‘Psicológico abalado’, diz jovem abandonada ferida na rua após ser atropelada em Franca, SP


Laís Aparecida Carvalho Lopes sobreviveu a acidente impressionante após ficar um mês e meio internada. Imagens mostram que motorista que a atingiu ainda desceu do veículo antes de fugir sem socorrê-la. Laís Aparecida Carvalho Lopes tem dificuldades na recuperação após ficar entre a vida e morte em Franca, SP
Lindomar Cailton/EPTV
Quatro meses após ser atropelada e abandonada ferida pelo motorista de uma caminhonete em Franca (SP), a atendente Laís Aparecida Carvalho Lopes enfrenta dificuldades na recuperação. A jovem, de 25 anos, ficou entre a vida e a morte e não consegue sair da cama devido aos traumas. Ela ainda precisa recorrer a vaquinhas para conseguir custear o tratamento.
“Eu não ando mais e não sei quando vou ter previsão para andar. É dor 24 horas, fico trancada no quarto, não poder ir ao banheiro, não poder tomar um banho. Meu psicológico está abalado, é a cena do acidente toda hora. Tenho que tomar remédio pra dormir, porque eu não consigo dormir. Isso pra mim está sendo difícil”, diz.
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Acidente impressionante
Em 12 de julho, Laís saiu do trabalho e seguiu de moto pela Avenida Chafic Facury, no bairro Jardim Ana Rosa. Ao passar por uma lombada, perdeu o controle da direção e sofreu uma queda. A atendente tentou se levantar, mas sentiu-se mal e deitou na rua.
Toda a movimentação foi registrada por câmeras de segurança. Enquanto Laís estava caída em cima da faixa de pedestres com a moto ao lado, os ocupantes de uma picape e um homem a pé se aproximaram dela, mas ninguém fez nada.
Na sequência, as câmeras de segurança registraram quando o motorista de uma caminhonete passou por cima de Laís. Ele desceu do veículo, observou a vítima inconsciente e gravemente ferida, mas foi embora sem prestar socorro (assista o vídeo abaixo; as imagens são fortes).
Câmera de segurança grava momento em que mulher cai de moto e é atropelada em Franca, SP
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A atendente ficou internada por um mês e meio em estado grave e passou por várias cirurgias.
“O médico não dava duas horas de vida pra mim pela gravidade do trauma. Eu coloquei um fixador na bacia, eu fiquei na UTI dez ou 11 dias intubada, sedada. Depois fiz outra cirurgia pra trocar o lugar do fixador. Quebrou a costela e perdi uma parte do osso da pelve, afetou bexiga, rins, baço e fígado”, relata.
Na noite seguinte ao acidente, o motorista se apresentou à Polícia Civil. Jairo Ribeiro Rezende prestou depoimento e foi liberado.
A defesa disse que Jairo se comprometeu em colaborar com as investigações para esclarecer os fatos, estava abalado e expressou disponibilidade para apoiar os familiares de Laís. Além disso, a defesa informou que o motorista torcia pela recuperação da vítima.
Imagem de câmera de segurança mostra Jairo se aproximando de Laís após atropelá-la em Franca, SP
Reprodução/Câmeras de segurança
No entanto, quatro meses após o acidente, Laís afirma que a única ajuda oferecida foram quatro caixas de remédio e que o motorista nunca a procurou.
“Não ajudou com mais nada, estou recebendo ajuda de pessoas de fora, fralda, curativo. Em nenhum momento ele se propôs a vir aqui procurar saber o que eu preciso.”
Incompreensão
Laís também não entende como o motorista foi capaz de atropelá-la e ir embora sem chamar socorro.
“Irresponsável. No momento, por tudo que eu estou passando, eu não o perdoaria. Ele poderia ter parado e visto outro jeito de sair do local. Ele fez questão de passar, ainda me desce do carro, chega perto de mim, olha, joga alguma coisa no canto e vai embora. Se não tivesse ninguém ali eu tinha morrido”, afirma.
Irmã da vítima, Lívia Carvalho Lopes sofre ao ver as dificuldades enfrentadas pela jovem, considerada por ela uma pessoa ativa e batalhadora.
“Eu choro com a situação. É tudo na cama, banho, comida. A vida dela mudou completamente. A minha mãe está esgotada porque ela teve que virar uma enfermeira da noite para o dia. Tivemos que adaptar porque a casa é pequena, depende de muita gente pra ajudar.”
Jairo Ribeiro Rezende responde por lesão corporal culposa na direção de veículo, quando não há intenção, e omissão de socorro. A defesa dele não foi encontrada para comentar o assunto.
Laís Aparecida Carvalho Lopes tem dificuldades na recuperação após ficar entre a vida e morte em Franca, SP
Lindomar Cailton/EPTV
Aumento de acidentes
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo mostram que de janeiro a setembro deste ano, franca registrou 768 casos de lesão corporal no trânsito. O aumento é de 23,6% comparado ao mesmo período de 2023, quando houve 621 ocorrências.
Além disso, em muitos dos casos, existe o agravante do motorista fugir sem prestar socorro à vítima.
O delegado Eduardo Bonfim afirma que muitos motoristas abandonam o local do acidente sem prestar assistência à vítima porque ingeriram bebida alcóolica. Segundo Bonfim, houve casos em Franca de pessoas que se envolveram em acidentes em locais ermos e chegaram a esperar duas horas por socorro.
“Pelo menos se vai embora, que tenha a coragem de ligar no Corpo de Bombeiros ou no 190 e pedir auxílio para que essa pessoa seja atendida o mais rápido possível e não fique no local sofrendo, podendo chegar à morte. Ao invés de uma simples lesão corporal, a pessoa vai responder por homicídio e até por homicídio doloso [com intenção]”, afirma.
📺 Assista à reportagem completa do EPTV2:
Número de acidentes de trânsito sobe 23% em Franca, SP
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