Quase 600 mil venezuelanos imigraram para o Brasil em 8 anos

Em Boa Vista, de 2016 até junho de 2024, 9% de todos os atendimentos em unidades públicas de saúde foram para pacientes venezuelanos. Quase 600 mil venezuelanos vivem no Brasil, muitos voltaram clandestinamente para votar
Quase 600 mil venezuelanos imigraram para o Brasil em apenas oito anos. Milhares deles foram às ruas na região de fronteira à espera do resultado da eleição.
O governo venezuelano reabriu a fronteira com o Brasil depois de dois dias fechada. Ninguém podia passar. Guerson Diaz vive em Pacaraima, norte de Roraima. E, para votar, regressou a Venezuela por uma rota clandestina.
“A ordem do nosso presidente foi de que ninguém passasse. Porque são muitos votos contra ele”, diz o tatuador Guerson Diaz.
A fronteira foi reaberta na manhã desta segunda-feira (29), após o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro.
Notícia que não foi bem recebida por milhares de venezuelanos no Brasil. Antes de terminar a votação, na noite de domingo (28), ruas do centro Boa Vista, capital de Roraima, foram tomadas por muitos migrantes.
“Todo venezuelano está esperando o governo sair para melhorar. Eu acredito que todo mundo queira voltar para nosso país”, afirma Estefânia Alcala, autônoma.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, há cerca de 586 mil venezuelanos vivendo no Brasil. Um deles é a assistente administrativa Rut Elisa Escobar.
“Viemos caminhando até Boa Vista, foram três dias caminhando. Eu morei na rua em torno de três a quatro meses”, conta.
Durante o dia, muitos migrantes venezuelanos ocupam as ruas de Boa Vista como trabalhadores informais. Com a chegada da noite, a realidade muda um pouco. A procura não é mais por trabalho, dinheiro ou oportunidade, e sim por um espaço coberto.
De 2016 até junho de 2024, 9% de todos os atendimentos em unidades públicas de saúde foram para pacientes venezuelanos. 14 mil bebês brasileiros, filhos de pais venezuelanos, nasceram em Roraima em oito anos; 35 mil crianças venezuelanas estudam na rede estadual de educação básica.
O empresário Roel Carrera não pensa em retornar para lá. Hoje, ele emprega dez trabalhadores em duas barbearias.
“Nós conseguimos empregar outros venezuelanos, mas também brasileiros. Ser empreendedor no Brasil ou em qualquer parte do mundo é um desafio, mas sempre tem soluções, sempre tem um jeito de resolver e ajudar ao mesmo tempo outras pessoas”.
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