Localização da Usina de Itaipu exigiu diversos estudos e é considerada estratégica


Um estudo preliminar apresentou nada menos que 10 localizações alternativas onde seria possível fazer o aproveitamento do potencial do Rio Paraná, na região de fronteira entre os dois países. A usina de Itaipu, que completa 50 anos em 2024, está localizada numa posição estratégica – e isso se deve a muitos estudos. Até chegar a uma decisão sobre o local ideal para construir a barragem da hidrelétrica brasileiro-paraguaia, conhecida inicialmente nos meios técnicos do governo brasileiro como Usina de Sete Quedas, um relatório preliminar apresentou nada menos que 10 localizações alternativas onde seria possível fazer o aproveitamento do potencial do Rio Paraná, na região de fronteira entre os dois países. O local escolhido para erguer a megausina acabou sendo entre Foz do Iguaçu (PR) e Hernandárias, no Paraguai.
As primeiras pesquisas de campo para a elaboração do projeto binacional foram feitas em pequenas balsas, por técnicos brasileiros e paraguaios. Depois, coube ao Consórcio Ieco-Elc detalhar os estudos preliminares. Do inventário, como narra o jornalista Tão Gomes Pinto no livro “Itaipu – Integração em concreto ou uma pedra no caminho”, surgiram 50 concepções diferentes para o aproveitamento do rio.
As alternativas foram se afunilando até o consórcio concentrar-se em duas delas para a construção da hidrelétrica binacional. Um dos estudos sugeria erguer duas barragens, uma no local onde está hoje Itaipu e outra em Santa Maria, 15 quilômetros abaixo de Sete Quedas. O outro estudo previa construir uma única (e grande) barragem 170 quilômetros abaixo de Sete Quedas, num local onde havia uma ilhota, quase sempre submersa, chamada de “Itaipu”, que, na linguagem tupi-guarani, significa “pedra na qual a água faz barulho”, através da junção dos termos itá (pedra), i (água) e pu (barulho). Ou, mais poeticamente, “pedra que canta”.
O consórcio ítalo-americano apresentou, em outubro de 1972, o seu relatório completo à Comissão Mista Técnica Mista Brasil-Paraguai, que havia sido instalada cinco anos antes. Os especialistas internacionais indicaram que a melhor opção seria mesmo a construção de uma única barragem, 170 quilômetros a jusante de Sete Quedas, no local onde havia a ilhota Itaipu, que acabaria debaixo do concreto. Em 12 janeiro de 1973, essa opção foi aprovada pela Comissão Mista apresentada aos governos dos dois países.
Depois da apresentação do relatório, a Comissão Mista Técnica Brasil-Paraguai determinou que os consultores internacionais elaborassem um estudo completo e detalhado sobre a viabilidade da alternativa escolhida, “com detalhamento e profundidade adequados à obtenção de empréstimos perante os organismos financeiros internacionais”. O relatório final do Consórcio Ieco-Elc foi apresentado em julho de 1974.
A decisão pela alternativa escolhida levou em conta os custos de construção, bem como as condições geológicas e topográficas, entre outros elementos importantes.
Os estudos necessários para a elaboração do relatório preliminar sobre a futura barragem, conta o jornalista Tão Gomes Pinto, custaram na época US$ 16 milhões, quatro vezes mais que o valor inicialmente previsto. Mas “o rigor com que foi feito e suas conclusões justificaram plenamente esse gasto”, afirma o jornalista em seu livro. “Engenheiros que mais tarde trabalharam em Itaipu consultariam e se informariam inúmeras vezes pelo relatório preliminar antes de tomar uma decisão. Ele pode ser considerado uma peça fundamental para a evolução do projeto”, conclui.
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