‘A união faz a força’: abelhas-asiáticas usam calor e aglomerado para matar predadora


Técnica foi adaptada contra a vespa-gigante-asiática. Termorregulação é estratégia para várias funções na colmeia. Vídeo mostra abelhas da espécie Apis cerana se defendendo de vespa-gigante-asiática
Imagine ter que enfrentar um predador de quatro a cinco vezes maior do que você, na defesa da sua casa? Essa é a realidade enfrentada pelas abelhas-asiáticas (Apis cerana), uma espécie nativa de países como China, Japão, Índia, entre outros do Oriente.
A vespa-gigante-asiática (Vespa mandarinia) é predadora dessas e está entre as maiores vespas do mundo, com cerca de 5 cm de comprimento. Ao atacar a colônia, o dano seria certo, se não fosse por um motivo: as abelhas literalmente formam uma “bola de abelhas” ao redor da vespa, gerando calor suficiente para matá-la.
“As abelhas fazem essa vibração, como fazem dentro da colônia. Só que, em cima da vespa, e a temperatura fica muito alta. A vespa acaba não conseguindo sair dessa onda de calor e morre” explica a bióloga Yara Roldão.
A apis cerana é uma abelha social com ferrão
rkasi/inaturalist
A bióloga acrescenta que todas as abelhas, não só as Apis cerana, vibram para produzir calor, recurso que utilizaram para a termorregulação do ninho. Elas batem as asas quando querem criar correntes de ar para esfriar e vibram o tórax para aquecer a colônia.
Quando as abelhas estão regulando a temperatura do ninho, fazem isso de uma maneira diferente, esquentando-o até a temperatura que necessitam. No caso dessa defesa, elas esquentam além do comum para fazer com que aquele indivíduo acabe morrendo. “É um comportamento já utilizado dentro da colônia que elas adequam para a sobreviver ao ataque da vespa”, detalha Yara.
A vespa-mandarina, também conhecida como vespa-gigante-asiática, é a maior vespa do mundo
takuyatamura/iNaturalist
Termorregulação
Os insetos são animais que dependem da temperatura ambiente. Porém, os que vivem em colônias, como as abelhas, precisam equilibrar a temperatura do ninho.
Um exemplo disso é a necessidade de manter a área de cria um pouco mais quente do que o restante do ninho por conta da abelhas imaturas, que precisam de uma temperatura mais constante e maior do que o restante da colônia.
Já onde está guardado o néctar e o pólen, a temperatura não pode ser muito quente, com o risco de comprometer esse alimento, então a termorregulação chega mais perto da temperatura ambiente.
Outras parentes
As abelhas do gênero Apis que existem no Brasil são as que foram introduzidas aqui: a Apis mellifera, ou abelha europeia, é a mais usada pelos apicultores na produção do mel para indústria alimentícia. Possui ferrão e a sua picada pode ser fatal.
As defesas das abelhas do gênero apis são bem similares, não sendo exclusivo da abelha asiática
tsenre/inaturalist
Já a Apis mellifera scutellata foi introduzida no Brasil na década de 50 e acabou se espalhando pelo Brasil. Também possui ferrão.
No Brasil, as abelhas nativas não têm ferrão e são de outro gênero. Mas também produzem mel, de alto poder medicinal e sabor.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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