Proibição de celulares nas escolas: “Teremos que educar os pais”, diz professora

A especialista em educação Cláudia Costin, em entrevista à CNN Brasil, abordou os desafios e soluções relacionados à implementação do projeto de lei que proíbe o uso de celulares nas escolas brasileiras.

O PL foi aprovado pela Assembleia Legislativa de SP (Alesp), na terça-feira (13), com votos de parlamentares tanto de parlamentares da base quanto da oposição.

Costin enfatizou a importância de educar não apenas os alunos, mas também os pais, sobre essa nova medida. Segundo a especialista, será necessário orientar os pais para que não entrem em contato com os filhos durante o período de aulas.

“Muitos professores têm me alertado que os pais ligam no meio da aula para saber se a criança está bem, não é nem nada muito urgente”, relatou Costin, destacando a necessidade de abordar a ansiedade que a falta de contato constante pode gerar nos pais.

Soluções práticas para implementação

Ela ainda apresentou algumas soluções práticas já adotadas em outros países para facilitar a implementação da proibição.

“Em vários países tem se colocado na parede depósitos de celulares que as crianças, na entrada da aula, já colocam [o aparelho]”, explicou. Costin mencionou também o uso de prateleiras para depositar os celulares.

A especialista ressaltou que há um consenso sobre a necessidade de evitar o uso de celulares em sala de aula. No entanto, ela apontou ressalvas. “Há uma exceção para crianças com algum tipo de deficiência, que o aprendizado é mais visual. Alguns graus de autismo demandam ferramentas como iPads ou celulares”, complementou.

Desafios para os professores

Outro ponto abordado foi a preocupação com o respeito aos professores na aplicação dessa medida. Costin reconheceu que os docentes podem enfrentar desafios ao fazer cumprir a proibição, especialmente considerando que essa categoria já enfrenta, por vezes, situações de desrespeito por parte dos alunos.

A implementação bem-sucedida dessa lei exigirá um esforço conjunto de escolas, professores, alunos e pais. A educação e conscientização de todos os envolvidos serão fundamentais para garantir um ambiente de aprendizagem mais focado e produtivo, livre das distrações causadas pelo uso indiscriminado de celulares em sala de aula.

“Decisão de proibir celulares nas escolas é apropriado”

Durante a entrevista à CNN, Cláudia Costin manifestou apoio ao projeto de lei que proíbe o uso de celulares nas escolas. Segundo ela, a decisão é apropriada e fundamentada em pesquisas divulgadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A UNESCO, por exemplo, lançou um relatório no ano passado alertando sobre os efeitos negativos dos smartphones no ambiente escolar.

“As pesquisas já estavam sinalizando esse elemento de distração que o celular está trazendo entre os alunos, o que vem prejudicando muito a aprendizagem nas escolas”, enfatizou a especialista.

Experiência positiva no Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro foi pioneira na implementação da medida no Brasil, proibindo o uso de celulares, exceto para finalidades pedagógicas ou de inclusão. Costin ressaltou que os resultados foram positivos, não apenas em relação ao aprendizado, mas também na socialização das crianças.

Impactos na saúde mental e no sono

Costin também mencionou o livro “Geração Ansiosa”, do psicólogo americano Jonathan Wright, que aborda os problemas causados pelo uso excessivo de celulares. Entre as questões levantadas estão distúrbios do sono e falta de atenção.

“A criança dorme com o celular ao lado e chega na escola exausta porque a noite inteira esteve navegando em redes sociais”, alertou, enfatizando os prejuízos à saúde mental e ao desempenho escolar dos estudantes.

Outras ferramentas pedagógicas

Costin argumentou que é preferível utilizar outras ferramentas tecnológicas em sala de aula, como notebooks e iPads, evitando o uso de celulares.

Segundo a especialista, o celular pode ser um obstáculo para a socialização das crianças, especialmente durante os intervalos e recreios. “Para a socialização, o celular infelizmente é um inimigo, porque a criança precisa da socialização um com outro e brincando junto”, afirmou à CNN.

Impacto na socialização e brincadeiras

Por isso a importância das brincadeiras tradicionais, sugere a especialista. Ela destacou que “brincadeiras de roda, brincadeiras que fazem parte do nosso repertório brasileiro de brincadeiras, são muito importantes para o desenvolvimento social das crianças.”

A especialista também mencionou iniciativas como o grupo de mães “Desconectas”, que incentiva que os pais não deixem o celular ao lado da criança na hora de dormir e estabeleçam horários de acesso ao dispositivo.

Diferenças entre escolas públicas e privadas

Costin fez uma distinção importante entre escolas públicas e privadas no que diz respeito ao uso de celulares. Ela explicou que nas escolas públicas, nem todas as crianças têm celular, o que pode criar desigualdades entre os alunos.

“Na escola pública não é toda criança que tem celular e isso pode virar um elemento que torna crianças diferentes das outras, porque existe um celular em casa, mas ele é usado para os pais trabalharem e não para a criança brincar”, pontuou.

49% dos brasileiros acreditam que educação reduz desigualdades sociais

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