Mianmar e Tailândia buscam por sobreviventes do terremoto; o que se sabe

Equipes de resgate continuam procurando por sobreviventes mais de dois dias depois que um forte terremoto de magnitude 7,7 atingiu Mianmar, afetando vizinhos como a China e a capital tailandesa, Bangkok, onde um prédio desmoronou.

Pelo menos 1.700 pessoas foram confirmadas mortas em Mianmar, no pior tremor a atingir o país em mais de um século, declararam as autoridades.

Especialistas temem que o verdadeiro número de mortos possa levar semanas para surgir.

Danos generalizados foram relatados depois que o terremoto provocou o colapso de pontes e prédios, em Bangkok, onde equipes de resgate tentam libertar dezenas de pessoas que se acredita estarem presas sob os escombros de um arranha-céu que estava em construção.

O epicentro foi registrado na região central de Sagaing, em Mianmar, perto da antiga capital real Mandalay, lar de cerca de 1,5 milhão de pessoas, bem como de vários complexos de templos e palácios históricos.

Aqueles no epicentro do terremoto estão na maioria isolados após o colapso de uma ponte importante sobre o rio Irrawaddy do país, segundo autoridades locais.

Enquanto isso, ajuda estrangeira e equipes de resgate internacionais começaram a chegar depois que os militares emitiram um raro apelo por ajuda.

O terremoto de sexta-feira (28) foi o desastre natural mais mortal a atingir do país em mais de cem anos e ocorre enquanto Mianmar se recupera de uma guerra civil que, desde 2021, danificou redes de comunicação, destruiu a infraestrutura de saúde e deixou milhões de pessoas sem comida e abrigo adequados.

Grande número de mortos

Pelo menos 1.700 pessoas morreram e cerca de 3.400 ficaram feridas, segundo o governo militar do país. Quase 300 outras continuam desaparecidas.

As autoridades esperam que esse número aumente. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS na sigla em inglês) estimou que o número final de mortos pode ultrapassar 10.000 pessoas, segundo a modelagem inicial.

Em Bangkok, a centenas de quilômetros do epicentro, pelo menos 17 pessoas foram mortas. Destas, 10 morreram quando um prédio em construção desabou em minutos, deixando dezenas presas sob os escombros. Sete fatalidades foram relatadas em outras partes da capital, informaram as autoridades.

As operações de busca e resgate estão em andamento em na capital tailandesa, para pelo menos 80 pessoas que continuam desaparecidas, enquanto as famílias se reúnem no local do arranha-céu desabado para obter notícias de entes queridos.

Cerca de 9.500 relatos de danos a edifícios foram recebidos em Bangkok, informou o governador da cidade neste domingo (30). Além da torre desabada, houve poucos relatos ou evidências de danos mais graves.

O terremoto foi o mais poderoso a atingir Mianmar em mais de um século, após ter sido atingido por um tremor de magnitude 7,9 em 1912 em Taunggyi, uma cidade também no centro do país;

Os tremores secundários, o maior dos quais foi um tremor de magnitude 6,7 na sexta-feira (28), continuaram durante todo o fim de semana, conforme o USGS.

Devastação generalizada

Testemunhos e imagens de satélite da devastação começaram a surgir conforme testemunhas em Mianmar relembram os momentos em que amigos e entes queridos foram soterrados pelos escombros.

“O choque foi muito forte e muito rápido”, lembrou uma mulher que mora em Mandalay. Parte da parede da casa desabou sobre a avó da mulher que estava sentada perto, enterrando suas pernas em escombros e detritos, ela relatou.

Um ex-advogado da cidade também contou à CNN que três membros da família de sua esposa foram mortos no terremoto. “Até agora, não conseguimos recuperar seus corpos dos escombros”.

O terremoto também destruiu alguns mosteiros da cidade, que estavam ocupadas com fiéis participando das orações de sexta-feira, disse um homem.

Desde que o tremor ocorreu, a comunicação tem sido difícil com as pessoas em Mianmar, incluindo Mandalay — dificultando saber a verdadeira extensão dos danos.

Até este domingo, quase 1.700 casas, 670 monastérios, 60 escolas e três pontes foram relatados como danificados, e há preocupações com a integridade estrutural de grandes represas, disse o OCHA.


Templo destruído em Mianmar após terremoto. • Reprodução/Reuters

Também observou danos a hospitais, grandes pontes, universidades e edifícios históricos e públicos.

Equipes resgataram 36 sobreviventes de prédios que desabaram em toda a região.

Ajuda estrangeira mobilizada

Vários países mobilizaram recursos para auxiliar em operações de resgate e socorro depois que líderes militares, normalmente avessos ao envolvimento estrangeiro, emitiram um raro apelo por ajuda.

Uma equipe da China foi a primeira a chegar à maior cidade de Mianmar, Yangon, no sábado (29), disse a emissora estatal chinesa CCTV, enquanto Pequim prometeu US$ 13,8 milhões em assistência humanitária.

A Rússia foi rápida em seguir o governo chinês ao mobilizar sua própria equipe de especialistas, incluindo equipes de cães, anestesiologistas e psicólogos, disse o Ministério de Emergências do país.

O Reino Unido, Irlanda e Austrália doarão pacotes de ajuda, totalizando mais de US$ 20 milhões em assistência humanitária.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o terremoto como “terrível” e prometeu que os EUA também enviariam assistência. Índia, Cingapura, Malásia e Hong Kong também anunciaram que enviariam ajuda.

A ONU anunciou uma promessa imediata de US$ 5 milhões em ajuda para Mianmar e disse estar mobilizando equipes e apoio para o esforço de socorro.

No entanto, as equipes de resgate enfrentam uma tarefa assustadora depois que a infraestrutura enfraquecida pela guerra civil foi ainda mais danificada pelo terremoto.

Os esforços também devem ser complicados, pois a zona de impacto do terremoto inclui áreas que têm visto combates intensos desde que a junta militar tomou o poder em 2021 e onde administrações concorrentes — o governo militar e os grupos rebeldes — operam separadamente.

 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Mianmar e Tailândia buscam por sobreviventes do terremoto; o que se sabe no site CNN Brasil.

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