Policial militar é preso suspeito de envolvimento em emboscada contra agente da Seap


Altamir Senna Oliveira Junior, o Mizinho, tinha acabado de sair da cadeia quando foi atacado, no ano passado. Vítima foi baleada, mas sobreviveu. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal Altamir Senna Oliveira Junior, o Mizinho, foi atingido por tiros de fuzil no Rio de Janeiro
Reprodução
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) prenderam, nesta segunda-feira (7), o policial militar Thiago Alves Benício, suspeito de envolvimento na tentativa de execução do policial penal Altamir Senna Oliveira Junior, o Mizinho, que foi atingido por tiros de fuzil em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no ano passado.
Altamir foi baleado, mas sobreviveu. Ele é acusado de envolvimento com o contraventor Bernardo Bello.
O policial militar foi alvo de um mandado de prisão temporária e foi encontrado em casa. O trabalho da polícia segue para identificar mais envolvidos.
A investigação começou na 35ª DP (Campo Grande) mas foi assumida pela DHC em agosto desse ano após celulares e documentos de Thiago serem apreendidos. Na análise do material, os policiais encontraram indícios de envolvimento dele no crime.
Thiago foi levado para a Unidade Prisional da Polícia Militar. Na casa dele, foram encontradas uma pistola de numeração raspada, carregadores, toucas ninja, luvas e dinheiro em espécie sem comprovação de origem. Ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.
Na época do ataque, Mizinho, que é policial penal e servidor da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio (Seap), tinha acabado de sair da cadeia. Ele responde em liberdade por organização criminosa e corrupção ativa.
Câmera de segurança registra policial penal perseguido por homens armados
Um vídeo mostra a tentativa de execução (veja acima). Nas imagens, Altamir sai de casa e abre o carro. Três homens encapuzados surgem, e o policial sai correndo. Dois usavam fuzis, e um portava uma pistola. Eles atiram várias vezes — é possível ver tiros acertando muros de casas e um poste.
Um quarto homem permanece no carro preto utilizado pelos criminosos. Depois, os três homens voltam para o veículo, e eles vão embora.
Altamir Senna, o Misinho, foi preso no ano passado por ligação com o jogo do bicho
Divulgação
Ligação com o jogo do bicho
No final de 2022, Mizinho foi um dos 26 alvos de uma operação do Ministério Público do Estado (MPRJ) contra integrantes de um grupo que praticava crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro proveniente da exploração de jogos de azar. Os bicheiros Bernardo Bello e Marcelo Simões Mesqueu, o Marcelo Cupim, também foram alvos da ação.
Na casa de Mizinho, as equipes encontraram R$ 31.800 em dinheiro vivo. Ele chegou a ser preso na Operação Fim da Linha e foi denunciado por organização criminosa e corrupção ativa.
Mizinho foi candidato à deputado federal em 2022. Filiado ao União Brasil, ele recebeu R$ 1,35 milhão do Fundo Eleitoral para sua campanha. Até a última prestação de contas ele tinha declarado ter gasto R$ 1,45 milhão, ficando com uma dívida de campanha de R$ 100 mil.
O lema de campanha do candidato era “Fazer a diferença”. Ao todo ele recebeu 7,8 mil votos e conseguiu uma vaga de suplente, sendo o 17º substituto do partido.
Bernardo Bello, em foto de arquivo
Reprodução/TV Globo
Segundo a investigação da Operação Fim da Linha, Mizinho é intermediário direto do bicheiro Bernardo Bello. Os promotores afirmaram que o inspetor auxiliava e representava Bello em reuniões com contraventores e milicianos.
Para tentar evitar ser grampeado, ele usava três celulares, sendo um deles em nome de terceiros e de uso exclusivo para conversar e trocar mensagens com Bernardo Bello. O contraventor era o único contato salvo no aparelho usado apenas para tratar de “assuntos escusos”, segundo o MP.
‘Sou bandido’
Na denúncia apresentada à Justiça, o MPRJ anexou trocas de conversa entre Altamir e o Bernardo Bello. Em uma delas, ao dizer que recebeu um convite para trocar de quadrilha, Altamir diz que tem “palavra” e é “bandido”. Em diversas mensagens, ele se refere ao contato como “irmão”.
“Irmão, sou de palavra. Trabalho com o crime há 22 anos. Sou cria de favela. Não vou dar mole nunca. Sou bandido”, escreveu.
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