Psicóloga fala da experiência de acompanhar em Paris a conquista do ouro de Ana Patrícia e Duda: ‘Sem saúde mental não existe performance’

Bianca Andrade, de Bauru (SP), viveu presencialmente a emoção da conquista olímpica e exalta a importância do acompanhamento psicológico para a saúde mental dos atletas. Psicóloga de Duda e Ana Patrícia é de Bauru (SP) e acompanha a dupla desde 2022
Arquivo pessoal
Após 28 anos, Duda e Ana Patrícia conquistaram a medalha de ouro no vôlei de praia feminino nas Olimpíadas de Paris. Por 2 sets a 1, as brasileiras subiram no lugar mais alto do pódio da Arena Torre Eiffel e consagraram-se como as melhores do mundo.
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Nos bastidores dessa vitória tão memorável, uma equipe também foi coroada: além do treinador, preparador físico, fisioterapeuta, fisiologista e auxiliares, estava a psicóloga Bianca Andrade, de Bauru (SP).
A bauruense de 31 anos é psicóloga clínica do esporte, graduada em Psicologia pela UFSCar, mestra em Ciências do Movimento Humano pela UDESC e doutora em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Unesp. Começou a trabalhar com Duda e Ana Patrícia em 2022, quando surgiu a demanda da dupla na empresa em que ela trabalha, local especializado em psicologia e ginecologia esportiva.
A equipe por trás do ouro olímpico das atletas Duda e Ana Patrícia em Paris.
Arquivo pessoal
No início desse ciclo olímpico, Bianca conta que tiveram muitas reuniões com as atletas e a comissão técnica de forma online e presencial. Com isso, ela viajou várias vezes para acompanhá-las em Uberlândia, no Praia Clube, onde elas treinam, por algumas etapas do Circuito Mundial e do Circuito Brasileiro, além também de participar das semanas de treinamento em Portugal e nos Estados Unidos.
Assim como existe a preparação física, técnica e tática, a psicóloga ressalta a preparação mental para o evento. “No período de base, a gente senta, olha para os valores, vê quais são os objetivos, estabelece as metas e vamos trabalhando as habilidades que são importantes para esse processo”, explica Bianca.
Nesse período, o foco é em melhorar a concentração, aprender a lidar com a pressão, manejar emoções (em especial, a ansiedade) e até mesmo aperfeiçoar a comunicação e relacionamento com a equipe, para criar uma boa coesão com todos do grupo.
“É importante entender as questões de saúde mental de uma forma tão séria quanto a gente entende as questões de saúde física, como se fosse uma lesão mesmo, que a gente precisa cuidar e olhar com carinho.”
Bianca Andrade, de Bauru (SP), acompanhando o vôlei de praia feminino nas Olimpíadas de Paris.
Arquivo pessoal
O resultado da dedicação da dupla e desse trabalho em equipe veio com uma campanha incrível e a concretização da tão sonhada medalha de ouro. Bianca ressalta que, para além do primeiro lugar no pódio, a maior realização foi vê-las saindo felizes da quadra a cada jogo que terminavam. “Foi uma sensação indescritível acompanhar tudo isso de perto.”
Segundo Andrade, por muito tempo, a psicologia do esporte foi reconhecida somente por desenvolver habilidades psicológicas que melhorassem o desempenho esportivo, mas, atualmente, existe uma mudança nesse pensamento. A prioridade é estar bem mentalmente e depois focar nas competências para um bom jogo.
“Hoje a gente entende que sem saúde mental não existe performance”, afirma Bianca.
Duda e Ana Patrícia conquistam ouro no vôlei de praia em Paris
Reprodução/TV Globo
Com tantas pressões, expectativas e cobranças que os atletas de alto rendimento acabam sofrendo, a função do psicólogo é estar presente para auxiliar com essas questões e deixar ainda mais em foco a importância da saúde mental dentro do esporte. “O objetivo é dar o nosso melhor para as melhores do mundo”, finaliza.
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