Dor nas costas leva a exame médico e cirurgia que salvam a vida de Otaviano Costa

Em entrevista ao Fantástico ele conta sobre cirurgia no coração que levou mais de oito horas e faz alerta. Salvo por um ecocardiograma
O apresentador Otaviano Costa voltou esta semana para casa depois de uma cirurgia de coração para tratar um aneurisma da aorta que ele descobriu no início do mês passado por acaso.
A volta pra casa é um reencontro com a vida que pareceu ficar em suspenso no último mês.
Otaviano Costa e Flávia Alessandra receberam o Fantástico na sexta-feira, assim que chegaram de São Paulo, onde ele ficou internado por 15 dias. Dias que agora, marcam o início do resto da vida dele, deles.
Repórter: Como tá sendo voltar pra casa, pisar em casa de novo, depois disso tudo?
“A primeira coisa que eu fiz foi… as meninas que trabalham aqui em casa colocaram uns balõezinhos lindos…Aí eu fui perto do meu piano ali e voltei… foi muito emocionante. E abracei as meninas todas, foi aquela farra. misto de emoção, reencontro, do sonho ou pesadelo que acabou”, diz Otaviano.
“Acompanhei ele esses dias todos , então, vi cada pedacinho de evolução, cada dia… e vai ser muita coisa junto porque a gente acabou de chegar em casa”, diz Flavia Alessandra
Durante uma viagem, Otaviano conta que sentiu uma dor.
“Fiz uma viagem para Buenos Aires com a família para curtir Corpus Christi e uma dorzinha pequena começou a surgir aqui na minha costela. Voltei para o Rio.”
Por conta dessa dor, ele procurou um médico. Fez um ecocardiograma e descobriu, por acaso, um problema grave que nada tinha a ver com a tal dor. Um aneurisma da artéria aorta, já num estágio avançado.
“O coração, na verdade, é uma bomba de músculo que bombeia sangue para o corpo inteiro. E na saída tem a aorta, que é um tubo, um cano, que leva sangue para o corpo inteiro, da cabeça aos pés. A aorta tem sua medida e pode dilatar. Dependendo do grau de dilatação, se forma o aneurisma, que é uma dilatação um pouco maior da aorta”, diz o médico cardiologista Roberto Kalil Filho.
Repórter: Essa dilatação, ela se dá por quê?
Kalil: É um enfraquecimento da parede do vaso. É uma tendência que a pessoa tem.
Repórter: Pode levar à morte?
Kalil: Pode. É uma doença silenciosa, primeiro, se você não faz diagnóstico. Então, quando você vai tendo um aneurisma de aorta e vai dilatando, dilatando, o que pode acontecer? Ele pode romper. Se você rompe aquilo ali, a pessoa muitas vezes morre na hora. É uma chamada morte súbita, morre.
A válvula aórtica é uma estrutura que se abre com cada batimento cardíaco para permitir a passagem de sangue do coração para o corpo. Uma válvula aórtica normal tem três válvulas, chamada tricúspide, como se fossem três “portinhas” por onde o sangue passa e elas fecham, impedindo que o sangue retorne pro coração. O Otaviano nasceu só com 2 válvulas, no caso, bicúspide, duas portinhas, e já vinha monitorando essa má-formação, que pode ser um fator de risco.
“Em 2007, eu detectei algo que havia nascido comigo. A gente foi detectando qual a evolução dessa aorta. 2 anos, um ano e meio, fazia e tava tudo muito calmo. Só que aí 2 anos eu passei deixando, eu passei me negligenciando, passei 2 anos sem fazer o meu check up”, lembra Otaviano.
Tempo suficiente para a situação se agravar.
“Quem tem esse tipo de válvula, essa deficiência desde o nascimento são pessoas que têm uma incidência maior e uma chance maior de ter essas dilatações”, diz Kalil
O indicado, no caso do Otaviano, era a cirurgia.
“Você troca a válvula, implanta a válvula e o tubo na aorta. Tem o chamado de tubos valvulados, que são tubos de material mesmo, similar a plástico.E eles trocam a válvula junto, a válvula ligada no tubo.”, diz Kalil.
A notícia de que Otaviano tinha que operar chegou na véspera do aniversário da Flávia.
