Pequeno caçador de asteroides, adolescente do ES já detectou 21 astros e sonha em ser engenheiro espacial


João Emanuel Coslop Camporez, de 12 anos, recebeu medalhas em Brasília, no último final de semana. Adolescente tem 56 premiações em competições nacionais e desenvolveu projeto para popularizar a Astronomia. João Emanuel participou da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Arquivo pessoal
Qualquer oportunidade de olhar para as estrelas vai ser aproveitada ao máximo pelo capixaba João Emanuel Coslop Camporez, de 12 anos. E não apenas por ser um jovem sonhador e cheio de ideias, como a idade permite. João é um caçador de asteroides e, no currículo, já possui 21 astros detectados, 11 deles apenas nos últimos dois anos. E ele leva a sério a atividade.
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Um dos reconhecimentos para este feito veio no último final de semana, quando o adolescente pôde participar pela segunda vez da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília. Na capital federal, recebeu três medalhas por suas descobertas mais recentes e ainda certificados com peso internacional.
“Desde pequeno, sempre gostei de Matemática. Com cinco ou seis anos, fui aprendendo mais sobre Ciências e acabei conhecendo o programa de caça a asteroides. […] Dos que eu já detectei, 11 foram somente neste ano. Quando eu crescer, quero seguir a carreira de engenheiro aeroespacial”, contou o menino.
Emanuel Coslop disse que uma de suas inspirações é o engenheiro da Nasa (a agência espacial norte-americana), Gabe Gabrielle.
O programa de Caçadores de Asteroides permite que estudantes recebam imagens de telescópios e analisem os dados em busca de novos astros. As fotos, capturadas por um telescópio no Havaí, são enviadas ao Brasil, onde os participantes transformam os arquivos em GIFs e identificam possíveis asteroides.
Atualmente, as descobertas estão classificadas como “preliminares” e “provisórias”. O material apontado já indica a presença dos astros, mas foi enviado à Nasa para outros estudos. Dependendo das confirmações alcançadas, ele pode ter a chance de nomear os astros detectados com o seu sobrenome.
Com 12 anos, caçador de asteroides capixaba já detectou 21 astros e sonha em ser engenheiro espacial. Espírito Santo
Reprodução/Caça Asteroides MCTI
O programa é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a Nasa e o International Astronomical Search Collaboration (IASC).
Segundo o MCTI, o Caça Asteroides encerrou as inscrições para 2024 em setembro, quando completou 3 mil inscritos. No Espírito Santo, são 38 caçadores listados.
Participaram da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, entre 5 a 10 de novembro, cerca de 350 caçadores de todo o Brasil.
Estudantes recebem imagens enviadas do Havaí para o Brasil.
Redes sociais/Caça Asteroides MCTI
Altas habilidades
A mãe do adolescente, Elaine Coslop, fala com orgulho sobre o filho e suas conquistas. Segundo a assistente administrativo, o menino escreve e conta os números desde um ano de idade. Aos três anos, ele também começou a ler. Entretanto, a família não confirmou tão cedo que o jovem possuía altas habilidades.
“A certeza de que ele tinha algo diferente demorou, porque eu achei que era um desenvolvimento muito bom, mas não a ponto de procurar logo um diagnóstico. Aí, quando ele tinha nove anos, fomos juntando os retornos da escola, com as percepções do dia a dia, e reclamações de que ele não estava satisfeito com o ensino, que não preenchia ele… Aí começamos a buscar ajuda e procuramos o psicólogo”, lembrou a mãe.
Com 12 anos, caçador de asteroides capixaba já detectou 21 astros e sonha em ser engenheiro espacial. Espírito Santo
Arquivo pessoal
Atualmente, João Emanuel soma 56 premiações de olimpíadas científicas, entre Matemática, Química, Física, Astronomia e Ciências. Além das aulas regulares e um reforço na escola, faz curso de Astronomia, Robótica, taekwondo e Física.
E para não dizer que a mãe está sendo “coruja”, a pedagoga da escola onde ele estuda, Ana Carla Brum Ribeiro, confirmou os feitos alcançados até agora, mas ressaltou que o jovem se destaca também nos aspectos pessoais.
“Ele já chegou à escola trazendo as realizações acadêmicas, se destaca nas habilidade cognitivas, no raciocínio lógico aguçado, tem capacidade de absorver, processar, aplicar informações complexas, é impressionante. Mas, ao mesmo tempo, é muito amável, educado, respeitoso, não deixa de ser criança, de ter comportamentos, de brincar de acordo com a faixa etária”, comentou.
A pedagoga reforçou a importância de estimular tanto o João Emanuel como todos os alunos que têm altas habilidades.
“Assim o aluno não perde o interesse nas atividades da escola, por considerar fácil ou que já sabe de tudo. É importante estimular ele, sem deixar de ter o cuidado de não pular etapas da vida e o que precisa viver em casa processo”.
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Além das atividades regulares, na escola, o aluno faz atividades extras no contraturno do horário das aulas. São atividades voltadas para alunos de alto rendimento, com cerca de dez colegas.
Para alcançar a profissão de engenheiro aeroespacial, João Emanuel faz planos para estudar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Ele, inclusive, já é sócio-mirim da instituição, projeto voltado para crianças que abre inscrições anualmente.
Astronomia para todos
A paixão de João pela Astronomia vai além das descobertas científicas. Em 2022, o menino entrou para um clube de astronomia e pediu um telescópio de presente. Rapidamente veio a ideia de levar o telescópio para as praças da cidade de Vila Velha, na Grande Vitória, onde mora, para poder apresentar a ciência dos planetas para todos.
“Quando a gente deu o telescópio para ele, ele queria levar para rua, para as pessoas observarem a Lua. Montei projeto, compramos um segundo equipamento, mandamos fazer camisa, banner. Chamamos o projeto de ‘Telescópio na Praça’. Ele adora, explica cheio de paciência”, contou Elaine.
João Emanuel com telescópio no Farol Santa Luzia, para apresentar a Astronomia para a população.
Arquivo pessoal
Desde então, mais de 4 mil pessoas foram atendidas, segundo estimativa da família.
Após circular por diversas praças, atualmente, o menino monta os equipamentos uma vez por mês, no Farol Santa Luzia, durante o “Luau na Vila”, evento realizado pela prefeitura.
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