Adolescente passa por 1ª cirurgia de escoliose com robôs da América Latina no HC de Ribeirão Preto, SP


Dispositivo permite mais precisão na colocação de implantes na coluna, segundo médicos. Maiara Carvalho descobriu condição aos 10 anos. HC de Ribeirão usa pela primeira vez na América Latina robô para cirurgia de escoliose
Algumas dores e, principalmente, desconforto estético eram as reclamações de Maiara Carvalho, de 12 anos, quando a estudante lembra da vida antes da cirurgia de correção de escoliose.
A adolescente foi a primeira paciente a passar pelo procedimento realizado com robôs na América Latina. A cirurgia foi feita no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP).
“Para mim, foi uma experiência incrível, porque eu não imaginava que ia ser a primeira paciente a passar por uma cirurgia robótica na América Latina”, conta.
Com os robôs, o chefe de ortopedia do HC de Ribeirão Preto, Helton Defino, conta que a precisão da colocação dos implantes é muito maior, o que gera um melhor resultado no geral.
HC de Ribeirão Preto, SP, realiza primeira cirurgia de escoliose com robôs da América Latina
Arquivo Pessoal
Inédita na América Latina
Defino explica que o grande avanço tecnológico na atuação dos robôs na cirurgia é a precisão da colocação dos implantes. Além disso, eles não emitem radiação.
“O robô auxilia muito na colocação do implante, ele tem que ser preciso. Se você não coloca de uma maneira precisa, vai lesar estruturas vizinhas que são importantes. Então, o robô permite que você realize esse procedimento com muita segurança e precisão, sem a utilização de radiação”, explica.
Mais uma vantagem é que o tempo de recuperação do paciente é menor.
“Graças aos novos implantes, assim que a dor permite, o paciente levanta e pode fazer todas as atividades. Então isso facilitou muito o tratamento pós-operatório e a recuperação”.
O médico ainda aponta apara a importância do procedimento ser oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Acredito que isso deveria ser a regra, você oferecer tratamento de boa qualidade à população e não a exceção”.
Cirurgia de escoliose inédita na América Latina utiliza robô para maior precisão na colocação de implantes no HC de Ribeirão Preto, SP
Aurélio Sal/EPTV
Descoberta da escoliose
Maiara e a mãe, Cintia Carvalho, descobriram a condição quando, aos 10 anos, a cabeleireira que cortava os cabelos da menina notou que um ombro estava mais para baixo do que o outro e comentou.
“De início, eu não me importei, achei que era normal. Quando cheguei em casa, pedi para ela tirar a roupa e, na hora que ela tirou, fui ver que tinha algo errado com a Maiara”, relembra Cintia.
Jovem de 12 anos passa por cirurgia robótica de escoliose no HC de Ribeirão Preto, inédita na América Latina
Arquivo Pessoal
Alguns dias depois, mãe e filha foram até um médico ortopedista em Buri (SP), cidade em que moravam.
Cintia conta que, ao receber os resultados de um raio-x, o médico pediu desculpas por não poder ajudar no caso de Maiara, por não ser especialista em escoliose, e ela foi encaminhada para um outro profissional em Itu (SP).
“Quando a gente pegou o resultado do raio-x e viu aquela curvatura na vértebra da Maiara, foi um susto muito grande”.
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP, realiza primeira cirurgia de escoliose com robôs da América Latina
Arquivo Pessoal
Maiara disse que se apegou à fé em Deus ao descobrir que tinha escoliose.
“Foi muito complicado quando descobri que tinha escoliose, não sabia nem o que era. Eu me apeguei muito a Deus, mais do que eu já precisava”.
Outra preocupação que a família passou foi quando o novo médico informou que o caso de Maiara era cirúrgico e ela seria encaminhada para o Hospital das Clínicas de Ribeirão.
“No momento mais difícil, ela segurou a nossa mão. Mesmo vendo a gente chorando, ela falava ‘mãe, tenha fé, acredite que vai dar tudo certo. Se Deus deu essa cruz para eu carregar, tem propósito’ e a gente se agarrou muito nessa fé”, relembra Cintia.
Para Maiara, da descoberta da necessidade de cirurgia até o procedimento, foi uma mistura de emoções.
“Na minha cabeça, passou um pouquinho de preocupação, que fica mesmo como qualquer outro ser humano, mas também eu me senti muito feliz porque sabia que o meu caso era cirúrgico e eu queria muito fazer essa cirurgia”
A vontade de Maiara era, principalmente, porque a escoliose afetava diretamente na autoestima da menina.
“Era bastante complicado, pois cada dia que passava, mais a curvatura da minha coluna evoluía e por muitas vezes vivenciei comentários de pessoas me chamando de torta, falando que eu não me cuidava e isso me deixava bastante chateada”.
Procedimento e recuperação
Com Maiara, Cintia entrou pela primeira vez em um centro cirúrgico e, para ela, estar lá por causa da filha só aumentava a preocupação.
“Meu coração ficou muito apertado, mesmo tendo muita fé, meu coração ficou muito apertado. Mas eu sabia que no final ia dar tudo certo, porque quando Deus promete algo, é fiel para cumprir”.
Ela conta que foram 12 horas na sala de espera até que tivesse notícia dos médicos sobre o estado da filha.
“Então, encontrei a Maiara no corredor do HC. O médico parou a maca para eu olhá-la. Ela estava acordada, como se nada tivesse acontecido. Foi algo muito bom. E quando a vi em pé, praticamente retinha novamente, só agradeci”.
Maiara conta que os primeiros passos pós-cirurgia foram algo marcante. (veja vídeo abaixo)
“Naquele momento, na minha cabeça passou um filme. Porque eu não sabia como ia me levantar, como ia conseguir andar. Me me senti um pouco mais pesada, por conta dos parafusos e das hastes no corpo, mas me senti totalmente feliz, porque não esperava sair andando daquele jeito, para mim ia ser algo mais complicado”.
Paciente dá primeiros passos após cirurgia de escoliose com robôs no HC de Ribeirão Preto
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