‘Não sabia como reagir’, diz vítima de professor de jiu-jitsu preso em SC por estupro de vulnerável


Treinador tinha uma mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do Amazonas. Ele foi detido durante um evento esportivo em Balneário Camboriú. Alcenor Alves, de 56 anos, mestre de jiu-jitsu
Reprodução
Uma das vítimas do professor de jiu-jitsu Alcenor Alves Soeiro, 57 anos, preso suspeito de estupro de vulnerável e exploração sexual, contou em entrevista à Rede Amazônica que não sabia como reagir aos abusos. O homem foi detido, no último sábado (23), em Santa Catarina, enquanto participava de uma competição como treinador de crianças e adolescentes.
Contra ele, havia um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do Amazonas. Segundo a Polícia Civil, ele é suspeito de abusar sexualmente de atletas há pelo menos 15 anos.
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As denúncias surgiram depois que três lutadores, entre eles, Matheus Gabriel, de 28 anos, procuraram a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), em Manaus.
O atleta, que atualmente mora e treina nos Estados Unidos, contou que o primeiro abuso aconteceu quando ele tinha 11 anos de idade. Ele lembra que acordou com o zíper da calça aberto.
“Isso aí aconteceu e depois foi ficando pior, entendeu?! Depois ele foi me tocando, eu acordando, tipo, criança na época, fiquei em choque. Meu Deus, eu não sabia como reagir. É isso que acontecia”, contou.
Matheus, que já foi campeão sul-americano, panamericano e mundial, contou ainda que, na época, eles viajavam com frequência para participar de competições em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
De acordo a polícia, depois de conquistar a confiança da vítima e da família, o treinador de jiu-jitsu levava os atletas para ficarem na casa dele. Ainda durante as investigações, a polícia identificou que a maioria dos abusos aconteciam à noite, enquanto os meninos estavam dormindo.
“Eu estava dormindo e quando eu acordei já estava sem bermuda. Só não tinha coragem de chegar pra ninguém falar, tipo que eu preferi guardar isso pra mim mesmo”, relatou outra vítima de Alcenor em entrevista à Rede Amazônica.
O garoto de 15 anos lembra que começou a treinar aos 6 anos e, aos 9, passou a morar com o treinador. Eles dividiram a mesma residência até agosto deste ano.
“O perfil dessas vítimas todas, todas de baixa renda, todas com situação algumas de baixa renda. Algumas, além de baixa renda, com situação de vulnerabilidade econômica e social, e que só tem o esporte ali como saída para uma vida de sucesso ou para uma vida exitosa”, explicou a delegada Juliana Tuma, titular da Depca.
O delegado-geral adjunto da PC-AM, Guilherme Torres, aproveitou a oportunidade para alertar os pais sobre a importância de fazer denúncias nesses casos. Ele também ressaltou a necessidade de estar atento aos sinais dados pelos filhos, já que esse tipo de crime causa traumas para a vida inteira.
“A maioria dessas vítimas elas fazem tratamento até hoje e a gente entende a vergonha, a dor. Então, é muito importante que se faça a denúncia”, disse.
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