Polícia Civil de SP pede bloqueio de R$ 8 bilhões de pessoas e empresas suspeitas de ligação com o PCC


O Jornal Nacional teve acesso a documentos da operação policial em São Paulo. O Jornal Nacional teve acesso a documentos de uma operação policial, em São Paulo, que motivou o pedido de bloqueio de R$ 8 bilhões de contas de pessoas e empresas suspeitas de ligação com a facção criminosa PCC.
É no nono andar de um prédio em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, que funciona uma empresa que diz oferecer serviços financeiros. A 4TBank é investigada por lavagem de dinheiro, financiamento e custeio para tráfico de drogas. A empresa está em nome de Matie Obam, de 24 anos.
A Justiça decretou medidas cautelares contra Matie Obam, como a proibição de sair da cidade. Segundo a polícia, quem opera a empresa é o padrasto de Matie, João Gabriel de Mello Yamawaki. A família mora em um condomínio de luxo, também em Mogi das Cruzes. João Gabriel foi preso na semana passada, com outras 12 pessoas. Ele é suspeito de lavar dinheiro para o PCC.
A 4TBank é o nome fantasia da 4TPag. Segundo o Banco Central, essa empresa nunca teve autorização para funcionar. A polícia chegou até a empresa depois de uma apreensão de drogas em uma cidade vizinha em 2023. Eram 28 kg de maconha e 8 kg de cocaína. Na casa, estava Fabiana Manzini. Ela negou ser a dona da droga. Mas os investigadores afirmam que Fabiana estava, sim, envolvida com o crime. Segundo eles, ela intermediava o tráfico de entorpecentes para o marido, Anderson Manzini.
Polícia Civil de SP pede bloqueio de R$ 8 bilhões de pessoas e empresas suspeitas de ligação com o PCC
Jornal Nacional/ Reprodução
A polícia diz que Anderson é um dos líderes do PCC e primo de João Gabriel, o homem suspeito de operar a 4TBank – a empresa de supostos serviços financeiros. Anderson Manzini está preso desde 2002. No celular da mulher dele, Fabiana, os investigadores encontraram várias conversas. Em uma delas, segundo a polícia, João Gabriel ajudava a comprar drogas no Paraguai.
“Foi esse primo, através da rede de banco dele e dos contatos financeiros dele, que operacionalizou a conversão, o câmbio, para conseguir os dólares para fazer a compra lá no Paraguai e trazer a droga aqui para o Brasil”, diz Fabrício Intelizano, delegado responsável pelo caso.
O conteúdo do celular de Fabiana também levou a polícia a outros envolvidos. Com a ajuda de dados do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, a polícia identificou movimentações suspeitas em 46 contas de vários bancos. Nessas contas, a polícia detectou movimentações de mais de R$ 8 bilhões. A Justiça decretou o bloqueio desses valores.
“Estamos falando de movimentação financeira, não de outros bens apreendidos. Há outros bens apreendidos que não entram no contexto desse valor. Então, há um universo muito grande. É realmente uma expressão de magnitude ímpar”, afirma Waldir Antonio Covino Junior, delegado seccional de Mogi das Cruzes/SP.
Uma dessas contas chamou a atenção do Coaf. A conta recebeu diversos depósitos em notas de R$ 20. No relatório do Coaf, os técnicos dizem que as cédulas tinham “forte cheiro de maconha”.
O advogado que representa a 4TBank, Matie Obam e João Gabriel Yamawaki disse que não há fundamento nas alegações de ligação da instituição com ações criminosas; afirmou que está confiante de que as investigações demonstrarão a inocência dos sócios e a legitimidade das operações da empresa; e que a empresa está em processo de registro e autorização do Banco Central.
A advogada de Fabiana Manzini disse que ela foi absolvida da acusação de tráfico das drogas encontradas na casa onde ela estava.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de Anderson Manzini.
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