Mulher que chamou advogada de ‘macaca’ é indiciada por injúria racial e maus-tratos; marido é investigado por maltratar filhos

Vítima do ataque racista, a advogada Cristiane Linhares disse que as ofensas foram feitas por Daniela Trevizan, companheira do ex-marido de uma cliente, durante uma briga familiar que aconteceu na Zona Sul de São Paulo. Advogada é alvo de ataques racistas na Zona Sul de SP
A Polícia Civil de São Paulo indiciou Daniela Trevizan, de 42 anos, pelos crimes de injúria racial, maus-tratos, injúria e difamação. No final de julho, a mulher foi filmada chamando a advogada Cristiane Linhares de “macaca”. O caso aconteceu na região do Sacomã, na Zona Sul de São Paulo (veja vídeo acima).
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o marido da acusada, de 50 anos, também foi indiciado por maus-tratos contra os filhos. A autoridade policial trabalha para ouvir as demais partes envolvidas para a conclusão do caso.
O g1 e a TV Globo tentam o contato da defesa de Daniela.
Em depoimento à polícia, Daniela Trevizan disse que, no dia do ataque, havia bebido meia garrafa de uísque. Ela também afirmou que faz uso de medicamento controlado e que não se lembra do ocorrido.
A advogada disse que o ataque ocorreu quando ela foi chamada para atuar em uma briga familiar — sua cliente informou que a filha estaria sendo agredida por Daniela, madrasta da garota.
A acusada relatou que se lembra apenas de ter segurado os braços da enteada porque ela teria partido para cima dela. Falou também que assistiu aos vídeos horas depois e “ficou indignada com suas atitudes”.
Ataque racista
Segundo Cristiane, a agressora é atual companheira do ex-marido de sua cliente.
“Eu fui lá para exercer minha atividade profissional. Não falei com ela, não tive contato com ela, e ela me chamou de macaca”, relatou.
A advogada conta que acionou a polícia e a agressora chegou a ser levada para a delegacia, mas foi liberada sem prestar depoimento.
“Quando a polícia chegou, com certeza, eu acreditei que a Justiça seria feita, porque antes de eu querer mostrar o vídeo do crime de injúria racial, me identifiquei como advogada. Então, pensei: eu, operadora do direito, que entendo um pouquinho, eles não poderiam jamais titubear, mas não fizeram nada, não deram voz de prisão à mulher.”
“Eu me senti ali impotente, porque, como operadora do direito, eles fizeram tudo isso. Essa situação de impunidade dá mais forças para os racistas”.
A Polícia Militar informou que trabalha para identificar a equipe de policiais que atendeu a ocorrência e apurar as circunstâncias do ocorrido.
Segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC) do estado de São Paulo, de janeiro a julho de 2024 foram registradas 218 denúncias por discriminação étnico-racial no território paulista. No mesmo período, em 2023, foram 150 casos.
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