Faixa de Gaza se tornou inabitável, diz vice de agência da ONU

O desastre humanitário na Faixa de Gaza está sendo aprofundado por um colapso total da lei e da ordem e a guerra travada por Israel está tornando o território inabitável, disse nesta sexta-feira (22) uma autoridade de alto escalão da principal agência de auxílio da ONU no local, a UNRWA.

Natalie Boucly, vice-comissária geral da UNRWA para programas e parcerias, afirmou que “basicamente, toda a população de Gaza está precisando desesperadamente de assistência em meio a uma fome iminente”.

O Parlamento de Israel aprovou uma lei no mês passado que deve entrar em vigor no final de janeiro que proibirá a agência de operar no país. O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, advertiu que sua implementação “terá consequências catastróficas”.

Falando em uma conferência no Chipre, Boucly destacou que o número de caminhões de auxílio que entram diariamente no território palestino caiu de s 500  para 37, comparando com o período pré-guerra e que esses suprimentos agora correm o risco de serem saqueados por gangues criminosas.

Quase 100 caminhões transportando alimentos para os palestinos foram saqueados em 16 de novembro após entrarem em Gaza, em uma das piores perdas de auxílio humanitário durante 13 meses de guerra no território.

“Gaza se tornou inabitável”, pontuou Boucly, chamando a situação de um fracasso da humanidade.

“É preciso haver responsabilização por todas as graves violações de direito internacional que estão ocorrendo. A emissão dos mandados de prisão do TPI ontem (quinta-feira) contra três indivíduos é o início dessa responsabilização”, adicionou.

Na quinta-feira (21), o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant e o líder militar do Hamas, Ibrahim Al-Masri, conhecido como Mohammed Deif, por crimes de guerra e contra a humanidade.

Entenda o conflito na Faixa de Gaza

Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.

O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.

Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.

A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.

Após cerca de um ano do conflito, a população israelense saiu às ruas em protestos contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados. 

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