Caso Gabriel: policiais acusados pela morte de jovem em 2022 são interrogados na Justiça


PMs respondem por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, uso de tortura e recurso que dificultou a defesa da vítima. Eles estão no presídio desde que corpo de jovem foi encontrado. Policias acusados pela morte de Gabriel Cavalheiro, em 2022, são ouvidos pela justiça
Três policiais militares acusados pela morte de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, encontrado em um açude em 2022 (relembre abaixo), foram interrogados nesta terça-feira (13). O Juiz Ham Martins Regis, da Vara Criminal de São Gabriel, na Fronteira Oeste do RS, conduziu esta última etapa antes da decisão da justiça se os réus serão ou não julgados pelo Tribunal do Júri.
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O segundo-sargento Arleu Junior Cardoso Jacobsen e os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima respondem por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, uso de tortura e recurso que dificultou a defesa da vítima. Eles estão no presídio militar de Porto Alegre desde o dia em que o corpo de Gabriel foi encontrado.
Durante a sessão, as defesas dos réus pediram a revogação da prisão preventiva e solicitaram um prazo adicional para a complementação de uma prova. O juiz concedeu um prazo de dois dias para a apresentação de documentos adicionais.
O Ministério Público se manifestou contra a revogação da prisão preventiva, mantendo a posição de que os réus devem permanecer detidos.
“Eles mantiveram as versões que vinham apresentando desde desde o inquérito mas apesar disso o Ministério Público mantém a convicção no sentido da responsabilidade dos três pelo pelo fato ocorrido”, afirma a promotora de justiça criminal de São Gabriel, Lisiane Vila Grande Veríssimo da Fonseca.
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A defesa dos soldados não se manifestou. Já a defesa do segundo-sargento Jacobsen pediu a liberdade dele, que será analisada pela justiça.
“Ele não matou Gabriel, ele não escondeu o corpo do Gabriel, o Jacobsen é inocente. Há um erro judiciário contra eles e que tem que ser corrigido urgentemente”, disse advogado de Jacobsen, Maurício Adami Custódio.
Após a decisão sobre a prisão preventiva, o processo continuará com a vista às partes para apresentação de alegações finais. Em seguida, o caso será submetido à decisão do magistrado, que determinará se os réus serão levados a júri.
Relembre o caso
Desaparecimento de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, em São Gabriel, completa uma semana nesta sexta-feira (19)
Arquivo Pessoal/Reprodução
Gabriel Marques Cavalheiro era um jovem de 18 anos que se mudou de Guaíba, onde morava com os pais, para São Gabriel, onde iria prestar o serviço militar obrigatório. O jovem estava hospedado na casa de um tio, mas a irmã também morava na cidade.
Ele desapareceu no dia 12 de agosto, após ser abordado por três policiais militares na Avenida Sete de Setembro. Uma vizinha da casa em que ele estava hospedado chamou a polícia porque, segundo ela, o jovem estaria forçando o portão que dá para o pátio em frente ao imóvel.
Os policiais teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura militar. Testemunhas disseram que ele foi atingido por “pelo menos dois ou três golpes de cassete”. Essa foi a última vez que Gabriel teria sido visto com vida.
Imagem mostra abordagem da Brigada Militar (BM) a Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, em São Gabriel
Arquivo pessoal
O corpo de Gabriel foi localizado uma semana depois do desaparecimento, submerso em um açude na localidade. No mesmo dia, três PMs suspeitos do assassinato foram presos. As defesas alegaram a inocência dos policiais.
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O laudo da perícia apontou que o jovem morreu de hemorragia interna e que o corpo ficou cinco dias na água.
Em meio às investigações, reportagem da RBS TV obteve acesso a troca de mensagens por aplicativo entre os três policiais militares investigados. As conversas mostram que os agentes chegaram a brincar com o desaparecimento e mostram preocupação com as buscas ao corpo.
Os PMs foram indiciados por homicídio doloso triplamente qualificado. Além desse crime, o Ministério Público ainda denunciou os policiais por ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
Os policiais são réus por homicídio na Justiça comum. O trio foi absolvido do crime de ocultação de cadáver, na Justiça Militar. Um dos PMs foi condenado a um ano de reclusão por falsidade ideológica.
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