“Como é que eu conto para a Flávia? Sendo que amanhã, dia 7 de junho, é um aniversário de 50 anos dessa mulher? nossa família inteira aqui, para celebrar a vida dela? Eu falei: não vou contar. Não posso contar”, lembra Otaviano.
“Não, não ia ter festa. Não ia ter festa”, diz Flavia.
“Pois é, não ia ter festa”, diz Otaviano.
No dia seguinte ele contou.
“Eu virei para ela e falei assim, lembra daquele exame? Aí resolvemos olhar para o futuro”, embra Otaviano.
Otaviano foi operado no dia 10 de julho.
Foram quase oito horas de cirurgia. Enquanto os médicos faziam as correções cirúrgicas necessárias do aneurisma da aorta e troca da valva aótica, a circulação sanguínea do Otaviano era realizada com a ajuda desse aparelho chamado de máquina de circulação extracorpórea.
Repórter: Qual foi a primeira pessoa que você viu quando você acordou?
Otaviano: A Flávia. A Flávia.
“É um cenário assustador, quando volta. Não é uma cirurgia simples. Foram 8 horas, eram 2 drenos com sangue saindo. Ele teve uma mini complicação, digamos assim, que foi um sangramento que continuou, que era coagulação até regular isso. Acho que foi as piores horas da minha vida.”, diz Flávia.
Depois de muitas emoções e dos primeiros dias mais difíceis, Otaviano já fazia caminhadas pelo hospital….
Só depois, quando ele estava bem e se recuperando no hospital, decidiu fazer o vídeo que postou nas redes socias, na última semana, contando o que tinha acontecido.
“Agora é viver a vida plenamente, sem risco nenhum, acompanhando, continuando a acompanhar…”, diz Otaviano.
“Quando a gente decidiu fazer o vídeo, a gente decidiu fazer para dividir, para compartilhar, para ter esse serviço social. E porque a gente se impressionou de como existem casos como esses”, diz Flavia.
“Eu fiquei muito emocionado, muito emocionado. Um vídeo que impactou milhares, milhares de pessoas. Quantos relatos de gente que viveu, gente que vive isso ou que mesmo não estando enquadrado nessas duas situações, diante do alerta que nós geramos, que eu gerei, fazendo check up e ecocardiogramas.”
O ecocardiograma é um exame oferecido pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Hoje em São Paulo, a maior cidade do país, mais de 3 mil pessoas estão na fila (3.413) e o tempo médio para agendamento é de 43 dias.
“Eu tenho esse privilégio, eu tenho convicção disso, ter os melhores médicos possíveis à minha disposição, mas sem fé, sem gratidão por esse lá em cima, que guia, que nos guia há tantos anos no que está no comando das nossas vidas. Ele mandou essa dorzinha da costela, eu tenho certeza disso, eu tenho absoluta certeza que foi lá de cima esse sinal. Eu tenho certeza. E foi um simples ecocardiograma que eu salvei minha vida”, diz Otaviano.
Repórter: E a dorzinha na costela passou?
Otaviano: Era uma coisa muscular.
Repórter: Bendita dorzinha.
Otaviano: Bendita dorzinha.
Repórter: é uma possibilidade de vida normal?

Otaviano: “Possibilidade de vida absolutamente normal.”
Olhando agora, a tatuagem antiga, no peito, parece uma ironia do destino, ou, um aviso, uma previsão.
“Eu tenho uma tatuagem aqui no meu corpo que copia uma bateria de um coração que depois tem a parada, que pra mim parece uma parada cardíaca, e depois tem a palavra fé”, diz Otaviano.
Agora, Otaviano faz questão de mostrar não só ela, mas também, a recente cicatriz que ele exibe com orgulho.
“Essa aqui é a porta da vida”, diz.
Repórter: Tem algo que vocês falaram assim, ó, depois da cirurgia, então a gente vai fazer tal coisa que a gente adiou até aqui.
“Eu não celebrei a minha festa de 50 anos. Me Arrependi. Agora vou celebrar a de 52, Só que aí eu vou celebrar a de 52, com duas datas, no dia 13 de maio, quando eu nasci, no dia 10 de julho, quando eu sobrevivi. ”
“Outro aniversário você ganhou, a gente falou…”, diz Flavia.
Repórter: Que festão que vai ser, hein?
Otaviano: “É, muito bom.”
“Tá bom, gente, tenho que cuida do coração, antes de dar um show…”, diz Otaviano.
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