Laudos, análises, depoimentos: entenda próximos passos da investigação criminal do acidente em Vinhedo


Polícia Federal em Campinas atua na identificação das vítimas e, futuramente, deve colher depoimentos dos envolvidos na tragédia. Queda de avião deixou 62 mortos na última sexta-feira (9). Polícia realiza trabalho de perícia na manhã deste sábado (10) após desastre aéreo em Vinhedo
Polícia Federal
A Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo devem conduzir, em paralelo à apuração do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), as investigações criminais sobre o acidente aéreo que deixou 62 mortos em Vinhedo (SP), na última sexta-feira (9).
Diferentemente do Cenipa, que apura as causas para evitar futuras tragédias, a investigação das duas polícias busca identificar pessoas que possam ser responsabilizadas criminalmente pela tragédia.
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Na Polícia Federal (PF), o inquérito será presidido pela delegada Estela Beraquet Costa, da delegacia de Campinas (SP). Ao g1, a corporação explicou que, neste momento, está focada na identificação das vítimas, com atuação do Instituto Médico Legal, peritos e papiloscopistas da PF.
▶️ Cronologicamente, as próximas etapas da investigação abrangem, segundo a PF:
identificação de todas as vítimas (com atuação do Instituto Médico Legal, peritos e papiloscopistas da PF);
exame de local de crime (feito pelo Núcleo Técnico Científico de Campinas e Instituto Nacional de Criminalística de Brasília);
acompanhamento do estudo técnico dos destroços da aeronave (feito pelo Cenipa, com quem a PF compartilha informações);
e depoimentos dos envolvidos.
No âmbito da Polícia Civil, as investigações são conduzidas pela delegada Denise Margarido, da Delegacia de Vinhedo. O g1 perguntou os próximos passos do inquérito à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que se limitou a dizer que “as diligências estão em andamento com o objetivo de esclarecer os fatos”.
Nesta terça-feira (13), a Polícia Científica realizou uma varredura com fotometria e drone na área da queda após a localização de “remanescente humano” entre os destroços.
O Cenipa havia finalizado, na segunda-feira (12), a ação inicial de investigação e remoção de parte da aeronave, e tinha entregado a área à Voepass. Os trabalhos, porém, precisaram ser paralisados devido às novas ações dos peritos.
Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo
Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da Voepass, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.
De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.
O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.
Destroços de avião em Vinhedo
Miguel Schincariol/AFP
Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):
Número de assentos: 74
Velocidade de cruzeiro: 511 km/h
Comprimento: 27 metros
Envergadura: 27 metros
Altura: 7,65 metros
Autonomia de voo: 1.324 km
O que diz a Voepass?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite de sexta (9) e afirmou que os pilotos eram experientes e os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A Voepass Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
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