Caso Fábio Escobar: testemunha em processo de PMs investigados por assassinato de empresário é morta


Celular que foi de Lucas Costa Lopes foi usado para atrair Fábio Escobar em emboscada que ele foi morto. Polícia diz que empresário foi assassinado por vingança após denunciar de desvios de dinheiro em campanha eleitoral. Fábio Alves Escobar Cavalcante foi morto a tiros em Anápolis
Reprodução
A testemunha Lucas Costa Lopes Moreira, do caso da morte do empresário Fábio Escobar, foi morta em Niquelândia, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a investigação, um celular que pertenceu (e que já havia sido repassado para terceiros) a Lucas foi usado para atrair o empresário na emboscada em que ele foi morto, em 23 de junho de 2021 – entenda abaixo.
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Lucas seria interrogado pela Justiça em novembro deste ano, mas morreu no dia 28 de agosto. Ao g1, a Polícia Técnico-Científica explicou que ele chegou a ser socorrido ao hospital, mas não resistiu e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Uruaçu, onde foi realizada a necrópsia. A morte dele foi confirmada pela mãe à Justiça de Anápolis quando uma analista mandou mensagem para intimar o homem para depor.
Segundo a investigação, o celular usado para atrair Fábio havia sido repassado por Lucas a um traficante. Em seguida, teria sido pego do traficante em uma abordagem pelo policial Glauko Olívio de Oliveira, também suspeito de matar a esposa desse traficante na tentativa de evitar que a autoria do crime contra Fábio fosse descoberta (saiba a cronologia desses fatos abaixo).
O g1 entrou em contato com a defesa do PM Glauko, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Contatou também a Polícia Militar para entender as circunstâncias da morte de Lucas Costa, mas não obteve retorno.
Segundo a Polícia Civil, Fábio Escobar foi assassinado por vingança após denunciar de desvios de dinheiro na campanha eleitoral de 2018 do ex-presidente do Democratas, Carlos César de Toledo, conhecido como Cacai.
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Relação da testemunha com caso Fábio Escobar
Segundo explicado pela Justiça em uma decisão do caso, Fábio Escobar foi atraído até o local em que foi morto por uma ligação. Essa ligação, segundo as investigações, foi feita por um número que estava cadastrado em um aparelho de telefone que, originalmente, foi adquirido pela esposa de Lucas. As apurações policiais dizem ainda que, após ficar em posse do aparelho, Lucas repassou o celular a um traficante como forma de pagamento de drogas.
Ainda segundo o documento judicial, em junho de 2021, o traficante que havia pego o celular e a esposa dele, Bruna Vitória Rabelo, foram alvos de uma abordagem envolvendo pelo menos um dos policiais investigados no caso Fábio Escobar: Glauko Olívio de Oliveira. O documento explicou que, nessa abordagem ao traficante e a esposta, o celular que originalmente tinha sido de Lucas foi pego por um dos policiais.
Narra o decisão que, em seguida, outros policiais militares cadastraram chip telefônico no nome de Fábio Escobar. Esse chip foi colocado no aparelho subtraído do traficante (que originalmente era de Lucas) e usado para contatar Fábio.
Foi apurado nas investigações que, por esse celular, os suspeitos do crime iniciaram uma “negociação comercial” com Fábio, na tentativa de encontrá-lo pessoalmente. Na primeira tentativa, o encontro foi frustrado, não tendo ocorrido. No entanto, na segunda tentativa, Fábio foi até o local combinado e foi morto a tiros.
Após o crime contra Fábio, o celular usado para atrair o empresário até o encontro foi encontrado próximo a casa de um PM que já havia falecido. Esse PM, segundo a Justiça, conhecia o amigo do policial dono da rede de internet que o celular foi conectado assim que foi pego do traficante. A investigação explica que, segundo indícios, o policial Glauko teria repassado o aparelho para outro agente, que o entregou para o PM que era dono da casa próxima ao local em que o telefone foi encontrado.
A decisão fala também sobre o assassinato de Bruna Vitória Rabelo, esposa do traficante que Lucas entregou o celular inicialmente. A investigação explicou que ela foi morta a tiros disparados por duas pessoas que estavam em uma motocicleta. De acordo com a Justiça, uma dessas pessoas seria o policial Glauko.
O crime, de acordo com a Justiça, foi cometido com o “nítido propósito” de dificultar a descoberta de quem teria matado Fábio. O documento ainda menciona o assassinato de outras seis pessoas que teriam sido mortas em confronto pelo mesmo motivo.
Policiais viram réus
A Justiça aceitou a denúncia do MP contra três policiais militares e Cacai Toledo pela morte do empresário. Assim, eles se tornaram réus pelo crime de homicídio qualificado. Os policiais são:
Glauko Olívio de Oliveira;
Thiago Marcelino Machado;
Erick Pereira da Silva.
Segundo a Justiça, Erick era o policial dono da rede de internet em que o celular que pertenceu à Lucas foi conectado para que o chip telefone fosse cadastrado no nome de Fábio e, posteriormente, o empresário fosse contatado. Já Thiago, amigo de Erick, é mencionado como suspeito da morte de pessoas que teriam sido assassinadas com o objetivo de esconder a autoria do crime contra Fábio Escobar.
O g1 pediu uma nota de posicionamento para a defesa de Thiago e Erick, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Assassinato de Fábio Escobar
Jorge Caiado (à esquerda), Carlos César Savastano Toledo, conhecido como Cacai (meio), e o empresário morto a tiros, Fábio Alves Escobar Cavalcante (lado direito)
Reprodução/TV Anhanguera
A Polícia Civil (PC) concluiu que o empresário Fábio Escobar foi assassinado no dia 23 de junho de 2021 por vingança após ter denunciado desvios de dinheiro na campanha eleitoral de 2018 do ex-presidente do Democratas, Cacai Toledo. Em abril deste ano, o crime contra Fábio foi inculído na lista de casos de grande repercussão Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Cacai foi coordenador da campanha política do Democratas ao governo do estado de 2018, em Anápolis. Com a eleição de Ronaldo Caiado, ele ganhou o cargo de diretor administrativo da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Em 2020, foi preso por suspeita de fraudes em licitações na companhia e perdeu o cargo.
Escobar trabalhou com Cacai durante a campanha de 2018. No ano seguinte, passou a denunciá-lo na internet por supostos desvios de dinheiro. Em um dos vídeos, Escobar mostrava o momento em que devolvia R$ 150 mil, que ele dizia ter recebido de Cacai como suborno para que ele parasse com as denúncias (assista abaixo). Para a investigação, essas desavenças motivaram o assassinato do empresário.
Empresário Fábio Escobar fazia vídeo criticando Cacai Toledo
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