Suspeito de matar delegada nega crime, diz que se conheceram há quatro meses e casariam nesta semana


Homem identificado como Tancredo Neves teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta segunda-feira (12). Corpo de Patrícia Neves Jackes Aires foi encontrado em área de mata na Região Metropolitana de Salvador, no domingo (11). Companheiro de delegada é suspeito de feminicídio na Bahia
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O homem suspeito de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires disse que iria se casar com a chefe de polícia na próxima quarta-feira (14), apenas três dias após ela ter sido assassinada. A declaração foi dada em depoimento na 37ª Delegacia Territorial da Bahia (DT/São Sebastião do Passé).
A delegada foi encontrada morta no domingo (11), dentro do próprio carro, em uma área de mata em São Sebastião do Passé, cidade na Região Metropolitana de Salvador.
Para a Polícia Civil, o companheiro dela, identificado como Tancredo Neves Feliciano de Arruda, é o principal suspeito do feminicídio. Com a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta segunda (12), ele nega o crime e afirma que os dois foram vítimas de um sequestro.
Em seu depoimento, Neves contou que conheceu Patrícia em novembro de 2023, em um restaurante de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano. A delegada atuava como plantonista na unidade policial da cidade.
Delegada é encontrada morta dentro de carro em área de mata na Bahia, e companheiro é preso suspeito do crime
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O relacionamento, segundo ele, teve início há cerca de quatro meses. O homem admitiu que houve violência verbal ao longo desse período, mas negou que tenha ocorrido qualquer episódio de violência física ou sexual.
Apesar disso, ele chegou a ser preso em maio deste ano por agressão contra Patrícia. Neves argumentou que provou sua inocência no caso e ressaltou que a vítima retirou a medida protetiva de urgência.
Queixas de outras mulheres e exercício ilegal da Medicina
Antes de se relacionar com a delegada, Neves já colecionava denúncias e processos apresentados por outras mulheres com as quais se relacionou. Em todos os casos, ele nega as agressões.
Questionado sobre o que explicaria o fato de “tantas mulheres terem registrado fatos” contra ele, o homem afirmou apenas que “xinga muito”.
Companheiro suspeito de matar delegada foi preso em maio por agressão à vítima e investigado por exercício ilegal da medicina
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Neves também é alvo de um inquérito por exercício ilegal da Medicina. Ele reconheceu a existência do processo, mas disse que nunca foi intimado. O homem se apresenta como médico, formado no Paraguai, mas disse que não exerce a profissão.
Versão do suspeito
Ao defender sua inocência no assassinato de Patrícia, Neves disse que ele e a mulher foram vítimas de um sequestro. Veja abaixo o que diz o suspeito:
Por volta de meia-noite de domingo, os dois teriam saído de Santo Antônio de Jesus com destino a Salvador.
Quando fizeram uma parada na rodovia, teriam sido abordados por três indivíduos em uma motocicleta.
Um dos homens teria seguido na moto, e os outros dois teriam ficado com o casal, fazendo ameaças e exigindo transferências durante a viagem.
Eles teriam passado pelo pedágio, sob controle dos criminosos, que estariam no banco do fundo do carro.
Teriam feito outras duas paradas e, na última, teriam o abandonado na BR-324.
Livre, ele acionou a polícia e registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Amélia Rodrigues, cidade a 90 km de Salvador.
Rastreou o carro e enviou a localização aos agentes de segurança, que enviaram equipes e encontraram o corpo de Patrícia.
Imagem contradiz depoimento
Durante o interrogatório, Neves foi questionado sobre o momento em que passaram pelo pedágio. O interrogador descreve que, nas imagens, a vítima aparece no banco do carona, que estava arreado, com a perna no painel, em “posição que demonstrava que a mesma estava desacordada ou morta”.
Delegada é encontrada morta dentro de carro em área de mata na Bahia
Neves afirmou que “não sabe da perna no painel, mas estavam todos tensos e não sabe explicar”. Ele justificou também que “o banco não estava tão arreado que não pudesse uma pessoa ficar atrás”.
Problemas na Justiça
A Polícia Civil também informou que em maio deste ano, o suspeito foi preso em flagrante por agressões à delegada, mas foi solto por decisão da Justiça. A vítima pediu uma medida protetiva contra o namorado, mas o casal se reconciliou.
Os indiciamentos por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica aconteceram depois que a Polícia Civil de Euclides da Cunha concluiu as investigações em 2022. Os documentos foram remetidos ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Quem era Patrícia Jackes
Delegada Patrícia Neves Jackes Aires é encontrada morta na Bahia
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Patrícia Neves Jackes Aires nasceu em Recife, capital pernambucana, e tinha um filho. Bacharel em Direito e especialista em Direito Penal e Processo Penal, a delegada tomou posse em 2016, sendo designada em seguida para a delegacia de Barra, no oeste da Bahia.
Depois, comandou as delegacias de Maragogipe e São Felipe, antes de ser lotada em Santo Antônio de Jesus, onde atuava como plantonista.
Delegada Patrícia Neves Jackes Aires é encontrada morta na Bahia
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Patrícia Jackes tinha forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero. Em 2021, ela passou pelo Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (NEAM), da 4ª Coordenadoria de Polícia, no município de Santo Antônio de Jesus (BA).
Antes de se formar em Direito, Patrícia se graduou em Licenciatura Plena em Letras. Ela trabalhou por 12 anos como professora de língua portuguesa e língua inglesa.
Luto pela morte da delegada
Delegada Patrícia Neves Jackes Aires é encontrada morta na Bahia
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Em nota, a polícia lamentou profundamente a morte da servidora, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus, e informou que está empenhada com todos os seus departamentos para esclarecer as circunstâncias do crime e realizar as providências cabíveis.
O Sindicato dos Policiais Civis também lamentou a morte da delegada.
A Delegada-Geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, também lamentou o ocorrido através de uma publicação em uma rede social.
“Acordei com a triste notícia da partida da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus. Meus sentimentos aos familiares e colegas de profissão”, escreveu na legenda da postagem.
A Secretária das Mulheres do Estado disse que “a delegada Patrícia tinha uma carreira promissora, inclusive com forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero”.
O corpo de Patrícia Jackes foi velado na manhã desta segunda-feira (12), na Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Jesus. O sepultamento será na terça (13), em Recife.
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