Documento da Voepass aponta itens que precisavam de manutenção no avião que caiu em Vinhedo (SP)


O IML de São Paulo terminou nesta quinta-feira (15) a identificação de todas as vítimas da queda do avião. Documento da Voepass aponta itens que precisavam de manutenção no avião que caiu em Vinhedo (SP)
Reprodução/TV Globo
O IML de São Paulo terminou nesta quinta-feira (15) a identificação de todas as vítimas da queda do avião da Voepass.
A entrevista dos peritos marcou o fim do processo de identificação das vítimas. O superintendente da Polícia Técnico-Científica de São Paulo explicou que a maior parte dos corpos foi identificada pelas impressões digitais e que não foi preciso fazer exames de DNA.
“O exame genético, o DNA, é um exame de última escolha. Por quê? Ele é um exame que demora mais para ser realizado. Então, toda a identificação foi possível por meio da análise das papilas datiloscópicas”, afirma Claudinei Salomão, superintendente da Polícia Técnico-Científica de SP.
Nesta quinta-feira (15), o Jornal Nacional teve acesso a um documento com uma lista de 21 itens e equipamentos que estavam pendentes de manutenção no avião que caiu em Vinhedo. Ele foi emitido no dia 9 de agosto, às 4h29, cerca de nove horas antes do acidente.
Entre os problemas relatados estão a falta de cortinas em janelas, cintos de segurança sem presilhas e bancos quebrados. Nenhum dos problemas indicados neste documento impediria o ATR-72 de decolar, segundo os investigadores da Aeronáutica.
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Em julho de 2023, o mesmo avião apresentou pane no sistema anti-gelo em pelo menos três dias, como mostrou a reportagem do Jornal O Globo desta quinta-feira (15). O Jornal Nacional também teve acesso aos documentos. O congelamento das estruturas de sustentação do ATR-72 é apontado por especialistas como uma das possíveis causas do acidente.
Em julho de 2023, avião que caiu em Vinhedo apresentou pane no sistema anti-gelo em pelo menos três dias
Reprodução/TV Globo
Em um registro do dia 14 de julho de 2023, os mecânicos anotaram que a aeronave apresentava “restrições de gelo” e acrescentaram que era preciso “evitar mandar o avião para o Sul”. Ainda assim, no mesmo dia, o ATR-72 seguiu para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
De acordo com um documento emitido pelo fabricante do ATR-72, o avião pode voar com o sistema anti-gelo inoperante, mas sob duas condições: o piloto não pode estender a operação, ou seja, voar mais tempo; e deve evitar condições de gelo previstas ou conhecidas.
O que os investigadores da Aeronáutica querem descobrir agora é se panes não relatadas pela Voepass ou que surgiram durante o voo contribuíram para o acidente. A análise das caixas-pretas e o cruzamento das informações devem ajudar os peritos nesse trabalho.
Avião que caiu em Vinhedo
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A Voepass disse que, durante a operação do voo que caiu em Vinhedo, todos os sistemas estavam funcionando e que, em nenhuma hipótese, os aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação.
Sobre os problemas no sistema anti-gelo registrados em julho de 2023, a empresa informou que eles foram sanados. A companhia não comentou por que, naquela época, contrariando a recomendação dos mecânicos, o avião seguiu para o Sul.
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