Mergulhadores de Fernando de Noronha são capacitados para captura do peixe-leão, espécie invasora e venenosa


ICMBio realiza treinamento para controlar a população de peixe que não tem predadores naturais na região. Mergulhadores participaram da capacitação
Ana Clara Marinho/TV Globo
A pesca é proibida na área do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, mas o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) autorizou a captura do peixe-leão na reserva. A espécie é exótica, invasora e venenosa. Esta semana o órgão realiza um novo treinamento com mergulhadores avançados para manejo do animal.
“Fazemos o projeto de manejo para realizar a captura de espécies exóticas invasoras, como o peixe-leão. Não é todo mundo que está autorizado a fazer a pesca desse animal; precisa fazer a capacitação e nós fazemos uma autorização especial”, informou o analista ambiental do ICMBio, Ricardo Araújo.
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A primeira captura de peixe-leão na ilha aconteceu em dezembro em 2020. Desde então, os registros aumentaram exponencialmente. O ICMBio vem treinando mergulhadores para lidar com a espécie.
O nome científico do peixe-leão é Pterois volitans. Essa espécie tem espinhos que contêm uma toxina que pode causar febre, vermelhidão e até convulsões nos seres humanos. O animal é predador e pode afetar animais nativos da região, causando desequilíbrio ambiental.
Ecossistema ameaçado
O coordenador do Projeto Conservação Recifal, Pedro Pereira, analisou os animais capturados em Fernando de Noronha.
“Com análise do conteúdo estomacal observamos que o peixe-leão tem se alimentado de espécies endêmicas da ilha, peixes que só existem em Noronha. Isso nos preocupa porque ele pode desequilibrar a estrutura da comunidade de peixes de Fernando de Noronha”, falou Pereira.
O estudioso identificou que “o invasor” também tem se alimentado de espécies herbívoras.
“Ao consumir um peixe herbívoro, que se alimenta das algas, pode desequilibrar o ecossistema. Isso pode aumentar a quantidade de algas e causar a diminuição de corais em algumas regiões”, explicou Pedro Pereira.
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O Plano de Ação para Controle e Monitoramento da Bioinvasão do Peixe-Leão em Pernambuco foi apresentado pela gerente geral de Áreas Costeiras da Secretaria de Meio Ambiente, Danise Alves.
“As principais ações do plano são pesquisa científica, para entender os aspectos ecológicos; divulgação, educação ambiental e sensibilização e, ainda, a viabilização para a captura do peixe-leão”, falou Danise Alves.
A representante do governo do estado disse que um projeto da Secretaria de Meio Ambiente vai viabilizar a confecção de equipamentos e doação desse material para comunidades que possam fazer treinamento e captura do peixe-leão.
Mergulhadores de Fernando de Noronha são capacitados para captura do peixe-leão
O treinamento dos mergulhadores da ilha começou na terça (13) e termina nesta quinta-feira (15). Os 20 alunos que participam do curso têm aulas teóricas e práticas (ver vídeo acima).
A médica Rúbia Galdinho também é mergulhadora e fez o treinamento. Ela contou que participar do curso é importante porque ajuda no tratamento de pessoas que possam se ferir com o animal e precisem de atendimento no hospital da ilha.
“É um animal peçonhento; o sistema hospitalar de emergência precisa estar preparado para as ocorrências com o peixe-leão. Isso ajuda a compreender as demandas de saúde e a servir melhor os moradores e trabalhadores que estão no mar”, afirmou a médica.
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