Esse manejo, segundo a fabricante, é totalmente distinto do PMMA legítimo, o qual é vendido exclusivamente a médicos.
Morte de influencer
Influenciadora Aline Maria Ferreira morreu no DF após fazer cirurgia estética
Reprodução/Redes sociais
Aline saiu de Brasília e foi para Goiânia para passar pelo procedimento no dia 23 de junho. O marido da influenciadora disse à polícia que a aplicação foi rápida e eles retornaram para Brasília no mesmo dia, com Aline aparentando estar bem, apesar de já sentir muitas dores. Com o passar dos dias, segundo a delegada, as dores não diminuíram e a influencer passou a apresentar fraqueza e febre.
Mesmo medicada, a influenciadora continuou com febre, e no dia 26, começou a sentir dores na barriga. No dia 27, Aline piorou e desmaiou. O marido a levou ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia, pois a unidade não tinha Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Depois, Aline foi transferida para um hospital particular da Asa Sul. Lá, precisou ser entubada na UTI e teve duas paradas cardíacas. Aline morreu dia 2 de julho e o corpo dela foi velado e sepultado no dia 4, no cemitério Campo da Esperança do Gama.
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