Liga Acadêmica de Medicina discute a espiritualidade nos cuidados paliativos


Evento realizado na Faculdade de Medicina de Uberlândia contou com a participação de estudantes, professores e profissionais da saúde Tema sensível atraiu grande plateia para o Simpósio
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A Faculdade de Medicina de Uberlândia recebeu neste mês de novembro o 1º Simpósio da Liga Acadêmica de Medicina e Espiritualidade Integrada. Com o tema “Qualidade de Morte: A importância da espiritualidade nos cuidados paliativos”, o evento reuniu docentes e estudantes de Medicina, Psicologia e Enfermagem, interessados em entender melhor a relevância da espiritualidade na prática clínica e no suporte a pacientes em fases terminais. O simpósio trouxe três palestras de profissionais especialistas em cuidados paliativos que atuam juntas em uma equipe multidisciplinar no Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro, a psicóloga Letielle Tonon, a enfermeira Adrielle Teixeira e a médica geriatra Dra. Lorene Rodrigues. O evento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da FAMEU e pode ser assistido na íntegra pela internet.
Sensibilidade no atendimento médico
As palestrantes falaram sobre como a espiritualidade pode contribuir para um tratamento humanizado, acolhedor e compassivo, promovendo o bem-estar dos familiares e pacientes nos momentos finais da vida. Um tema delicado e que exige muita sensibilidade na abordagem dos profissionais de saúde. A psicóloga Latielle Tonon (CRP-MG 27422) destacou em sua apresentação como a espiritualidade pode ser um recurso poderoso para enfrentar o sofrimento e como respeitar isso é essencial para que o paciente e sua família se sintam acolhidos e seguros para expressar sua fé e esperança. “Quando falamos em espiritualidade, falamos sobre o respeito que temos pelo outro, pela fé do outro, pela construção do outro. Porque se formos contra isso, rompemos o vínculo, pois é muito difícil ver alguém desconstruindo tudo o que você acredita na sua vida. Por mais que tenhamos o conhecimento técnico e teórico, não somos capazes de invalidar a crença e a esperança do próximo”, afirmou Letielle.
Lorene Rodrigues, Latielle Tonon e Adrielle Teixeira abordaram o cuidado humanizado no fim da vida
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A enfermeira Adrielle Teixeira (COREN-MG 229707-ENF), com quinze anos de experiência, destacou a necessidade de compaixão da equipe multidisciplinar de saúde frente à vulnerabilidade de um indivíduo em cuidados paliativos. Ela palestrou sobre como é essencial que o profissional tenha sabedoria para compreender o que o paciente precisa, não apenas nas questões físicas, mas também no âmbito sagrado e metafísico. “Compaixão é compreender e agir da melhor forma possível a partir do sofrimento do outro”, pontuou. Por fim, a Dra. Lorene Rodrigues(CRM 59303-MG) ressaltou o valor de conhecer e respeitar a religiosidade alheia para contribuir para a qualidade de vida de quem está em cuidados paliativos. A geriatra destacou a diversidade de crenças e a necessidade de compreender a manifestação de fé do paciente para agir de forma adequada e respeitosa em momentos sensíveis, como o final da vida. “Devemos respeitar e validar a crença e o valor do outro, sem que haja, de forma alguma, proselitismo religioso”, concluiu.
Reflexão para futuros médicos
O simpósio atraiu um grande público, superando as expectativas da organização. Para Maria Eduarda Marques, estudante de Medicina, o evento trouxe reflexões profundas sobre o papel do futuro profissional de saúde. “Foi um momento muito enriquecedor, principalmente para nós que seremos profissionais da saúde, pois foram abordados temas essenciais para um cuidado humanizado. Eu acredito que a saúde excede o plano físico e permeia também os âmbitos sociais, culturais e espirituais. Discutir sobre a espiritualidade e abordar isso desde a graduação é fundamental para que possamos compreender, respeitar e proporcionar um cuidado integrativo para o paciente”, disse Maria Eduarda.
Liga Acadêmica organizou o Simpósio
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A presidente da Liga Acadêmica de Medicina e Espiritualidade Integrada, Mariana Souto, compartilhou sua gratidão e alegria pelo sucesso do 1º Simpósio. Segundo ela, “a LAMEI é a união de vários propósitos, fragmentos de histórias e sonhos de todos que, de forma direta ou indireta, contribuem para seu crescimento. O objetivo do Simpósio foi criar um vínculo forte e afetuoso entre a Liga, participantes e palestrantes. Falar sobre o que é sentido e faz sentido vai muito além de uma formação acadêmica; é sobre empatia, compaixão e oferta. A espiritualidade transcende os planos e deve estar presente em todos os momentos, sobretudo naqueles em que o paciente e seus familiares precisam de acolhimento, respeito e conexão pela circunstância vivida, não só nos cuidados paliativos, mas especialmente neles.”
Compromisso com a formação acolhedora
Para a FAMEU, ações como este Simpósio, manifestam o compromisso com que os alunos lidam com sua formação. As Ligas temáticas são a busca dos próprios alunos por mais conhecimento. “É muito gratificante vermos a comunidade acadêmica interessada em temas tão delicados e maduros como este. Hoje temos 34 projetos de extensão, parcerias com instituições sociais para estágios, trabalhos de pesquisa e as ações das Ligas que enriquecem a formação oferecida pela Faculdade. É um compromisso não só da instituição, mas também de nossos alunos com o impacto social que podemos provocar com a busca do conhecimento”, disse Hassan Srour, coordenador da Faculdade de Medicina de Uberlândia e orientador da Liga Acadêmica de Medicina e Espiritualidade Integrada.
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