Presidente da Câmara dos EUA quer que investigação sobre procurador-geral indicado por Trump seja mantida em segredo


Matt Gaetz foi alvo de um inquérito que apura alegações de má conduta sexual. Congressista renunciou ao cargo e aguarda Trump assumir o poder para ser indicado à Procuradoria-Geral. Trump indica nome controverso para comandar Justiça e político antivacina para Saúde
O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Mike Johnson, disse nesta sexta-feira (15) que o Congresso não deveria divulgar um relatório que apura alegações de má conduta sexual contra Matt Gaetz. Ele foi indicado pelo presidente eleito Donald Trump para o cargo procurador-geral.
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Os parlamentares de ambos os partidos no Comitê Judiciário do Senado disseram que querem ver o relatório inédito do Comitê de Ética da Câmara sobre Gaetz. O movimento seria parte de um processo para que os senadores avaliem a indicação de Trump à Procuradoria-Geral e outros cargos.
“Vou solicitar veementemente que o comitê de ética não divulgue o relatório, porque não é assim que fazemos as coisas na Câmara”, disse o republicano Mike Johnson.
Gaetz, de 42 anos, nega qualquer irregularidade. Deputado desde 2017, ele renunciou ao cargo na quarta-feira (13). Isso encerrou a investigação contra ele no Comitê de Ética da Câmara.
O ex-congressista enfrentou uma investigação de quase três anos do Departamento de Justiça sobre alegações de tráfico sexual envolvendo uma garota de 17 anos. O gabinete dele disse em 2023 que Gaetz havia sido informado pelos promotores de que não seria acusado.
Mike Johnson disse que planejava pedir ao presidente do Comitê de Ética da Câmara, Michael Guest, que não forneça o relatório de Gaetz ao Comitê Judiciário do Senado.
“As regras da Câmara sempre foram de que um ex-membro está fora da jurisdição do comitê de ética”, disse Johnson, que retornou na manhã de sexta-feira de um encontro com Trump na Flórida.
“Acho que é uma violação terrível do protocolo, da tradição e do espírito da regra”, acrescentou. “Acho que seria um péssimo precedente a ser estabelecido.”
Mike Johnson, inclusive, foi nomeado presidente da Câmara após um movimento iniciado por Gaetz para derrubar o deputado republicano que estava no cargo, em 2023. Isso fez com que o indicado à Procuradoria-Geral ganhasse fama de traidor dentro do partido.
A posição de Johnson marca uma reviravolta em relação à quarta-feira, quando ele disse à impresa que não poderia se envolver na decisão de divulgar ou não o relatório.
Gaetz faz parte de uma série de indicados por Trump nesta semana que não possuem os currículos normalmente vistos em candidatos a cargos administrativos de alto nível.
Para assumir a Procuradoria-Geral, ele precisa ser confirmado pelo Senado — onde os republicanos terão uma maioria de pelo menos 52 das 100 cadeiras. Vários membros do partido têm expressado ceticismo sobre a escolha, o que pode travar a nomeação.
A escolha de Trump
Matt Gaetz é o escolhido de Trump para ser procurador-geral. Nomeação vai depender de aprovação do Senado
Mike Blake/Reuters
O círculo íntimo de Trump acredita que o cargo de procurador-geral seja o mais importante da nova administração, depois da própria presidência.
A Procuradoria-Geral será essencial para que Trump consiga pôr em prática os planos de realizar deportações em massa, perdoar os envolvidos no ataque de 6 de janeiro de 2021 e buscar vingança contra aqueles que o processaram nos últimos quatro anos.
Para o novo mandato, Trump estava buscando alguém em que pudesse confiar. Gaetz é um dos maiores devotos do republicano e poderá ajudá-lo a driblar possíveis problemas judiciais.
Nas eleições deste ano, Gaetz foi eleito para um quinto mandato como deputado pela Flórida. O político é conhecido por ser um negacionista do resultado das eleições de 2020, além de ser da ala extremista do Partido Republicano.
Em julho deste ano, ele apresentou um projeto de lei com o objetivo de limitar penas severas contra investigados nos ataques de 6 de janeiro de 2021.
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