“Ser humano violento”, diz juiz sobre petista morto por bolsonarista no PR

O juiz Benjamim Acácio de Moura e Costa, do Tribunal de Justiça do Paraná, defendeu a liberdade e o trancamento do caso do bolsonarista que matou o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda, em julho de 2022.

O policial penal Jorge Guaranho entrou na festa de 50 anos de Marcelo e atirou várias vezes contra a vítima, que também estava armado e reagiu com mais disparos. Em audiência realizada em setembro deste ano, o desembargador afirma que Jorge atuou em legítima defesa e que não deveria ter sido feito uma denúncia.

“Não afasto, em hipótese alguma, a legítima defesa desse caso. Neste caso, não há elemento consistente para denúncia, em hipótese alguma”, defende.

Na ocasião, Jorge estava no local, mas saiu com a família com seu carro. Ao retornar, apontou a arma para o petista, que fez o mesmo, e em seguida os disparos começam. Segundo o juiz Benjamim, “o certo seria ele sair do carro e já soltar tiro de tudo quanto é jeito nele“.

Ele afirma que Marcelo Arruda era uma pessoa arrojada e um “ser humano violento“. “Para mim, é o típico caso de trancamento penal. Porque é matar ou morrer, é sempre legítima defesa”.


Juiz Benjamim Costa, durante voto em audiência em setembro de 2024. • Reprodução/Redes sociais

A audiência tratava um pedido de habeas corpus da defesa de Jorge Guaranho, representado pelo advogado Samir Mattar Assad. O réu estava preso no Complexo Médico Penal de Curitiba até então.

Benjamim Costa foi voto vencido e foi determinada à prisão domiciliar ao réu. Em seu voto, ele também afirma: “Eu, com toda humildade, vou usar a divergência, e é uma questão humanitária darmos a liberdade para ele. Voto em conceder o habeas corpus e trancaria a ação penal“.

A defesa de Jorge já havia levantado as questões de saúde do réu, que estavam piorando na prisão. O desembargador concordou com a defesa: “O sobrevivente… parece que é um boca mole, já não tem mais controle da face. Teve a redução da virilidade dele como homem, virou um minguado”.

Ao fim de seu voto, o juiz ainda afirma que Jorge Guaranho estava repelindo uma injusta agressão, segundo sua interpretação.

A viúva de Marcelo Arruda, Pamela Silva, entrou com uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o desembargador Benjamim ser sancionado por atacar “desarrazoadamente da honra da vítima e de seus familiares”, ultrapassando os limites da liberdade de expressão.

A reclamação foi enviada ao CNJ no final de outubro. No mesmo mês, o órgão acatou o pedido e determinou que a Corregedoria do Tribunal de Justiça paranaense apure amplamente os fatos. 

A CNN procurou o Tribunal de Justiça do Paraná e aguarda retorno.

Relembre o caso

Em 9 de julho de 2022, Jorge Guaranho invadiu a comemoração de Marcelo Arruda ao saber que o tema da festa era o Partido dos Trabalhadores.

Guaranho atirou várias vezes contra Marcelo, que também estava armado e reagiu com mais disparos. Em seguida, Guaranho foi agredido por diversas pessoas no local.

Após a troca de tiros entre os dois, Marcelo ficou gravemente ferido e precisou ser socorrido. No dia seguinte, em 10 de julho, ele não resistiu e veio a óbito.

O acusado foi preso e permanece atualmente como réu pelo homicídio. Ele também foi demitido do cargo que atuava antes do crime como agente federal no presídio de Catanduvas, na região de Cascavel, no Paraná.

Este conteúdo foi originalmente publicado em “Ser humano violento”, diz juiz sobre petista morto por bolsonarista no PR no site CNN Brasil.

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