
A defesa dos pais do bebê que morreu afogado com o leite da mamadeira em uma creche que funcionava sem alvará, em Curitiba, afirma que os responsáveis pelo local devem responder por homicídio com dolo eventual.
A afirmação foi feita na tarde desta terça-feira (20), durante uma coletiva de imprensa com a participação dos pais da vítima. O advogado Igor Ogar alega que os donos da suposta creche assumiram o risco ao cuidar do recém-nascido no estabelecimento que não tinha autorização de funcionamento.
O advogado afirma ainda que a Justiça deve ser feita em relação aos donos da creche, já que foram encontradas diversas irregularidades no local.
O advogado do casal dono da creche, Junior Ribeiro, afirmou por meio de nota que o casal lamenta a morte do bebê, e que Maria Eliza atua como cuidadora de crianças há mais de uma década, sempre no mesmo endereço, e jamais houve qualquer tipo de incidente, reclamação ou apontamento negativo por parte dos pais ou responsáveis.
Afirma também que, há cerca de dois anos, o local recebeu uma visita do Conselho Tutelar e, após vistoria, não foi identificado qualquer indício de abuso ou negligência. De igual forma, a Vigilância Sanitária realizou visita orientativa, recomendando apenas a busca por regularização formal, sem determinar o encerramento das atividades.
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De acordo com a polícia, o casal deve responder por homicídio culposo. Após a prisão a mulher de 43 anos pagou fiança e o homem de 37 anos foi encaminhado à penitenciária. Ambos devem passar por audiência de custódia nesta terça-feira.
A creche funcionava há 10 anos e segundo a polícia o casal era bem-querido pelos moradores. O delegado Fabiano Oliveira disse que 20 crianças estavam no local, mas que o casal cuidava de cerca de 8 crianças diariamente. A creche estava cheia devido a um fechamento de outras duas creches na comunidade.
A mãe do bebê que havia completado quatro meses no último dia 13, também falou com a imprensa nesta terça-feira. Isabela Cunha Cordeiro afirma que o pequeno Gael foi deixado sob os cuidados do casal há uma semana porque precisava trabalhar e não conseguiu uma vaga em uma creche pública.
Em nota, a prefeitura de Curitiba lamentou a morte do bebê. A comunicação afirmou que apesar de a mãe ter feito o cadastro da criança para a fila da creche em março, o bebê só passou a concorrer efetivamente a uma vaga na Rede Pública Municipal na semana passada, quando completou quatro meses.
A prefeitura esclareceu que as crianças são chamadas periodicamente ao longo do ano, seguindo critérios de prioridade.
Reportagem: Marlon Santiago