‘Fantasma do Pantanal’: registro raríssimo de veado campeiro albino feito por biólogo de Bauru é finalista de concurso internacional de fotografia


Bruno Sartori capturou a passagem do animal pela região pantaneira de Mato Grosso do Sul. Registro foi selecionado para concorrer na categoria “imagem destacada”, do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024, ao lado de outros 29 registros feitos por profissionais ao redor do mundo. Registro de veado campeiro albino ganhou o título de “O Fantasma do Pantanal”
Divulgação
O registro de um veado campeiro albino passeando pelo Pantanal, um dos berços da biodiversidade do planeta, é uma das imagens finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024 do Festival de Fotografia Documental.
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Feito pelo biólogo e guia de safári, Bruno Sartori, natural de Bauru (SP), a fotografia concorre na categoria “imagem destacada”, ao lado de outros 29 registros feitos por profissionais ao redor do mundo.
Biólogo faz registro raríssimo de veado campeiro albino no Pantanal
Com inscrições encerradas no dia 16 de junho, o concurso recebeu um total de 2.465 inscrições, de fotógrafos de 23 estados do Brasil e do Distrito Federal, além de outros nove países: Argentina, Austrália, China, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Moçambique e Portugal.
Segundo a organização, foram selecionados e publicados 1.006 trabalhos, sendo 511 “imagens destacadas”, 341 “ensaios” e 154 “portfólios”, sendo que a fotografia documental perpassa todos os gêneros: cena de rua, paisagem, retrato, natureza, vida selvagem e fotojornalismo.
No caso do veado campeiro albino, o registro ganhou a alcunha de “O Fantasma do Pantanal”. Isso se deve à raridade para encontrá-lo na natureza.
“É um registro que pode ser considerado um em 1 milhão, que é perto da chance de um indivíduo albino nascer na natureza”, conta o biólogo.
Biólogo registrou passagem de veado campeiro albino no Pantanal
Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Por ter nascido com uma mudança genética, o animal não produz melanina, que é o pigmento do corpo que dá a cor à pelagem. A alteração não permite que o veado se camufle e pode dificultar sua sobrevivência.
“Ainda me lembro da primeira vez que avistei essa entidade da natureza, um veado-campeiro albino. Um em um milhão, o fantasma que habita os campos do pantanal, se destacando em meio à imensidão”, diz o biólogo na publicação selecionada pelo concurso.
Mãe e filho veados-campeiros foram vistos se acariciando no Pantanal
Giovanna Leite/Instagram/Reprodução
Biólogo por formação, Bruno vem se arriscando como fotógrafo e conseguiu capturar a passagem do animal no dia 3 de abril deste ano. Segundo ele, mesmo em êxtase pelo encontro, naquele momento, não pensou duas vezes.
“Meu coração quase parou quando olhei no campo aberto e vi um pontinho branco caminhando. Parei o carro e fui caminhando para tentar me aproximar sem assustar os animais. Detalhe, a emoção foi tanta que eu esqueci a câmera e tive que voltar para buscar”, revela.
“Depois deste encontro eu fiquei com um sentimento de êxtase que chega a ser difícil de explicar. Para nós que trabalhamos com natureza, cada dia é uma surpresa e, com certeza, este é daqueles encontros que vão ficar marcados para o resto da minha vida”, conta.
Bauruense se emocionou ao registrar veado campeiro albino no Pantanal
Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Na competição, o registro do “Fantasma do Pantanal” será julgado por um júri composto por cinco membros, que vai se reunir presencialmente em São Paulo (SP) para escolher os 10 ganhadores da categoria.
Dentre os concorrentes, há um retrato feito no deserto do Saara marroquino, em uma comunidade de nômades muçulmanos, uma imagem com o título “Dança de Meninas”, que capturou um momento de festividades e celebrações no interior do Gabão, além de uma fotografia brasileira intitulada “Amanhecer ribeirinho”. (Confira os registros aqui).
“Estou muito feliz. Tinha como meta investir mais na fotografia, como parte da carreira. Estou empolgado com a ideia de ser um dos ganhadores. Tem fotos surreais, que contam grandes histórias. O que resta agora é estar na torcida”, pontua Bruno.
30 registros concorrem na categoria “Imagem Destacada” no FotoDoc – Festival de Fotografia Documental
FotoDoc – Festival de Fotografia Documental/Divulgação
Os vencedores terão direito a expor os trabalhos, como uma das principais atrações do Festival FotoDoc, que ocorrerá entre os dias 26 e 30 de novembro na Panamericana Escola de Arte e Design, em São Paulo.
Entre o fascínio pela raridade do encontro e o alerta pela sobrevivência da espécie, Bruno comemora a passagem do animal e espera que o registro sirva de exemplo para demonstrar a importância da preservação da riqueza ecológica da região pantaneira de Mato Grosso do Sul.
“Gosto de falar que as pessoas só protegem o que conhecem. É muito difícil de explicar a importância de uma espécie de animal ou de planta para alguém que nunca teve contato, mas, uma vez que você fica imerso nesse ambiente, fica mais fácil. De pessoa em pessoa, consigo plantar uma semente da conservação.”
Imagens mostram chifres em veado campeiro albino e interação com a mãe no Pantanal
Aventura e paixão
Em 2021, Bruno decidiu sair do interior de SP para vivenciar na pele a vida no bioma que carrega o título de “Reserva da Biosfera” e foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, nos anos de 2000.
Bruno se mudou de Bauru para o Mato Grosso do Sul, onde atua como guia turístico e aproveita para fazer registros fotográficos
Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Ao todo, o Pantanal possui 624.320 km², uma área maior que a Espanha, país com 505.990 km² de extensão. Desse total, cerca de 62% do seu território fica no Brasil, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo a maior planície inundável do mundo.
Pantanal possui a maior planície inundável do mundo
Sesc Pantanal
Hoje, aos 30 anos, o biólogo trabalha como guia de safári em uma ONG focada na conservação de diversas espécies e resolveu registrar cada momento dessa jornada.
“Ter feito biologia facilita muito o trabalho, para entender as dinâmicas das interações que acontecem ao nosso redor. Já a fotografia meio que vem no pacote, chegou num ponto que era impossível não mergulhar neste mundo e não registrar os momentos que eu vivencio no dia a dia”, confessa.
Fotógrafo por paixão, bauruense faz registro impressionante de fauna do Pantanal
Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:
🌱3,5 mil espécies de plantas
🐟325 de peixes
🐸53 espécies de anfíbios
🐊98 de répteis
🦜656 de aves
🐆159 tipos de mamíferos
Entre os registros que Bruno guarda com carinho, estão, além do encontro com o veado campeiro albino, o dia que viu duas onças, mãe e filha, lado a lado. “Elas se sentaram ao lado do carro e ficaram observando o que estava acontecendo”, relembra.
Biólogo registra passeio de onças pelo Pantanal
Além da variedade de animais capturados pelas suas lentes, como onça pintada, garça moura, arara azul, tamanduá-bandeira e jacaré-do-pantanal, Bruno acumula boas histórias e espera que os registros continuem representando a magnitude da vida que há no local.
“Tirando a África, o pantanal é provavelmente um dos melhores lugares do mundo para se ver a vida selvagem em vida livre. É uma região maravilhosa, que prende as pessoas. Tenho muitas aventuras pra ir atrás, animais que quero fotografar e lugares pra visitar. Essa é a magia de trabalhar com natureza, o mundo é uma grande possibilidade.”
Biólogo e guia de safári registra vida no Pantanal
Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
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